Harriet Tubman

FONTE Tradução: Carlos Eugênio Marcondes, de Wikipedia
Harriet Tubman numa fotografia sem data

Harriet Tubman nasceu Araminta “Minty” Ross e seus pais, Harriet (“Rit”) Green e Ben Ross eram escravos. Rit pertencia a Mary Pattison Brodess e, mais tarde a seu filho Ben, enquanto Ben pertencia legalmente ao segundo marido de Mary, Anthony Thompson, proprietário de uma grande fazenda perto do Rio Blackwater, em Cambridge, Maryland.2 Conforme ocorreu como muitos escravos nos Estados Unidos, a data e o local de seu nascimento não foram registrados e os historiadores divergem quanto a esta questão. Kate Larson registro o ano de 1822, baseada em um pagamento feito a uma parteira e em vários outros documentos históricos,3 enquanto Jean Humez afirma que “as evidências à nossa disposição sugerem que Tubman nasceu em 1820, mas isto pode ter ocorrido um ou dois anos mais tarde”.4 Catherine Clinton observa que a própria Tubman declarou que o ano de seu nascimento foi 1825, ao passo que sua certidão de óbito menciona 1815 e em seu túmulo estava gravada a data de 1820.5 Nos registros da Guerra Civil, de pensionista viúva, Tubman declarou ter nascido em 1820, 1822 e 1825, talvez uma indicação de que ela possuía uma noção apenas geral da data de seu nascimento.

Modesty, a avó materna de Tubman, chegou aos Estados Unidos em um navio negreiro proveniente da África. Não se têm informações sobre outros antepassados seus.6 Quando ela era criança, disseram-lhe que ela era de linhagem ashanti (onde hoje é Ghana), embora não existam provas que confirmem ou neguem esta assertiva.7 Sua mãe Rit, que pode ter sido filha de um branco, 8 , foi cozinheira da família Brodess.4 Seu pai era muito capacitado e cuidava das atividades madeireiras da fazenda.7 Eles se casaram por v olta de 1808 e, de acordo com os registros do tribunal, tiveram ao todo nove filhos: Linah, nascida em 1808, Mariah Ritty em 1811, Soph, em 1813, Robert, em 1816, Minty (Harriet) em 1822, Ben em 1823, Rachel em 1825, Henry em 1830 e Moses em 1832.9

Rit lutou para manter a família unida, quando a prática escravagista tentou dispersá-la. Edward Brodess vendeu três de suas filhas (Linah, Mariah Ritty e Soph), separando-as para sempre da família.10 Quando um negociante da Georgia manifestou a Brodess a vontade de comprar o filho mais novo de Rit, Moses, ela o escondeu durante um mês, ajudada por outros escravos e pelos negros livres da comunidade.11 A certa altura ela chegou até mesmo a enfrentar o senhor, devido à venda.12 Finalmente Brodess e “o homem da Georgia” foram até a senzala para apoderar-se do menino e lá Rit lhes disse: “Vocês estão atrás de meu filho, mas o primeiro homem que puser os pés dentro de minha casa, eu racho a cabeça dele.”12 Brodess recuou e desistiu da venda.13 Os biógrafos de Tubman concordam que narrativas deste acontecimento, na história da família, influenciaram a crença dela nas possibilidades da resistência.13 14

Infância

Como a mãe de Tubman era designada para trabalhar na “casa grande” e lhe restava muito pouco tempo para sua família, quando criança Tubman cuidou de um irmão mais novo e de um bebê.15 Aos cinco ou seis anos de idade, ela foi alugada para uma mulher de nome “Miss Susan” como babá. Tubman recebeu ordens de vigiar o nenê, enquanto ele dormia. Quando ele despertava e chorava, Tubman era chicoteada. Ela se referiu a determinado dia, quando foi chicoteada cinco vezes antes do café da manhã. Carregou essas cicatrizes para o resto da vida.16 Ameaçada mais tarde por roubar um torrão de açúcar, ela se escondeu num chiqueiro durante cinco dias e ali lutava com os porcos por migalhas de comida. Morrendo de fome, voltou para a casa de Miss Susan e foi duramente punida.17 Mais tarde, para se proteger de tamanhos abusos, vestiu camadas de roupa, mas gritava como se estivesse menos protegida.18 Em outra ocasião ela mordeu o joelho de um homem branco enquanto recebia uma punição. Depois disso ele manteve distância dela.18

Ainda quando criança, Tubman trabalhou na casa de um fazendeiro chamado James Cook, onde lhe ordenavam que fosse até o pântano próximo verificar as armadilhas montadas para os ratos almiscarados. Mesmo depois de contrair sarampo, ela era mandada ao pântano, onde a água lhe batia pela cintura. Ficou muito doente e foi mandada de volta para casa. Sua mãe cuidou dela até recuperar a saúde e imediatamente ela foi novamente alugada para trabalhar em várias fazendas.19 Mais tarde Tubman referiu-se às profundas saudades que sentia de sua casa e certa vez comparou-se ao “menino do Ro Swanee”, uma alusão à canção de Stephen Foster, Old Folks at Home.19 À medida que ficava mais velha e mais forte, foi designada para exercer extenuantes trabalhos nos campos e florestas: conduzir o gado, lavrar a terra, arrastar toras de madeira.20

Ferimento na cabeça Certo dia, quando era adolescente, Tubman foi enviada a um armazém para comprar alguns mantimentos. Lá encontrou-se com um escravo de propriedade de outra família, que partira da lavoura sem permissão. Seu feitor, furioso, pediu a Tubman que o ajudasse a segurar o rapaz. Ela se recusou e enquanto o escravo fugia, o feitor atirou um peso de um quilo, que estava no balcão do armazém. Ele errou o alvo e atingiu Tubman, o que, segundo ela, “rachou meu crânio”.21 Mais tarde ela deu uma explicação para o fato: seus cabelos “que jamais haviam sido penteados” e “…estavam no maior desalinho”, podem ter salvado sua vida.21 Sangrando, inconsciente, Tubman foi devolvida à casa de seu patrão, onde a deitaram no banco de um tear e ela ali permaneceu durante dois dias, sem cuidados médicos.21 Foi imediatamente enviada de volta à lavoura, “com sangue e suor escorrendo por meu rosto, até eu não conseguir enxergar mais.”21 Seu patrão declarou que ela “não valia nem seis vintens” e devolveu-a a Brodess, que tentou vendê-la, mas sem o menor sucesso.22 Ela começou a ter ataques e parecia ficar insconsciente, embora alegasse perceber o que estava à sua volta, embora parecesse dormir. Tais episódios alarmaram sua família, que não conseguia despertá-la quando ela adormecia subitamente e sem avisar. Esse estado acompanhou-a durante o resto da vida. Larson sugere que ela pode ter sofrido de epilepsia, pois o lóbulo temporal foi atingido, como resultado do ferimento.23

Aquele grave ferimento na cabeça ocorreu numa época de sua vida em que Tubman se tornava profundamente religiosa. Quando criança, analfabeta, sua mãe lhe contava histórias da Bíblia. Não ficou claro qual era a modalidade de suas primeiras crenças cristãs, mas Tubman adquiriu uma fé apaixonada em Deus. Rejeitavas as interpretações que os brancos davam às escrituras, recomendando que os escravos fossem obedientes, e encontrava guia e reconforto nas narrativas de libertação, presentes no Antigo Testamento. Após o trauma provocado no cérebro, Taubman começou a ter visões e sonhos poderosos, que ela considerou sinais do divino. Essa perspectiva religiosa a guiou ao longo de toda sua vida.25

Família e casamento

Por volta de 1840, o pai de Tubman, Ben, foi alforriado, aos 45 anos, conforme havia sido estipulado no testamento de um seu antigo senhor. Continuou a exercer atividades no setor madeireiro e como capataz da família Thompson, de quem havia sido escravo.26 Alguns anos mais tarde, Tubman contatou um advogado branco e lhe pagou cinco dólares para que ele investigasse o status legal de sua mãe. O advogado descobriu que um antigo senhor deixara instruções para que Rit, assim como seu marido, fosse alforriada ao 45 anos. Isto significava que semelhante provisão se aplicaria aos filhos de Rit e que qualquer outra criança que lhe nascesse, depois que ela fizesse 45 anos, seria legalmente livre. No entanto as famílias Pattison e Brodess ignoraram tal estipulação ao herdar os escravos e, para Tubman, foi uma tarefa impossível ver cumprida essa determinação.27

Em ou por volta de 1844, Harriet se casou com um negro livre, chamado John Tubman.28 Embora pouco se saiba a respeito dele ou sobre o tempo em que viveram juntos, a união foi complicada, devido ao status dela como escrava. Como o status da mãe ditava o status de seus filhos, qualquer criança nascida da união de Harriet e John seria escrava. Esses casamentos mistos – pessoas livres que desposavam pessoas escravizadas – não eram incomuns na costa leste de Maryland, onde metade da população negra era livre.

