Itamar Vieira Jr. não descarta novos livros infantis: “Terminei feliz esse desafio”

Enviado por / FonteA Tarde, por Edvaldo Sales

O premiado escritor baiano Itamar Vieira Junior (‘Torto Arado’) fez sua estreia na literatura infantil com o livro ‘Chupim’. A obra, em coautoria com a artista visual autodidata Manuela Navas, foi lançada hoje na Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô).

A trama explora a realidade brasileira e o trabalho no campo pela perspectiva da infância, a partir da figura de Julim, um menino que acompanha o seu pai no trabalho nas plantações de arroz. Em coletiva de imprensa antes do lançamento, na manhã desta sexta-feira, 9, o autor falou sobre o desafio de escrever para crianças.

“No começo, eu fiquei temeroso. Será que eu consigo escrever um texto com uma linguagem apropriada para criança? Eu fiquei com muito receio. Já faz muito tempo que eu fui criança. Se bem que eu acho que tem uma criança dentro da gente que não morre nunca, mas às vezes ela se perde também”, disse.

Itamar contou que é necessário esperar um tempo para encontrar essa criança. “E eu acho que eu fiz isso. Tentei encontrar essa linguagem que fosse uma linguagem direta e compreensível para as crianças. E eu comecei com esse desafio e terminei feliz”, destacou ele, que revelou ainda não descartar escrever mais para este público.

Eu comecei com um pouco de receio, medo de sair dessa história querendo escrever outras histórias para crianças.

Itamar Vieira Junior – escritor

Temas sociais para a criançada

Itamar falou sobre a importância de se abordar temas sociais em histórias infantis | Foto: Mila Souza | Ag. A TARDE

Itamar também falou sobre a importância de se abordar temas sociais em histórias infantis. “Eu acho que as histórias infantis podem ser muitas coisas. Mas somos pessoas, seres humanos, cidadãos, e a nossa vida não acontece desgarrada de tudo que está acontecendo à nossa volta no mundo”, enfatizou.

“Eu convivo com crianças, tenho sobrinhos, e as crianças querem saber por que as coisas são dessa maneira. Às vezes passam na rua, encontram uma pessoa em situação de rua, alguém pedindo, aquilo já desperta uma inquietação. Por que ele está aqui? E a gente precisa responder essas coisas para as crianças”, pontuou Itamar.

Segundo o escritor, as crianças não podem ser subestimadas.

É importante trazer para a literatura também temas como este. Claro, de uma maneira lúdica, sensível, sutil, que possa chegar a criança de uma maneira muito suave, mas que ainda assim ela não viva à parte desse mundo, que ela possa compreender. Essa é a minha visão sobre o tema.

Itamar Vieira Junior – escritor

Spin-off de ‘Torto Arado’

Ainda durante a coletiva, Itamar Vieira Junior revelou que a história de ‘Chupim’ é um spin-off de ‘Torto Arado’. “Eu escrevi algumas histórias [infantis] antes, mas nunca cheguei a publicar. É Importante que a gente faça esse exercício e tenha essa capacidade de entender o que é que a gente pode ou não publicar. Mas esse desejo de publicar o livro infantil é antigo e a história de ‘Chupim’ começou com ‘Torto Arado’”, contou.

O autor continuou: “Em ‘Torto Arado’ aparece uma passagem do livro de uma maneira muito rápida. Conta a história de algumas famílias. O irmão da Salustiana, que é mãe da Bibiana e Belonísia, ele migra com a família para trabalhar na fazenda e o que o gerente do local diz é que eles querem famílias com crianças porque elas são importantes para ajudar a espantar a praga, mas não diz o que é”.

Ilustração de Manuela Navas para ‘Chupim’ | Foto: Divulgação

Depois o leitor descobre que essa praga é o Chupim. Essa história já é contada em ‘Torto Arado’, mas na perspectiva de uma mulher mais velha, que é a Bibiana, que está lembrando suas memórias de infância.

“O desejo de retomar essa história a partir da perspectiva da criança surgiu aí. E foi dessa maneira que surgiu o Julim, que é o personagem deste livro. Ele é uma criança que desperta para o seu primeiro dia de trabalho, ou de brincadeira, na fazenda onde os pais trabalham e outros trabalhadores também estão e ele vai espantar a praga. Ele nem sabe direito o que é que chamam de praga. E é assim que ele vai conhecer o Chupim”, finalizou.


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