• Selo Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva de Educação para as Relações Étnico-Raciais foi criado para reconhecer instituições de ensino que se destacam na educação antirracista
  • Honraria carrega nome de educadora preta que se tornou referência nacional na área

Sou do time dos que acreditam que homenagem boa é aquela feita em vida, enquanto a pessoa agraciada está presente neste plano. O selo Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva de Educação para as Relações Étnico-Raciais 2025 —premiação do Ministério da Educação (MEC) dentro da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ)— enquadra-se nesta categoria.

Criado para reconhecer as instituições de ensino que mais se destacaram na promoção da educação antirracista, o selo carrega o nome de uma mulher preta que se tornou referência nacional na área da educação. Petronilha destacou-se nacional e internacionalmente por lutar pela promoção da igualdade racial e o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nas escolas do nosso país.

A educadora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva – Marcos Santos/USP Imagens

Primeira negra a integrar o Conselho Nacional de Educação, ela teve atuação decisiva para a implementação da Lei 10.639/2003. Para quem ainda não sabe, esse é o diploma legal que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nos currículos oficiais da rede de ensino fundamental e médio do Brasil, e determinou a inclusão do Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro) no calendário escolar.

Semana passada, a professora doutora Petronilha —ou apenas Petrô, para os íntimos— pode desfrutar do prazer de ser homenageada em vida pelo Estado brasileiro numa solenidade na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), onde foi aplaudida de pé por um auditório lotado de professores, lideranças da sociedade civil e representantes dos movimentos sociais negros.

“Reconhecimento é bom e eu gosto”, disse ela. “É uma honra receber esta homenagem.” Como bem observou, as duas décadas de ERER (sigla para Educação das Relações Étnico Raciais) no Brasil levam ao questionamento sobre para qual projeto de Nação nossas palavras, nossos gestos e nosso trabalho estão contribuindo.


Ana Cristina Rosa – Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

Compartilhar