A maioria das famílias afro-americanas possuía membros livres e escravos. Larson sugere que o casal pode ter planejado comprar a liberdade de Araminta.29

Tubman mudou seu nome de Araminta para Harriet logo após se casar, embora se desconheça quanto tempo isso levou para acontecer. Larson sugere que foi logo após o casamento28 e, segundo Clinton, isso coincidiu com os planos de Tubman de fugir da escravidão.30 Ela adotou o nome de sua mãe, possivelmente como parte de sua conversão religiosa ou talvez para homenagear uma irmã que havia desaparecido.28 30

Fuga à escravidão

Em 1849, Tubman adoeceu novamente e, em resultado desse fato, seu valor como escrava diminuiu. Edward Brodess tentou vendê-la, mas não achou comprador.31 Indignada com essa iniciativa e a injusta posse que ele mantinha de sua família, Tubman começou a rezar por seu senhor, pedindo a Deus que o fizesse mudar de comportamento.32 “Eu rezava a noite inteira por meu senhor”, ela disse mais tarde, “até o dia primeiro de março. O tempo todo ela trazia gente para me ver, tentando me vender.”33 Quando parecia que a venda estava sendo fechada, ela mudou de tática. “Modifiquei minhas orações”, disse. “No dia primeiro de março comecei a rezar assim: “Oh, Senhor, se jamais mudardes o coração deste homem, matai-o, Senhor, e tirai-o do meu caminho.”33 Dai a uma semana Brodess morreu e Tubman expressou arrependimento por seus sentimentos em relação a ele.34 A ironia é que a morte de Brodess aumentou a possibilidade de que Tubman fosse vendida e sua família se separaria.35 Eliza, a viúva de Brodess, começou a se empenhar na venda dos escravos da família.36 Tubman se recusou a esperar que os Brodess decidissem seu destino, apesar dos esforços de seu marido no sentido de dissuadi-la.37 “A uma de duas coisas eu tinha direito”, ela explicou mais tarde, “a liberdade ou a morte; se eu não podia ter uma delas, teria a outra.”38

Anúncio publicado no jornal Democrat, de Cambridge, oferecendo trezentos dólares de recompensa por Araminta (Minty) e seus irmãos Harry e Ben
Anúncio publicado no jornal Democrat, de Cambridge, oferecendo trezentos dólares de recompensa por Araminta (Minty) e seus irmãos Harry e Ben

Tubman e seus irmãos Ben e Henry fugiram da escravidão no dia 17 de setembro de 1849. Tubman havia sido alugada ao dr. Anthony Thompson, proprietário de uma grande fazenda, Poplar Neck, no vizinho condado de Caroline, e é provável que seus irmãos também trabalharam lá para Thompson. Devido ao fato de que os escravos foram alugados, Eliza Brodess, durante algum tempo, não reconheceu sua ausência como uma fuga. Duas semanas mais tarde, porém, ela colocou um anúncio no jornal Democrat, oferecendo uma recompensa de cem dólares por cada escravo apreendido.39 No entanto, após a fuga, os irmãos de Tubman começaram a ter segundos pensamentos. Ben acabava de tornar-se pai e os dois irmãos, temerosos dos perigos que teriam de enfrentar, recuaram, forçando Tubman a voltar com eles.40

Logo após Tubman voltou a fugir, daquela vez sem seus irmãos.41 Na noite anterior à partida, Tubman tentou comunicar à sua mãe o que iria fazer. Contatou Mary, uma escrava de confiança, e entoou uma canção de despedida, que na verdade era um código: “Encontrarei com você pela manhã”, dizia a letra, “estou de partida para a terra prometida.”42 Embora se ignore qual foi a rota de fuga, Tubman recorreu à extensa rede conhecida como a Ferrovia Clandestina (Underground Railroad). Informal, porém muito bem organizada, compunha-se de negros livres, abolicionistas brancos e ativistas cristãos. De grande destaque entre estes últimos, em Maryland, eram os membros da Sociedade Religiosa de Amigos, frequentemente denominados Quakers.41 A região de Preston, proximo de Poplar Neck, no condado de Caroline, Maryland, abrigava uma significativa comunidade quaker e, provavelmente, foi o primeiro importante ponto de parada durante a fuga de Tubman, ou até mesmo o local de onde ela iniciou sua fuga.43 De lá, ela provavelmente seguiu uma rota comum percorrida por escravos fugitivos, em direção ao nordeste, ao longo do rio Choptank, atravessando Delaware e em seguida tomando o rumo norte, entrando na Pennsylvania.44 Era uma jornada de quase 145 quilômetros, andando a pé, o que levaria entre cinco dias e três semanas.45

Esse perigoso deslocamento exigia que Tubman caminhasse à noite, guiada pela estrela polar, evitando ser vista por quem apreendia escravos fugitivos, ansiosos por receber recompensas.46 Os “motorneiros” da Ferrovia Clandestina recorreram a uma grande variedade de disfarces para esconder e proteger Tubman. Em uma das últimas paradas, a dona da casa ordenou a Tubman que varresse o quintal, para dar a impressão de que ela trabalhava para a família. Quando a noite caiu, a família escondeu-a numa charrete e levou-a para a próxima casa amiga.47 Devido à familiaridade dela com as florestas e pântanos da região, é provável que Tubman tenha se escondido naqueles locais, durante o dia.44 Como as rotas que ela seguia eram usadas por outros escravos fugitivos, Tubman só falou sobre elas muito tempo depois.

As particularidades dessa primeira jornada permanecem envoltas em segredo.48 Ela entrou na Pennsylvania com um sentimento de alívio e temor. Anos mais tarde rememorou a experiência: “Quando me dei conta de que tinha cruzado o limite, olhei para minhas mãos para ver se eu era a mesma pessoa. Tudo estava glorioso, o sol passava entre as árvores como se fosse ouro, iluminava os campos e eu me senti como se me encontrasse no paraíso.”42 

“Moses”

Imediatamente após chegar à cidade de Filadélfia, Tubman começou a pensar em sua família. “Eu era uma estranha em terra estranha”, disse mais tarde. “Meu pai, minha mãe, meus irmãos, minhas irmãs, meus amigos estavam (em Maryland). Mas eu era livre e eles tinham de ser livres.”49 Ela começou a trabalhar em empregos ocasionais e a economizar dinheiro.50 Ao mesmo tempo o congresso dos Estados Unidos promulgou a Lei Estatal dos Escravos Fugidos, em 1850, a qual obrigava funcionários do poder judiciário e da polícia, até mesmo em estados que haviam proscrito a escravidão, a ajudar na captura de escravos fugidos, impondo pesadas punições àqueles que se acumpliciassem com a fuga. A lei aumentava os riscos para os escravos fugidos, muitos dos quais foram para o norte, em direção ao Canadá.51 Enquanto isso aumentava a tensão racial na própria Filadélfia, à medida que a cidade se expandia.52

