Sofia Castelo é uma das candidatas a um concurso das Nações Unidas para a construção de um monumento permanente em memória das vítimas da escravidão e do tráfico transatlântico; são 12 candidatos de nove países.
Mônica Villela Grayley
As Nações Unidas devem anunciar em setembro a proposta vencedora para a construção de um monumento permanente em memória das vítimas da escravidão e do tráfico transatlântico de escravos.
O monumento será exposto na sede da ONU em Nova York a partir de 2014. Ao todo, concorrem 12 candidatos de nove países: Colômbia, China, Estados Unidos, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Itália, Romênia e Portugal.
Relação Distante
Única participante lusófona, a arquiteta-paisagista, Sofia Castelo, de Portugal, contou à Rádio ONU o motivo de sua proposta: um monumento batizado de “Middle Passage” ou passagem do meio, numa tradução livre.
“Criar um monumento do século 21 que promova uma relação direta, individual porque os monumentos do passado são estátuas. E a nossa relação com eles é uma relação distante. O grande desafio é pensar como é que podemos fazer isso hoje em dia. E temos muitos auxiliares a nosso alcance. Temos uma tecnologia que evoluiu muito e temos uma sociedade diferente.”
História
Para a arquiteta-paisagista, a pesquisa para participar do concurso das Nações Unidas para a construção de um monumento sobre as vítimas da escravatura também a ajudou a descobrir um pouco mais sobre a história de seu próprio país.
“Hoje em dia, a maior parte dos portugueses têm uma noção de si próprios que foi um conceito mais ou menos inventado. Que é a de um povo muito pacífico, muito bonzinho, muito gentil na colonização. Eu não estou a brincar. Os portugueses estão convencidos de que foram muito mais gentis na colonização dos outros povos do que os espanhois, do que os ingleses, dos holandeses ou dos franceses.”
Todos os 12 candidatos apresentaram suas propostas ao corpo de jurados na sede da ONU em Nova York. O projeto para o monumento final deve ser escolhido ainda esta semana, e anunciado, no próximo mês.
Fonte: Rádio ONU em Nova York.