A falta de desejo já não é um problema majoritariamente feminino. Cada vez mais homens falam sobre isso
Por RITA ABUNDANCIA, do El Pais
Javier Bardem interpretando o típico ‘latin lover’ em Vicky, Cristina e Barcelona DIVULGAÇÃO
Quando o mal denominado Viagra feminino – a pílula que supostamente aumenta o desejo sexual das mulheres – foi inventado, parecia que a indústria farmacêutica já tinha cumprido com suas tarefas no que diz respeito à sexualidade e que os nossos problemas nessa área tinham desaparecido para sempre. Pois até pouco tempo atrás os grandes problemas sexuais se limitam a duas questões de enorme importância. Primeira: no caso deles, que estavam sempre prontos para o ato, chegava uma idade em que ainda queriam fazê-lo, mas não conseguiam mais. E eis que alguém inventou o Viagra, a fim de levantar colunas, vigas e estandartes e tornar quase possível que até mesmo a múmia de Tutancâmon apresentasse uma ereção.
Mas continuava existindo um outro obstáculo, no campo feminino, em que o problema não estava tanto no desempenho do ato, mas sim na ausência de vontade de praticá-lo. As mulheres são – talvez devêssemos dizer que eram – difíceis de convencer, acometidas frequentemente de enxaquecas ou outros males, excessivamente sensíveis e pouco aptas a aguentar o estresse. Características que pesavam na sua vida sexual. E se inventássemos uma fórmula que as fizesse terem mais desejo?, perguntaram-se os laboratórios, esfregando as mãos. Pois bem: após décadas de experimentações e testes, chegou-se ao “milagre” do Viagra feminino.
Pela primeira vez na história da humanidade, eles sempre estavam a postos e elas tinham mais vontade. Tínhamos encontrado a fórmula da felicidade, nada mais havia para impedir que o mundo revivesse seus episódios de dois losangos, como Sodoma e Gomorra. No entanto, como se fosse uma brincadeira do destino, eis que surge um problema inesperado. O único elemento que poderia alterar esse quebra-cabeças perfeito falhou, e os homens começaram a deixar de sentir vontade.