Em dezembro de 1850, Tubman recebeu o aviso de que sua sobrinha Kessia iria ser vendida, juntamente com seus dois filhos, James Alfred, de seis anos, e o bebê Araminta, em Cambridge, Maryland. Horrorizada diante da perspectiva de ter sua família ainda mais separada, Tubman fez algo que poucos escravos jamais fizeram: regressou voluntariamente à terra de sua escravidão. Foi a Baltimore, onde seu cunhado Tom Tubman escondeu-a até a época da venda. O marido de Kessiah, um negro livre chamado John Bowley, deu o lance máximo por sua esposa. Então, enquanto ele fingia tomar providências para o pagamento, Kessiah e seus filhos se esconderam numa casa vizinha, em toda segurança. Quando a noite caiu, Bowley embarcou a família numa canoa, percorrendo uma distância de cem quilômetros até Baltimore. Lá se encontraram com Tubman, que levou a família até Filadelfia.53

Na primavera seguinte, ela voltou a Maryland para ajudar a guiar outros membros da família, que fugiriam. Nessa segunda viagem ela trouxe seu irmão Moses e dois outros homens, não identificados.54 É provável que, àquela altura, Tubman estivesse operando com Thomas Garrett, um quaker que trabalhava em Wilmington, Delaware.55 Notícias das proezas dela haviam encorajado sua família e os biógrafos concordam com o fato de que ela se tornava mais confiante, após cada viagem a Maryland.54 56 À medida que ela livrava da escravidão um número cada vez maior de indivíduos, tornou-se popularmente conhecida como “Moses”, uma alusão ao profeta do livro do Exodus, que guiou os hebreus no caminho da liberdade.57

Por ocasião de uma entrev ista com o autor Wilbur Siebert, em 1897, Tubman revelou o nome de algumas pessoas que a ajudaram e dos lugares que ela percorria ao longo da Ferrovia Clandestina. Ficou na casa de Sam Green, um pastor negro, livre, que vivia na zona leste de New Market, Maryland. Escondeu-se também perto da casa de seus pais, em Poplar Neck, condado de Caroline, Maryland. Dali ela se dirigia para o noroeste, até Sandtown e Willow Grove, Delaware, e à região de Camden. Agentes negros livres, William e Nat Brinkley, além de Abraham Gibbs, a guiavam no rumo norte, além de Dover, Smyrna e Blackbird, onde outros agentes a levavam através do Canal de Chesapeake e Delaware até New Castle e Wilmington. Nessa localidade, o quaker Thomas Garrett garantia transporte seguro até o escritório de William Still ou até as residências de outros operadores da Ferrovia Clandestina, situadas na periferia de Filadélfia. Still, famoso agente negro, ajudou centenas de escravos, em busca da liberdade, a fugir para lugares mais seguros no rumo norte, em Nova York, Nova Inglaterra e Canadá.58

No outono de 1851, Tubman voltou ao condado de Dorchester pela primeira vez, desde sua fuga, com o intuito de encontrar-se com seu marido John. Voltou a economizar dinheiro graças aos vários empregos que exercia, comprou um terno para ele e seguiu o caminho do sul. Enquanto isso John havia se casado com outra mulher de nome Caroline. Tubman mandou dizer que ele deveria juntar-se a ela, porém John afirmou, com insistência, que se sentia feliz lá onde ele estava. Inicialmente Tubman se preparou para aparecer de improviso na casa deles e fazer uma cena, mas em seguida decidiu que não valia a pena. Dominando sua raiva, ela encontrou alguns escravos que queriam fugir e os guiou até Filadélfia.59 John e Caroline tiveram filhos e ele foi morto daí a dezesseis anos, durante uma discussão com um branco chamado Robert Vincent.60

Frederick Douglass, que trabalhou em prol da abolição da escravidão com Tubman e a elogiou por escrito

Devido ao fato de que a Lei sobre Escravos Fugidos havia tornado o norte dos Estados Unidos mais perigoso para os escravos, muitos começaram a migrar ainda mais para o norte, em direção ao Canadá. Em dezembro de 1851, Tubman guiou um grupo não identificado de onze fugitivos, incluindo possivelmente os Bowleys e vários outros, que ela havia ajudado a resgatar anteriormente, tomando o rumo do norte. Há provas que sugerem que Tubman e seu grupo pararam na casa do abolicionista e ex-escravo Frederick Douglass.61 Em sua terceira autobiografia, Douglass escreveu: “Certa ocasião eu tinha onze fugitivos sob meu teto ao mesmo tempo e era necessário que eles permanecessem comigo até eu conseguir juntar o dinheiro suficiente para levá-los para o Canadá. Foi o maior número de pessoas que jamais abriguei e encontrei certa dificuldade em proporcionar a tanta gente comida e abrigo…”62 O número de pessoas e a época em que lá estiveram indicam a possibilidade de ser o grupo de Tubman.61

Douglass e Tubman demonstraram grande admiração mútua, enquanto lutavam em conjunto contra a escravidão. Quando uma das primeiras biografias de Tubman estava sendo preparada em 1868, Douglass escreveu uma carta em sua honra. O texto dizia parcialmente o seguinte:

Você me solicita aquilo de que não precisa quando me pede uma palavra de recomendação. Preciso de tais palavras, vindas de você, muito mais do que você as necessita de mim, especialmente quando seus grandes empenhos e sua devoção à causa dos últimos escravizados em nosso país são conhecidos, tais como os conheço. A diferença entre nós é muito pronunciada. A maior parte do que fiz e sofri, a serviço de nossa causa, foi às escâncaras, e recebi muito encorajamento em cada etapa do caminho. Você, por outro lado, trabalhou às escondidas. Eu labutei à luz do dia e você, à noite… O céu da meia-noite e as estrelas silenciosas têm sido as testemunhas de sua dedicação à liberdade, bem como de de seu heroismo. Com exceção de John Brown, de sagrada memória, não conheço ninguém como você que tenha enfrentado tamanhos perigos e provações para servir nosso posso escravizado.63

Jornadas e métodos

Durante onze anos Tubman voltou repetidas vezes ao litoral leste de Maryland, resgatando cerca de setenta escravos em treze expedições, incluindo seus três irmãos, Henry, Ben e Robert, suas esposas e alguns de seus filhos. Ela também proporcionou instruções específicas a cerca de cinquenta ou sessenta outros fugitivos, que escaparam para o norte.1 Seu perigoso trabalho exigia tremenda inventividade. Ela, usualmente, operava durante os meses de inverno, a fim de minimizar a possibilidade de que o grupo pudesse ser visto. Certo admirador de Tubman declarou: “Ela sempre vinha no inverno, quando as noites são longas e escuras, e as pessoas que têm casas permanecem nelas.”64 Uma vez tendo contatado escravos fugitivos, eles partiam das cidades nas noites de domingo, já que os jornais não imprimiriam notícias de fuga até a segunda-feira de manhã.65

Suas jornadas à terra da escravidão a faziam correr riscos tremendos e ela recorria a uma grande variedade subterfúgios para evitar ser detida. Certa vez Tubman se disfarçou com uma touca e carregou duas galinhas, para dar a impressão de que havia feito compras. De repente ela se viu caminhando em direção ao dono de uma fazenda, no condado de Dorchester. Afrouxou o laço que prendia as patas das galinhas e a agitação delas permitiu que ela evitasse olhar o homem de frente.66 Em outra ocasião ela reconheceu um passageiro, no trem em que viajava. Tratava-se de outro dono de uma fazenda. Tubman agarrou um jornal e fingiu que lia. Como se sabia que ela era analfabeta, o homem ignorou-a.67

Sua fé religiosa foi outro auxílio importante, quando ela se aventurava repetidas vezes em Maryland. Prosseguiam as visões de sua infância, quando feriu a cabeça, e ela as encarava como premonições divinas. Falava em “consultar Deus” e confiava em que Ele a manteria a salvo.68 Certa vez Thomas Garrett falou a seu respeito: “Jamais conheci uma pessoa de qualquer cor que fosse que tivesse mais confiança na voz de Deus, como se Ele falasse diretamente com a alma dela.”69 Sua fé no divino também proporcionava assistência imediata. Ela recorria aos spirituals como mensagem codificada, para prevenir seus companheiros de fuga de algum perigo ou assinalar que o caminho estava livre.70

Ela também levava um revólver e não sentia medo de usá-lo. Uma vez que um escravo concordasse em juntar-se à sua expedição, não havia caminho de volta e ela ameaçava atirar em quem quer que tentasse retornar.71 Tubman narrou certa viagem com um grupo de escravos fugidos, quando os ânimos afrouxaram e um homem insistiu em regressar à fazenda. Ela apontou a arma para a cabeça dele e declarou: “Você ou prossegue ou morre.”72 Daí a alguns dias ele estava com o grupo quando entraram no Canadá.68 É mais do que provável que Tubman portava o revólver como proteção contra os apreendedores de escravos e seus cães ferozes.

