Em entrevista à CNN, a diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Pinto Werneck, afirmou que uma das preocupações atuais da organização é que “as instituições sabem que o racismo está influenciando os seus mecanismos”.
Werneck falou à CNN em meio a repercussão do assassinato de mais uma pessoa negra no Brasil – o caso do congolês Moïse Kabagambe.
Ela relembrou também o caso de Durval Teófilo Filho, assassinado por um sargento da Marinha dentro do condomínio em que ambos moravam. Hoje, a Justiça do Rio manteve a prisão do militar.
“O que me chama a atenção é que neste momento, século XXI, 2022, nós estamos vendo isso [casos de assassinato envolvendo racismo] ainda”, refletiu.
A diretora-executiva ressaltou que o Brasil é um dos países onde mais se mata pessoas negras.
Em dezembro no ano passado, um levantamento da Rede de Observatórios da Segurança apontou que, em pelo menos seis estados brasileiros, uma pessoa negra é morta a cada quatro horas em ações policiais.
Segundo o estudo, o Rio de Janeiro é o estado em que mais morrem negros em operações da polícia.
Werneck apontou que, ainda nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o governo estadual do Rio deve criar um plano para reduzir a letalidade das operações policiais em comunidades.
“As pessoas que moram em favelas, as pessoas que são negras, o movimento social têm soluções. É preciso sentar na mesa e trabalhar, mas trabalhar com o firme propósito de, nada a mais, nada a menos, cumprir a lei”, concluiu a especialista.