Interferência do namorado de Marta agrava crise em chapa

18/09/10

Em reunião com PC do B, Toledo sugeriu que Netinho se afastasse do PT

Legenda ficou irritada por empresário não ser petista; candidata reclama de ser preterida em favor do comunista


A interferência do empresário Márcio Toledo, namorado de Marta Suplicy (PT), na campanha dela ao Senado agravou a crise instalada entre os candidatos majoritários do partido em São Paulo.

No último domingo, Toledo teve uma reunião com o ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B), e sugeriu ao comunista que incentivasse um “distanciamento” entre Netinho de Paula (PC do B) e o PT paulista.

O fato de Toledo não ser petista nem integrar oficialmente a coordenação da campanha de Marta, mas, ainda assim, participar de reuniões e decisões políticas, enervou a cúpula do partido.

Netinho e Marta são os candidatos da chapa do PT ao Senado. O último Datafolha mostrou empate técnico entre os dois. Há duas semanas, ela liderava isolada a corrida eleitoral.

Desde então, Marta tem reclamado que sua campanha está sendo preterida pelo candidato do PT ao governo do Estado, senador Aloizio Mercadante, em favor da candidatura de Netinho.

O encontro entre Toledo e Orlando Silva, uma das lideranças nacionais do seu partido, aconteceu no último domingo. O secretário-geral do PC do B, Walter Sorrentino, também participou.

Orlando Silva procurou por Marta, mas Toledo foi designado para representá-la. Entre outras coisas, o namorado de Marta teria dito que o PT está dividido entre a ela e Mercadante, e Netinho teria escolhido “o lado errado”.

O comando da campanha do PC do B confirmou a conversa entre Orlando Silva e Márcio Toledo, mas argumentou que o objetivo do contato foi pacificar o clima entre os dois candidatos na reta final da campanha.

Na versão dos comunistas, o ministro procurou Marta para dizer que o PC do B não criará tensões.

Já a assessoria de imprensa de Marta disse que o ministro procurou Toledo para pedir que a petista e Netinho fizessem “agendas juntos”.
No entanto, o encontro agravou as relações entre os candidatos do PT.

Mesmo antes, o clima não era bom. Havia desconfiança de que Marta e Aloysio Nunes, candidato do PSDB ao Senado, tivessem feito acordo baseado na equação de que a petista não bate nem apanha do tucano, mas este ataca Netinho.

Na tentativa de aplacar a crise que se instalou por conta da conversa entre Orlando e Toledo, o presidente do PT no Estado, Edinho Silva, conversou na última quarta-feira com o ministro.

Edinho também esteve com Marta e o coordenador da campanha de Mercadante, Emidio Souza. Pediu união entre as candidaturas.

Fonte: Folha

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