Enquanto isso os senhores de escravos da região jamais poderiam imaginar que “Minty”, aquela escrava miúda, de pequena estatura, incapacitada, que fugira havia alguns anos e jamais voltara, estava por detrás de tantas fugas de escravos na comunidade. No final da década de 1850 eles começaram a desconfiar que um abolicionista branco do norte estava insuflando secretamente seus escravos para que eles fugissem. Eles até mesmo admitiram a possibilidade de que o próprio John Brown tivesse vindo ao litoral leste de Maryland com esse objetivo, antes de sua mal sucedida operação em Harper´s Ferry, em outubro de 1859. Embora persista uma lenda popular relativa a uma recompensa de 40.000 dólares pela captura de Tubman, trata-se de uma quantia supositícia. Em 1868, em um esforço para calar a reivindicação de Tubman por uma pensão militar, devido à sua atuação na Guerra Civil, uma antiga abolicionista, Sally Holley, escreveu um artigo afirmando que 40.000 dólares {xtypo_quote}não era uma recompensa suficientemente grande para os senhores de escravos de Maryland oferecerem por ela.73{/xtypo_quote}

Tão elevada recompensa teria provocado a atenção nacional, especialmente numa época em que uma pequena fazenda podia ser adquirida por meros 400 dólares. Os jornais da época não trazem notícias da tal recompensa (o governo federal ofereceu 25.000 dólares pela captura de cada um dos co-conspiradores de John Wilkes Booth no assassinato do presidente Lincoln). Falou-se também numa recompensa de 12.000 dólares, embora também não exista documentação relativa a essa quantia. Catherine Clinton sugere que a cifra de 40.000 dólares pode ter sido o total de várias recompensas oferecidas naquela região.74 Apesar dos mais empenhados esforços dos senhores de escravos, Tubman jamais foi capturada, bem como os fugitivos que ela guiava. Anos mais tarde ela declarou perante uma platéia: “Guiei a Ferrovia Clandestina durante oito anos e posso dizer o que a maioria dos motorneiros não pode afirmar – meu trem jamais descarrilhou e nunca perdi sequer um passageiro.75

Uma de suas últimas missões em Maryland foi a de buscar seus pais, que envelheciam. Ben, seu pai, havia comprado Rit, sua mãe, em 1855, por vinte dólares, pagos a Eliza Brodess.76 No entanto, mesmo quando ambos ficaram livres, a região tornou-se hostil à presença deles. Daí a dois anos Tubman recebeu a notícia de que seu pai havia abrigado um grupo de oito escravos fugidos e corria o risco de ser preso. Ela foi até o litoral leste e os conduziu ao norte, até a cidade canadense de St. Catharines, Ontario, onde uma comunidade de ex-escravos, incluindo os irmãos de Tubman, outros parentes e muitos amigos, se estabelecera.77

John Brown e Harpers Ferry

Em abril de 1858, Tubman foi apresentada ao abolicionista John Brown, um insurgente que preconizava o uso da violência para destruir a escravidão nos Estados Unidos. Embora ela jamais advogasse a violência contra os brancos, concordou com as ações diretas de Brown e apoiou seus objetivos.78 A exemplo de Tubman, ele falava que era convocado por Deus e confiava no poder divino para o proteger da ira dos senhores de escravos. Ela, por sua vez, alegava ter tido uma visão profética de Brown, antes que se conhecessem.79

Tubman ajudou John Brown a planejar e a recrutar gente para o ataque a Harpers Ferry

Assim, enquanto começava a recrutar apoiadores para um ataque aos senhores de escravos, Brown recebeu a adesão do “General Tubman”, conforme a chamava.78 O conhecimento que ela tinha das redes de apoio e dos recursos existentes nos estados limítrofes de Pennsylvania, Maryland e Delaware foi imensamente valioso para Brown e seus seguidores. Embora outros abolicionistas como Frederick Douglass e William Lloyd Garrison não endossassem suas táticas, Brown sonhava em lutar para criar um novo estado, de escravos libertos, e começou a organizar preparativos para uma ação militar. Acreditava que após a primeira batalha os escravos se sublevariam e levariam adiante uma rebelião que se espalharia pelo sul.80 Brown pediu a Tubman que reunisse ex-escravos, que então moravam no Canadá, os quais poderiam se dispor a juntar-se às forças combatentes, o que ela fez, aliás.81

Em 8 de maio de 1858, Brown promoveu uma reunião em Chatham Kent, Ontario, onde revelou seus planos de um ataque a Harpers Ferry, Virginia.82 Quando a notícia do plano vazou para o governo, Brown colocou o plano em suspenso e começou a levantar fundos para sua eventual retomada. Tubman o ajudou nesse esforço, bem como em estabelecer planos mais detalhados para a ação.83

Durante aquele período Tubman estava muito ocupada, fazendo palestras para platéias abolicionistas e cuidando de seus pais. No outono de 1859, enquanto Brown e seus homens se preparavam para desfechar o ataque, Tubman não pôde ser contatada.84 Quando aconteceu o ataque a Harpers Ferry, em 16 de outubro, Tubman não estava presente. Alguns historiadores acreditam que, naquele momento, ela se encontrava em Nova York, doente, com uma febre relacionada com o ferimento que sofrera na cabeça, durante a infância.84 Outros propõem que ela estava no Canadá, recrutando mais escravos fugidos85 e Kate Clifford Larson sugere que ela podia ter estado em Maryland, recrutando gente para o ataque de Brown ou tentando resgatar mais membros de sua família. 86 Larson também nota que Tubman pôde ter começado a compartir as dúvidas de Frederick Douglas quanto à viabilidade do plano.86

O ataque falhou, Brown foi condenado por traição e enforcado em dezembro. Suas ações foram vistas pelos abolicionistas como símbolo de uma orgulhosa resistência, levada adiante por um nobre mártir. 87 A própria Tubman se excedeu em elogios. Mais tarde disse a um amigo: “Ele fez mais, morrendo, do que 100 homens fariam, vivendo.”88

Auburn e Margaret

No início de 1859, o senador abolicionista William H. Seward vendeu a Tubman um pequeno terreno nos arredores de Auburn, New York, por 1.200 dólares.89 Era vigoroso, na cidade, o ativismo anti-escravidão e Tubman aproveitou a oportunidade para livrar seus pais dos gélidos invernos canadenses.90 Regressar aos Estados Unidos significava que escravos fugidos corriam o risco de serem devolvidos ao sul, devido à Lei dos Escravo Fugitivos, e os pais de Tubman exprimiram suas reservas. Catherine Clinton sugere que a aversão à decisão de Dred Scott, em 1857, pode ter impelido Tubman a retornar aos Estados Unidos. Sua propriedade em Auburn tornou-se um refúgio para a família e os amigos. Durante anos ela acolheu parentes e pensionisas, oferecendo um lugar seguro para negros americanos que procuravam uma vida melhor no norte.60

Logo após adquirir a propriedade de Auburn, Tubman voltou a Maryland e regressou com sua “sobrinha”, uma menina de oito anos de pele escura, chamada Margaret.90 As circunstâncias daquela expedição permanecem envoltas em mistério. Existe grande confusão sobre a identidade dos pais de Margaret, embora Tubman indicasse que eles eram negros livres. A menina deixou em Maryland um irmão gêmeo e um lar acolhedor e amoroso.91 Anos mais taarde, Alice, filha de Margaret, classificou como egoismo as ações de Tubman, afirmando: “Ela tirou a menina de um lar protegido e levou-a para onde não havia ninguém que cuidasse dela.”92 Alice chegou a descrever aquilo como um “rapto”.93

