Hoje na História, 27 de maio de 1963, o líder pró-independência e ex-prisioneiro Jomo Kenyatta é eleito primeiro-ministro do Quênia

Enviado por / FonteDa Fundação Lauro Campos
Jomo Kenyatta
Presidente do Quênia
de 1964 a 1978
20-10-1891, Ichaweri
22-8-1978, Mombaça

Do Klick Educação

Após deixar a Inglaterra, onde estudou e fundou, com Kwame Nkrumah, a Federação Pan-Africana, Kenyatta liderou a etnia quicuia. Detido em 1952, foi condenado a sete anos de prisão, acusado de encabeçar a Rebelião Mau-Mau. Libertado em 1959, permaneceu sob prisão domiciliar até 1961. Um dos lutadores mais populares e influentes da independência africana, assumiu, em 1961, a direção do Kenya African National Unity (Kanu). Em 1963, tornou-se primeiro-ministro do recém-independente Quênia e, em 1964, foi nomeado presidente da República com o título honorário de Mzee (velho senhor em suaili). Apesar dos conflitos internos, reuniu os clãs tentando harmonizar as antigas estruturas sociais com a nova realidade social da descolonização. Governou de forma autocrática, com um sistema de partido único. Foi sucedido por Daniel Arap Moi.

Quênia: Jomo Kenyatta e a independência

O queniano Jomo Kenyatta foi um líder destacado na luta de seu povo pela independência da Grã-Bretanha, nação que construiu um vasto sistema de exploração colonial que se prolongou até meados do século XX.

Em uma época na qual as metrópoles disputavam o domínio do continente, o Quênia e outras nações do leste da África se converteram em palco de um violento enfrentamento entre a Grã-Bretanha e a Alemanha pelo controle da região.

Antes da Grã-Bretanha

Em 1444, os portugueses começaram a penetrar a costa já explorada em busca de ouro e especiarias e acrescentar o comércio de escravos. Quatro anos depois, Vasco da Gama comandou uma expedição pela costa leste e iniciou a conquista expulsando os árabes do Quênia, da Somália e Tanganica (hoje parte da Tanzânia).

Os árabes reconquistaram territórios em 1670, mas os interesses europeus começaram a intervir na região, particularmente os ingleses e franceses. A Inglaterra, que tinha abolido a escravatura em 1834, começou a patrulhar a costa para impedir o tráfico e ao mesmo tempo fazer contatos com os dirigentes árabes para evitar a concorrência da França, iniciando sua entrada ao Quênia.

Na Conferência de Berlim realizada entre 1884 e 1885, as potências europeias repartiram entre si o continente. A Grã-Bretanha e a Alemanha acordaram que toda a terra ao norte do lago Vitória fosse propriedade inglesa e o território situado ao sul passasse a domínio alemão.

Em primeiro de julho de 1895, a Inglaterra proclamou o chamado Protetorado Britânico da África Oriental (Quênia-Uganda), apesar da resistência das tribos camba, kikuyu, massai e outras. Para dominá-los, os nativos foram encerrados em reservas e despojados de suas terras, que eram vendidas aos colonos que chegavam da metrópole.

Contra o domínio inglês

A luta contra a colônia começou quase com o novo século. Em 1920 foi conformada a Associação de Jovens Kikuyus, que realizaram as primeiras tentativas de organizar as forças mais avançadas da população.

Em 1924, a Associação adotou o nome de Associação Central Kikuyu dirigida primeiramente por Harry Thuku e mais tarde por Jomo Kenyatta, e só admitia em suas filas membros dessa etnia. A organização começou a lutar contra a expropiação massiva das terras dessa tribo e a influência de missionários europeus.

Kenyatta, figura já conhecida, viajou em 1930 a Londres representando a Associação, a qual foi declarada fora de lei devido à arrogância colonial. Convertido em líder, permaneceu na capital inglesa até 1945. Ali participou do Congresso Panafricano de Manchester em 1945, onde pela primeira vez se falou da independência do Quênia, o que provocou a ira dos colonialistas.

No Quênia

Enquanto isso no Quênia, as forças locais incrementaram a luta contra as políticas coloniais que reduziam consideravelmente a renda da população e aumentavam os já altos impostos. Como resposta às reivindicações, as autoridades permitiram que um nativo integrasse o Conselho Administrativo.

Já na primeira metade da década de 1940, milhares de quenianos eram recrutados para fazer parte das forças armadas britânicas que combatiam o eixo nazifascista no norte da África, na Etiópia e o império japonês na Birmânia.

Quando os soldados voltaram ao Quênia no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o domínio colonial estava enfraquecido pelo êxodo de alguns colonos e o desgaste ocasionado pelo conflito. Naquele momento, cresciam as demandas de independência e existia um forte rechaço contra o Conselho Legislativo, no qual cinco milhões de africanos só tinham um representante.

Última etapa

Em 1943 foi fundada a União Africana de Quênia (KAU), que a partir de 1947 foi presidida por Kenyatta, recém chegado da Inglaterra.

Uma rebelião dos kikuyus explodiu em 1952 nas altas mesetas quenianas, habitadas em sua maioria por membros dessa etnia, para reclamar a devolução de suas terras usurpadas pelo regime colonial e o fim do maltrato à população.

O colonialismo britânico recusou as demandas e implantou o estado de emergência que duraria sete anos, proscreveu os partidos políticos e prendeu seus dirigentes, entre eles Kenyatta.

Após sua libertação, Kenyatta foi detido em 1953 e condenado a prisão acusado de cumplicidade com o movimento Mau-Mau. A repressão aumentou com um saldo de 15 mil africanos assassinados e mais de 80 mil enviados aos campos de concentração.

A insurreição camponesa dos maumau, como ficou conhecido no mundo inteiro esse movimento, foi deformada e caluniada pela imprensa ocidental que atribuiu aos sublevados a violação dos direitos humanos. O colonialismo britânico mostrava sua crueldade.

Enquanto isso, a KAU ampliava suas filas para admitir membros de outras etnias importantes do país, como os camba, lou e outras. Assim, se formava a União Nacional Africana do Quênia (KANU), que substituiu a KAU.

Apesar da severa repressão das tropas britânicas, que em grande quantidade ocupavam o território queniano, a resistência se ampliou e as autoridades coloniais se viram obrigadas a ceder.

Em 1960, foi levantado o estado de emergência e a potência colonial prometeu uma Constituição e eleições para integrar a Assembleia Legislativa.

No entanto, o caminho do Quênia para a emancipação não esteve isento de obstáculos. Passaram vários anos antes que a nação obtivesse a independência em 12 de dezembro de 1963. Ao constituir-se a República, Kenyatta desempenhou os cargos de Presidente e Chefe de governo.

Roberto Correa Wilson é colaborador de Prensa Latina

Foto em destaque: Reprodução  do site Encyclopaedia Britannica)

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