Instaurar um movimento inédito por não carregar fardos alheios

Sou bem sucedida. Eu fracassei. Instaurar um movimento inédito por não carregar fardos alheios

Por Cristiane Sobral, do Cristiane Sobral

Hoje parei para pensar sobre o efeito da ambição pelo sucesso a qualquer preço. Vivemos em um tempo de luta desenfreada pelo êxito. É como se as pessoas que conhecemos fossem divididas entre as que fracassam e as que vencem sempre, pelo menos é isso que costumamos ver nos relatos, nas conversas. As pessoas divulgam, principalmente nas redes sociais, o sucesso, compartilham as vitórias de outrem, vividas como se fossem suas, como se fosse vergonhoso fracassar. Continua…

Aí eu me pergunto: pessoas bem sucedidas não fracassam? Tenho certeza que fracassam o tempo todo. Mas porque então essa corrida desenfreada pelo primeiro lugar no pódio de qualquer espaço? Há muita crueldade nessas afirmações, muitas meias-verdades e silêncios opressivos não ditos. Voltando ao início do texto, é preciso refletir sobre o que seria o tal sucesso.

Quais os critérios de escolha das vitórias, não seriam opções individuais? Alguém ousaria dizer que no momento está vivendo um sucesso pleno por não conquistar absolutamente nada além de si mesmo? Eu ouso dizer que o sucesso pode estar distante de qualquer conquista material e que muitas vezes nem precisa ser anunciado aos quatro ventos.

Outros passos da estrada em construção. Não ter, abandonar, desapegar, instaurar um movimento inédito na própria história por não carregar mais fardos alheios. Caminhar sem medo e sem culpa. Ir refinando as camadas da alma, por etapas, doídas, conscientes, necessárias.Abraçar as imperfeições como desafios da existência. Sorrir menos, chorar mais, libertar-se da amargura, permitir-se o gozo, acarinhar-se, gostando mais de nós mesmos.

Afinal, e se você não tiver que ser outra pessoa, e se parar de criticar os erros e assumir que fazem parte da sua identidade, são marcar pessoais que só poderão ser mudadas por seu empenho pessoal, se é que faz-se necessária essa transformação. Ao invés de tentar virar outra pessoa, não seria melhor investir no ser que somos? Viver a satisfação de ocupar a carne que nos reveste e nos torna únicos.

Nesse exato momento, estou feliz porque resolvi parar um pouco no meio do caminho e aceitar que o desânimo é perfeitamente meu, será bem recebido, e muito bem tratado. Creio que podemos desanimar, chorar, abraçar os fracassos e viver o luto das perdas de cada dia, esse sim um privilégio para aqueles que desejam viver plenamente a sua humanidade, com seus paradoxos, suas contradições. Hoje não venci. Recebi o meu melhor troféu.

 

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