Clinton e Larson, porém, levantam a possibilidade de que Margaret era, na verdade, filha de Tubman.94 95 Larson assinala que ambas mantinham laços inusitadamente fortes e argumenta que Tubman, sabendo como era a dor de uma criança separada de sua mãe, jamais teria causado intencionalmente a separação de uma família de libertos.96 Clinton apresenta indícios de pronunciadas semelhanças físicas, o que a própria Alice reconheceu.94 Ambas historiadoras concordam que não existem provas concretas de tal possibilidade e o mistério do relacionamento de Tubman com a jovem Margaret perdura até os dias de hoje.97

Em novembro de 1860, Tubman realizou sua última missão de resgate. Ao longo da década de 1850, ela não conseguira levar a cabo a fuga de sua amada irmã Rachel, bem como dos dois filhos dela, Ben e Angerine. Ao retornar ao condado de Dorchester, Tubman descobriu que Rachel havia morrido e que as crianças só poderiam ser resgatadas se ela pagasse um suborno de 30 dólares. Ela não dispunha do dinheiro e as crianças continuaram escravizadas, não se sabendo até hoje qual foi seu destino. Como ela não era de desperdiçar uma missão, Tubman juntou outro grupo, incluindo a família Ennals, todos prontos e dispostos a assumir os ricos de uma jornada em direção ao norte. Eles levaram semanas para escapar, devido aos apreendedores de escravos, e se viram forçados a se esconder mais tempo do que esperavam . Fazia um frio incomum para aquela época do ano e eles dispunham de pouca comida. As crianças tinham de ser drogadas com elixir paregórico para permanecerem em silêncio enquanto as patrulhas escravagistas rondavam a região. Finalmente chegaram com toda segurança à casa de David e Martha Wright em Auburn, Nova York, em 28 de dezembro de 1860.

Guerra Civil

David Hunter, general da União, trabalhou com Tubman durante a Guerra Civil e compartilhava suas opiniões abolicionistas

Quando irrompeu a Guerra Civil Americana, em 1861, Tubman encarou a vitória da União como um passo fundamental para a abolição da escravidão. O general Benjamin Butler, por exemplo, ajudou escravos fugidos a se dirigirem em massa ao Forte Monroe.98 Butler declarou que aqueles fugitivos eram “contrabando”, isto é, gente apreendida pelas forças do norte, e os pôs para trabalhar no forte sem receberem pagamento.99 Tubman esperava oferecer sua perícia e suas habilidades à causa da União e em breve juntou-se a um grupo de abolicionistas de Boston e Filadélfia, que se dirigiram ao distrito de Hilton Head, na Carolina do Sul. Tornou-se presença permanente nos acampamentos, particularmente em Port Royal, Carolina do Sul, prestando assistência aos fugitivos.100

Em breve Tubman foi apresentada ao general David Hunter, vigoroso partidário da abolição. Ele declarou livres todos os “contrabandos” do distrito de Port Royal e começou a reunir ex-escravos para formar um regimento de soldados negros.101 O presidente Abraham Lincoln, entretanto, não estava preparado para promover a emancipação nos estados do sul e repreendeu Hunter por suas ações.101 Tubman condenou a reação de Lincoln e sua geral indisposição em considerar a eliminação da escravidão nos Estados Unidos devido a razões morais e práticas. “Deus não deixará “seu” Lincoln derrotar o sul enquanto ele não fizer o que é certo”, afirmou.

Seu” Lincoln é um grande homem e eu sou uma pobre negra, mas os negros podem dizer a “seu” Lincoln como economizar dinheiro e salvar a juventude. Ele pode fazer isto tornando os negros livres. Imaginem que tivesse uma horrenda e enorme cobra ali, no chão. Ela te morderia. Todo mundo se assustou, porque você pode morrer. Mandam buscar um doutor prá acudir, mas a cobra ´tá toda enrolada ali, e enquanto o doutor ´tá acudindo, ela volta a morder. O doutor cuida dessa mordida, mas enquanto ele ´tá cuidando, a cobra se levanta e morde de novo, vai continuar mordendo; o doutor continua acudindo, até você matar a cobra. É isto que “seu” Lincoln devia saber.102

Tubman serviu como enfermeira em Port Royal, preparando remédios com plantas locais e ajudando os soldados que tinham disenteria. Chegou até mesmo a prestar assistência a homens com varíola. O fato de ela não ter contraído a doença aumentou os boatos de que era abençoada por Deus.103 Inicialmente ela recebia rações do governo para realizar seu trabalho, porém negros recentemente libertos julgaram que ela estivessendo tendo tratamento especial. Para diminuir as tensões, ela desistiu do direito àquelas rações e ganhou dinheiro vendendo tortas e bebidas não alcoólicas, que ela preparava à noite.14

Missões de reconhecimento e o ataque do Rio Combahee

Quando finalmente Lincoln efetivou a Proclamação da Emancipação, em janeiro de 1863, Tubman considerou o fato um passo importante em direção ao objetivo de libertar da escravidão todos os homens, mulheres e crianças.105 Renovou seu apoio à derrota da Confederação e não tardou muito para que ela liderasse um grupo de reconhecimento, através das terras em torno de Port Royal. Os pântanos e rios da Carolina do Sul eram semelhantes aos do litoral leste de Maryland e, assim, seu conhecimento de deslocamentos às escondidas e de subterfúgios perante inimigos em potencial foram muito bem aplicados.106 Seu grupo, que trabalhava sob as ordens do Secretário de Guerra, Edwin M. Stanton, mapeou um terreno que não lhe era familiar e fez um reconhecimento de seus habitantes.107 Mais tarde Tubman trabalhou juntamente com o coronel James Montgomery e lhe forneceu informações fundamentais que ajudaram a capturar Jacksonville, Flórida.107

 

Litografia de Tubman com o traje usado na Guerra Civil

Mais tarde, naquele mesmo ano, Tubman tornou-se a primeira mulher a liderar um ataque durante a Guerra Civil.108 Quando Montgomery e seus soldados desfecharam um ataque contra várias fazendas, ao longo do rio Combahee, Tubman atuou como indispensável conselheira e acompanhou o ataque. Na manhã do dia 2 de junho de 1863, Tubman guiou três barcos a vapor em torno das minas dos Confederados, em águas que desembocavam no litoral.109 Uma vez em terra firme, a tropa da União pôs fogo nas fazendas, destruindo a infra-estrutura e apoderando-se de alimentos e suprimentos que valiam milhares de dólares. Quando os barcos começaram a apitar, os escravos de toda a região compreenderam que ela estava sendo liberta. Tubman ficou observando, enquanto os escravos acorriam em massa em direção aos barcos. “Jamais vi coisa igual”, ela declarou mais tarde,111 descrevendo uma cena caótica: mulheres carregando panelas onde o arroz ainda fervia, porcos que grunhiam, carregados nos ombros, e bebês dependurados nos pescoços de seus pais. Embora seus senhores, armados com pistolas e chicotes, tentassem deter aquela fuga em massa, seus esforços foram quase inúteis, diante daquele tumulto.110 Quando os soldados confederados entraram em cena, os barcos a vapor, apinhados de gente, partiram em direção a Beaufort.112

Mais de setecentos escravos foram resgatados no ataque do rio Combahee.113 114 Os jornais proclamaram “o patriotismo, sagacidade, energia e capacidade” de Tubman, 113 1114 e ela foi elogiada por seus esforços de recrutamento. A maioria dos homens recém-libertos ingressou no exército da União.116 Mais tarde Tubman trabalhou com o coronel Robert Gould Shaw no assalto a Fort Wagner, servindo ao oficial sua última refeição, ao que se diz.117 Ela descreveu a batalha nos seguintes termos:

E daí vimos os clarões, e era as armas; então ouvimos o trovão, e era as armas grandes; e daí ouvimos chuva caindo, e era as gotas de sangue caindo; e quando fomos fazer a colheita, tudo o que colhemos era homens mortos.118

