Imagem das mulheres negras nas redes sociais foi tema de ciclo de palestras

A primeira palestra do ciclo “Diversos, Intensos e Plurais”, foi realizada na Câmara de Atibaia em 7 de junho e teve como tema “O uso da imagem das mulheres negras nas redes sociais”. Simone Henrique, doutoranda e mestra em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), definiu-se como mulher, negra e periférica e sua abordagem buscou “partilhar inquietudes a serviço da cidadania, sem respostas fechadas”.

Do Atibaia SP

A palestrante Simone Henrique, doutoranda e mestra em Direitos Humanos. Foto: Reprodução/Atibaia SP

“Vivemos numa sociedade desigual, pautada por dois fenômenos: o sexismo, divisão de papéis e tarefas por conta do sexo biológico; e o racismo, que nos classifica por nossa origem étnica. Raça, existe apenas uma, a humana. Quando se fala em hierarquização, há etnias mais valorizadas que outras. Somos afetados por essas duas classificações, divisões que não nos auxiliam em nada e nos levam à destruição”, comentou Simone.

Para estimular a avaliação da presença e da representação das mulheres negras nas redes sociais, ela citou a escritora, filósofa e ativista do movimento negro Sueli Carneiro e a médica Jurema Werneck. Também abordou o caso da menina Titi, filha adotada do casal de atores brancos Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, que foi alvo de preconceito na internet, causando reação nas redes sociais.

Como exemplo de diferença na recepção e na reação às notícias nas redes, lembrou que a atriz negra Taís Araújo, casada com o ator negro Lázaro Ramos, foi uma das palestrantes do evento TEDXSão Paulo, onde falou sobre “Como criar crianças doces num país ácido” e levantou assuntos como racismo e misoginia. A atriz também destacou a preocupação na criação de seus filhos e denunciou o racismo sofrido por eles. Para Simone Henrique, Taís não teve o mesmo acolhimento e repercussão do casal de atores brancos.

Mais dois casos foram elencados pela palestrante: Raquel Maia, que foi executiva da Pandora, joalheria dinamarquesa, sendo uma das raras executivas negras no segmento de luxo no Brasil; e Verônica Bolina, negra, transexual, torturada em delegacia em São Paulo em 2014, cujas imagens da violência sofrida foram colocadas nas redes sociais pelos responsáveis por sua custódia.

“As redes sociais não são boas nem más. São ferramentas. Onde está a boa escolha? Nas nossas palavras, pensamentos, reflexões e inquietações. Precisamos ficar indignados com o que reproduzimos – mazelas e vícios – até sem querer. São problemas que precisamos resolver juntos, com todo mundo presente, com voz, representado”, concluiu Simone Henrique.

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