Durante mais dois anos, Tubman trabalhou para as forças da União, cuidando dos escravos recém-libertos, realizando missões de reconhecimento no território dos confederados e, eventualmente, atuando na Virginia como enfermeira de soldados feridos.119 Fazia também visitas periódicas a Auburn, para estar com sua família e cuidar de seus pais.120 A Confederação rendeu-se em abril de 1865. Após prestar serviços durante mais alguns meses, Tubman partiu de volta para casa.121

Apesar de haver prestado serviços durante anos, ela jamais recebeu um salário regular e, durante anos, foi-lhe negada qualquer recompensa.122 123 Seu status, que não era oficial, e os pagamentos desiguais oferecidos aos soldados negros causaram enorme dificuldade para que ela pudesse documentar sua participação e o governo dos Estados Unidos mostrou-se lento em reconhecer sua dívida para com ela.124 Foi somente em 1899 queTubman recebeu uma pensão pelos serviços prestados durante a Guerra Civil.125 Até lá seu constante trabalho humanitário em prol de sua família e de ex-escravos a mantiveram em estado de constante pobreza e suas dificuldades em obter uma pensão do governo foram especialmente penosas para ela.126

Tubman regressou a Auburn no fim da guerra. Durante uma viagem de trem a Nova York, o cobrador disse a ela que fosse para o vagão dos fumantes. Ela recusou e lhe explicou os serviços que havia prestado ao governo. Ele amaldiçoou-a, agarrou-a, mas ela resistiu e o cobrador pediu a ajuda de outros dois passageiros. Enquanto ela segurava toda força o encosto do assento, os três homens a forçaram, quebrando o braço dela. Jogaram-na no vagão dos fumantes, provocando-lhe mais ferimentos. Quando esse acontecimento transpirou, outros passageiros brancos praguejaram contra Tubman e gritaram para o cobrador, exigindo que ele a chutasse para fora do trem.127 

Vida posterior

Tubman passou os anos que lhe restavam em Auburn, cuidando de sua família e de outras pessoas necessitadas. Trabalhou em vários empregos para sustentar seus idosos pais e aceitou pensonistas para ajudar a pagar as contas.60 Uma das pessoas por ela acolhidas foi um veterano de guerra vhamado Nelson Davis. Ele começou a trabalhar em Auburn como pedreiro e, em breve, eles se apaixonaram. Embora ele fosse vinte e dois anos mais novo do que ela, no dia 18 de março de 1869 eles se casaram na Igreja Presbiteriana Central.128 Passaram os próximos vinte anos juntos e, em 1874, adotaram um bebê, chamada Gertie.129

Enquanto isso os amigos e apoiadores de Tubman, que vinham dos dias da abolição, levantavam fundos para sustentá-la. Uma admiradora, Sarah H. Bradford, escreveu uma biografia autorizada, intitulada Scenes in the Life of Harriet Tubman. O livro, com 132 páginas, foi publicado em 1869 e proporcionou a Tubman uma renda de cerca de 1.200 dólares.130 Criticado pelos biógrafos modernos devido a sua licença artística e a um ponto de vista altamente subjetivo,131 o livro, entretanto, continua sendo importante fonte de informação e de perspectivas sobre a vida de Tubman. Bradford publicou outro livro em 1886, intitulado Harriet, the Moses of her People, que apresentou uma visão menos cáustica da escravidão e do sul. Também foi publicado como um meio de aliviar a pobreza de Tubman.132

Devido às dívidas acumuladas, incluindo o atraso no pagamento de sua propriedade em Auburn, Tubman foi vítima, em 1873, de uma falcatrua que envolvia transferência de ouro. Dois homens, um deles de nome Stevenson, e outro, John Thomas, alegaram ter, em sua posse, ouro contrabandeado da Carolina do Sul.133 134 Ofereceram esse tesouro que, segundo eles, valia 5.000 dólares, por 2.000 dólares pagos em dinheiro. Insistiram que conheciam um parente de Tubman e ela os levou à sua casa, onde eles permaneceram durante vários dias.135 Ela sabia que pessoas brancas, no sul, haviam enterrado bens valiosos quando as forças da União ameaçaram a região e sabia também que negros eram designados frequentemente para executar essa tarefa. Assim, a situação parecia plausível e uma mescla de preocupações financeiras e sua boa natureza levaram Taubman a dar andamento ao plano.133 Ela emprestou dinheiro de um amigo rico, chamado Anthony Simmer, e combinou receber o ouro bem tarde da noite. Os homens a levaram para uma floresta e, ali chegando, atacaram- na, fizeram-na desmaiar por meio de clorofórmio, roubaram sua bolsa e a algemaram. Quando foi encontrada por sua família, estava tonta, ferida, e o dinheiro havia sumido.133 136 Nova York reagiu com indignação ao incidente, e embora alguns pessoas criticassem Tubman por sua ingenuidade, a maioria solidarizou-se com ela, devido a suas dificuldades econômicas, reprovando a atitude dos dois bandidos.137 O incidente refrescou a memória do público em relação aos serviços que ela havia prestado no passado e à suas agruras econômicas. Gerry W. Hazelton, representante do Estado de Wisconsin, apresentou um projeto, determinando que Tubman recebesse “a quantia de 2.000 dólares por serviços por ela prestados ao Exército da União, como guia, enfermeira e espiã…”138 O projeto foi derrotado.

Susan B. Anthony trabalhou com Tubman em prol do sufrágio feminino.

Ativismo sufragista

Tubman também trabalhou em seus derradeiros anos para promover a causa do sufrágio das mulheres. Uma mulher branca perguntou certa vez a Tubman se ela acreditava que uma mulher deveria ter o direito de votar e obteve a seguinte resposta: “Sofri o suficiente para acreditar nisto.”139 Começou a participar de comícios promovidos por organizações sufragistas e em breve trabalhava ao lado de mulheres como Susan B. Anthony e Emily Howland.140 141

Tubman viajou a Nova York, Boston e Washington, DC, para falar em favor do direito de voto para as mulheres. Descreveu suas ações durante e após a Guerra Civil e mencionou os sacrifícios de incontáveis mulheres ao longo da história moderna como testemunho da igualdade entre mulheres e homens.142 Ao ser fundada a Federação Nacional de Mulheres Afro-Americanas, em 1896, Tubman foi a mais destacada oradora, por ocasião de sua primeira reunião.143

Esse inflamado ativismo despertou novo movimento de admiração por Tubman, por parte da imprensa americana. Uma publicação intitulada The Woman´s Era, publicou uma série de artigos sobre “Mulheres Eminentes”, com um perfil de Tubman.143 Em 1897, um jornal sufragista noticiou uma série de recepções em Boston, em honra a Tubman e aos serviços que ela havia prestado à nação ao longo de sua vida. No entanto suas infindáveis contribuições ao bem estar alheio a haviam deixado na pobreza e ela teve de vender uma vaca para poder comprar uma passagem de trem e participar de uma dessas comemorações.144

A Igreja AME Zion, doença e morte

 

Harriet Tubman, 1911

 

Na virada do século, Tubman tornou-se profundamente env olvida com a Igreja Episcopal Metodista Africana em Auburn. Em 1903 ela doou parte de seu terreno à igreja, sob a condição de que ali fosse instalado um lar “para pessoas de cor idosas e indigentes.145 A instituição levou cinco anos para ser aberta e Tubman ficou consternada quando a igreja ordenou que os residentes deveriam pagar uma taxa de cem dólares de entrada. Ela declarou: “Fizeram uma regra, dizendo que ninguém deve vir se não tiver cem dólares. Pois agora eu quero fazer outra regra: só deve vir quem não tiver um tostão furado.”146 Ela ficou frustrada com a nova regra, mas ainda assim foi a convidada de honra, quando o Lar Harriet Tubman para Idosos comemorou sua inauguração, em 23 de junho de 1908.147

À medida que Tubman envelhecia, os ataques de sono e os sofrimentos provocados pelo trauma sofrido na cabeça, quando ela era criança, continuavam a incomodá-la. No final dos anos 1890 ela foi submetida a uma cirurgia no cérebro, no Hospital Geral de Massachusetts, Boston. Impossibilitada de dormir devido às dores e aos zumbidos na cabeça, ela pediu a um médico para operá-la. Ele concordou e, segundo as palavras dela, “serrou e abriu minha cabeça, deu um jeito nela e agora eu me sinto melhor.”148 Tubman não foi anestesiada durante a operação e, segundo se afirma, ela em vez disso escolheu morder uma bala, conforme vira os soldados fazerem durante a Guerra Civ il, quando suas pernas eram amputadas.149

Por volta de 1911 seu corpo estava tão frágil que ela teve de se recolher à casa de repouso que recebera seu nome. Um jornal de Nova York descreveu-a como “doente e sem um vintém”, convocando as pessoas a lhe fazerem doações.150 Rodeada de amigos e mem bros da família, Harriet Tubman morreu de pneumonia no dia 10 de março de 1913.150 Pouco antes de falecer, disse àqueles que estavam presentes no quarto. “Vou embora preparar um lugar para vocês.”151

Legado

Harriet Tubman, amplamente conhecida e muito respeitada enquanto vivia, tornou-se um ícone americano nos anos que se seguiram à sua morte. Uma pesquisa, realizada no fim do século vinte, revelou que ela é um dos civis mais famosos da história americana antes da Guerra Civil, ficando atrás apenas de Betty Ross e Paul Revere.152 Ela foi fonte de inspiração para gerações de afro-americanos que lutavam pela igualdade e pelos direitos civis. Foi elogiada por líderes de todas as tendências políticas.153

Quando morreu, Tubman foi sepultada com honras militares no Cemitério de Fort Hill, em Auburn. A cidade homenageou-a com uma placa no fórum local. Embora os dizeres da placa demonstrassem orgulho por suas muitas realizações, o emprego da linguagem dialetal com a qual ela se expressava, aparentemente escolhido devido à sua autencidade, tem sido criticado mediante o argumento de que isso diminui sua estatura como patriota americana e dedicada humanitária.154 Mesmo assim a cerimônia de inauguração constituiu eloquente tributo à sua memória e Booker T. Washington pronunciou o mais destacado discurso.155 A casa de repouso que tem seu nome foi abandonada após 1920, porém, mais tarde, foi reformada pela Igreja AME Zion. Nos dias de hoje acolhe visitantes, como centro educacional e museu.156

As biografias escritas por Bradford foram seguidas pela publicação Harriet Tubman: Negro Soldier and Abolicionist, de autoria de Earl Conrad. Ele passou por grandes dificuldades em encontrar um editor e seus esforços duraram quatro anos, durante os quais teve de enfrentar o desdém e o desprezo por seu empenho em escrever um relato mais objetivo e detalhado da vida de Tubman, destinado a adultos.157 Várias versões altamente dramatizadas da vida dela foram escritas para crianças e muitas mais se seguiram, porém Conrad escreveu em um estilo acadêmico, objetivando documentar a importância histórica da obra de Tubman, tendo em vista o meio universitário e a memória da nação.158 O livro foi publicado finalmente por Carter G. Woodson´s Associated Publishers em 1942.157 Apesar da popularidade e do significado de Tubman, outra biografia dela, destinada a adultos, só voltou a ser editada daí a sessenta anos, quando Jean Humez publicou detalhada narrativa das muitas histórias de vida de Tubman, em 2003, e quando Larson e Clinton publicaram suas biografias, em 2004.

Tubman, entretanto, foi homenageada de muitas outras maneiras em toda a nação, no século vinte. Dezenas de escolas receberam seu nome, em honra dela,159 e A Casa de Repouso Harriet Tubman, em Auburn, e o Museu Harriet Tubman, em Cambridge, são monumentos à sua vida.159 Em 1944, a Comissão Marítima dos Estados Unidos lançou aos mares o SS Harriet Tubman, o primeiro navio que jamais recebeu o nome de uma mulher negra.157 Em 1978, o Serviço Postal dos Estados Unidos emitiu um selo em honra de Tubman, o primeiro de uma série em honra a afro-americanos.160 Ao lado de Elizabeth Cady StantonAmelia Bloomer e Sojourner Truth,ela é homenageada no calendário de santos da Igreja Episcopal, todo dia 20 de julho.

Em 2002, o acadêmico Molefi Kete Asante inclui Harriet Tubman em sua lista dos 100 Maiores Afro-Americanos (100 Greatest African Americans161 ) In 2008, a Universidade Townson deu o nome de Tubman House a uma nova residência universitária no campus de West Village, em homenagem a ela.


Notas

1. ^ a b Larson, p. xvii.

2. ^ Clinton, p. 12.

3. ^ Larson, p. 16.

4. ^ a b Humez, p. 12.

5. ^ Clinton, p. 4.

6. ^ Clinton, p. 5.

7. ^ a b c Larson, p. 10.

8. ^ Clinton, p. 6.

9. ^ Larson, p. 311-312.

10. ^ Clinton, p. 10.

11. ^ Larson, p. 34.

12. ^ a b Larson, p. 33.

13. ^ a b Clinton, p. 13.

14. ^ Humez, p. 14.

15. ^ Humez, p. 13.

16. ^ Clinton, pp. 17-18.

17. ^ Larson, p. 40.

18. ^ a b Clinton, p. 19.

19. ^ a b Larson, p. 38.

20. ^ Larson, p. 56.

21. ^ a b c d Larson, p. 42.

22. ^ Clinton, p. 22.

23. ^ Larson, pp. 42-43.

24. ^ Clinton, p. 20.

25. ^ Larson, p. 47.

26. ^ Clinton, pp. 23-24.

27. ^ Clinton, pp. 28-29.

28. ^ a b c Larson, p. 62.

29. ^ Larson, p. 63.

30. ^ a b Clinton, p. 33.

31. ^ Larson, p. 72.

32. ^ Clinton, p. 31.

33. ^ a b Cit. in Bradford (1971), pp. 14-15.

34. ^ Larson, p. 73.

35. ^ Clinton, pp. 31-32.

36. ^ Larson, pp. 74-77.

37. ^ Larson, p. 77.

38. ^ Cit. in Bradford (1961), p. 29.

39. ^ Larson, p. 78.

40. ^ Larson, pp. 78-79.

41. ^ a b Larson, p. 80.

42. ^ a b Cit. in Bradford (1971), p. 19.

43. ^ Larson, p. 81.

44. ^ a b Clinton, p. 37.

45. ^ Clinton, p. 38.

46. ^ Clinton, pp. 37-38.

47. ^ Larson, p. 83.

48. ^ Larson, p. 82.

49. ^ Cit. in Bradford (1971), p. 20. Ênfase no original.

50. ^ Larson, p. 88.

51. ^ Clinton, p. 60.

52. ^ Clinton, pp. 49-53.

53. ^ Larson, pp. 89-90.

54. ^ a b Larson, p. 90.

55. ^ Clinton, p. 82.

56. ^ Clinton, p. 80.

57. ^ Clinton, p. 85.

58. ^ Larson, p. 134-135.

59. ^ Larson, pp. 90-91.

60. ^ a b c Larson, p. 239.

61. ^ a b Clinton, p. 84.

62. ^ Douglass, p. 266.

63. ^ Reprinted in Bradford (1961), pp. 134-135.

64. ^ Cit. in Clinton, p. 85.

65. ^ Larson, p. 100.

66. ^ Clinton, p. 89.

67. ^ Larson, p. 125.

68. ^ a b Clinton, p. 91.

69. ^ Cit. in Clinton, p. 91.

70. ^ Larson, p. 101.

71. ^ Clinton, pp. 90-91.

72. ^ Cit. in Conrad, p. 14.

73. ^ Larson, p. 241.

74. ^ Cit. in Clinton, p.131

75. ^ Cit. in Clinton, p. 192.

76. ^ Larson, p. 119.

77. ^ Larson, pp. 143-144.

78. ^ a b Clinton, p. 129.

79. ^ Larson, pp. 158-159.

80. ^ Clinton, pp. 126-128.

81. ^ Larson, p. 159.

82. ^ Larson, p. 161.

83. ^ Larson, pp. 161-166.

84. ^ a b Clinton, p. 132.

85. ^ Humez, p. 39.

86. ^ a b Larson, p. 174.

87. ^ Clinton, pp. 134-135.

88. ^ Cit. in Larson, p. 177.

89. ^ Larson, p. 163.

90. ^ a b c Clinton, p. 117.

91. ^ Larson, p. 197.

92. ^ Cit. in Clinton, p. 119.

93. ^ Cit. in Larson, p. 197.

94. ^ a b Clinton, p. 121.

95. ^ Larson, pp. 198-199.

96. ^ Larson, p. 199.

97. ^ Larson, p. 202.

98. ^ Clinton, pp. 147-149.

99. ^ Larson, p. 195.

100. ^ Larson, p. 204.

101. ^ a b Larson, p. 205.

102. ^ Cit. in Larson, p. 206. Ênfase no original.

103. ^ Clinton, p. 157.

104. ^ Clinton, pp. 156-157.

105. ^ Larson, p. 209.

106. ^ Larson, p. 210.

107. ^ a b Clinton, p. 164.

108. ^ Larson, p. 212.

109. ^ Clinton, p. 165.

110. ^ a b Larson, p. 213.

111. ^ Cit. in Clinton, p. 166.

112. ^ Clinton, p. 167.

113. ^ Larson, p. 214.

114. ^ Clinton, p. 166.

115. ^ Cit. in Larson, p. 216.

116. ^ Larson, p. 216.

117. ^ Larson, p. 220.

118. ^ Cit. in Conrad, p. 40.

119. ^ Clinton, pp. 186-187.

120. ^ Larson, p. 180.

121. ^ Clinton, p. 188.

122. ^ Clinton, pp. 193-195.

123. ^ Larson, pp. 225-226.

124. ^ Clinton, p. 193.

125. ^ Larson, pp. 278-279.

126. ^ Larson, pp. 276-277.

127. ^ Larson, p. 232.

128. ^ Clinton, p. 198.

129. ^ Larson, p. 260.

130. ^ Clinton, p. 196.

131. ^ Larson, p. 244.

132. ^ Larson, pp. 264-265.

133. ^ a b c Clinton, p. 201.

134. ^ Larson, pp. 255-256

135. ^ Larson, p. 256.

136. ^ Larson, pp. 257-259.

137. ^ Clinton, p. 202.

138. ^ Cit. in Clinton, p. 202.

139. ^ Cit. in Clinton, p. 191.

140. ^ Clinton, p. 192.

141. ^ Larson, p. 287.

142. ^ Larson, p. 273.

143. ^ a b Larson, p. 275.

144. ^ Larson, p. 281.

145. ^ Cit. in Clinton, p. 209.

146. ^ Cit. in Larson, p. 285.

147. ^ Clinton, pp. 209-210.

148. ^ Cit. in Larson, p. 282.

149. ^ Larson, p. 282.

150. ^ a b Larson, p. 288.

151. ^ Cit. in Clinton, p. 214.

152. ^ Larson, p. xv.

153. ^ Larson, p. xx.

154. ^ Clinton, p. 216.

155. ^ Clinton, p. 215.

156. ^ Clinton, p. 218.

157. ^ a b c Larson, pp. 294.

158. ^ Larson, p. 290.

159. ^ a b Clinton, p. 219.

160. ^ Serviço Postal dos Estados Unidos (21 de fevereiro de 2002). “Postal Service Celebrates 25th Anniversary of Black Heritage Stamp Series”. Online em USPS Newsroom. Acessado em 13 de novembro de 2007.

161. ^ Asante, Molefi Kete (2002). 100 Greatest African Americans: A Biographical Encyclopedia. Amherst, New York. Prometheus Books. ISBN 1-57392-963-8. =

 

Bibliografia

  • Anderson, E. M. (2005). Home. Miss Moses: A novel in the time of Harriet Tubman. Higganum, CT: Higganum Hill Books. ISBN 0-9776556-0-1.
  • Bradford, Sarah (1961). Harriet Tubman: The Moses of Her People. New York: Corinth Books. LCCN 61-8152.
  • Bradford, Sarah (1971). Scenes in the Life of Harriet Tubman. Freeport: Books for Libraries Press. ISBN 0-836-98782-9.
  • Clinton, Catherine (2004). Harriet Tubman: The Road to Freedom. New York: Little, Brown and Company. ISBN 0-316-14492-4.
  • Conrad, Earl (1942). Harriet Tubman: Negro Soldier and Abolitionist. New York: International Publishers. OCLC 08991147.
  • Douglass, Frederick (1969). Life and times of Frederick Douglass: his early life as a slave, his escape from bondage, and his complete history, written by himself. London: Collier-Macmillan. OCLC 39258166.
  • Humez, Jean (2003). Harriet Tubman: The Life and Life Stories. Madison: University of Wisconsin Press. ISBN 0-299-19120-6.
  • Larson, Kate Clifford (2004). Bound For the Promised Land: Harriet Tubman, Portrait of an American Hero. New York: Ballantine Books. ISBN 0-345-45627-0.
  • Sterling, Dorothy (1970). Freedom Train: The Story of Harriet Tubman. New York: Scholastic, IncISBN 0-5904362-8-7.

 

Ligações externas

 

 


 

Tradução, pesquisa e seleção de imagens: Carlos Eugênio Marcondes de Moura

Imagens

-Tubman (extrema esquerda), com Davis (sentado, com bengala), sua filha adotiva Gertie (ao lado de Tubman), Lee Cheney, John “Po” Alexander, Walter Green, “Titia Sarah Parker, que era cega, e sobrinha-neta Dora Stewart, na residência de Tubman, Nova York, c. 1887

-C.M.I. All my sisters. (Todas minhas irmãs). Colagem fotográfica

Imagens – Artes Plásticas

Paul Collins. Harriet Tubman´s Underground Railroad

Janice Northcutt Huse. Harriet Tubman and a woman who helped her to escape (Harriet Tubman e uma mulher que ajudou-a a fugir). Óleo s/tela.

Janice Northcutt Huse. Harriet Tubman talking to her husband about escaping (Harriet Tubman conversa com seu marido sobre a fuga) Óleo s/tela.

Janice Northcutt Huse. Rendezvous with Harriet Tubman (Encontro com Harriet Tubman). Óleo s/tela

Janice Northcutt Huse. Help from above (A ajuda vem de cima). Óleo s/tela

Artista não identificado. A Passage to Freedom (Passagem para a Liberdade)

Kolongi Brathwaite. Harriet Tubman, The Underground Railroad

Charles White. General Moses (Harriet Tubman). 1965

Jerry Pinkney. Portrait of Harriet Tubman escorting escaped slaves into Canada (Retrato de Harriet Tubman guiando escravos fugidos até o Canadá). Ilustração. National Geographic

Pam McCabe. Harriet Tubman

Carlito Rovira. Retrato de Harriet Taubman. Acrílica s/tela

John Horner. Retrato de Harriet Tubman. Pastel e tinta

SandraHansen. Tears of Joy, Tears of Sorrow (Lágrimas de Alegria, Lágrimas de Tristeza)

Mural homenageando abolicionistas da região. Filadélfia. Prédio demolido em 2002.

Esculturas

Monumento a Harriet Tubman Escultora: Allison Saar. 2008. Localização: Saint Nicholas Avenue com Frederick Douglass Boulevard, Harlem, Nova York.

Monumento a Harriet Tubman (detalhe). Escultora: Allison Saar

Monumento a Harriet Tubman em Boston, Estados Unidos

Monumento a Harriet Tubman em Boston, Estados Unidos (detalhe)

Jim Gafgen (escultor). Harriet Tubman. Riverfront Park, Bristol, Pensilvanya, Estados Unidos

Harriet Tubman. Escultora: Jane DeDecker

Publicações

Literatura Infanto-Juvenil

Filatelia

Vários

Inauguração do Harriet Tubman Institute, na Universidade de York, Canadá

Ímã de geladeira

Agenda Escolar

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