Iza fala de empoderamento feminino e representatividade da mulher negra

Formada em Publicidade e Propaganda, Iza viu sua vida mudar ao carregar um vídeo seu na web cantando e tudo passou a fazer sentido. Acostumada a cantar e fazer coreografias para se apresentar nas festas de família, a cantora vê seu nome crescer ainda mais, desde que passou a fazer parte da trilha sonora da novela das sete da Globo, “Rock Story“, com a música “Quem sabe sou eu”.

Iza largou a carreira de editora de vídeo para se dedicar a de cantora (Foto: Divulgação/Predita Junckes)

“Vivo em uma época muito especial, a gente precisa aproveitar o potencial que a internet tem para se comunicar. Ela é fundamental para passar minha mensagem para o maior número de pessoas possível de uma vez só. Acho que sou muito abençoada por ter nascido nessa época e por poder já lançar algo meu, sem precisar necessariamente de um grande investimento. E com isso entendi que posso tocar as pessoas com a minha música e a minha voz”, analisa ela.

São nos versos do seu single – “Abre o olho eu tô na moda e quem manda em mim sou eu” -, que Iza reforça sua identidade. E é isso que ela quer despertar nas pessoas: a noção de quem você é e o que faz para mudar sua realidade.

“Amor próprio, respeito e empoderamento. E quando falo amor próprio é essa exaltação àquilo que o negro é. Quando falo negro, tem muita gente que fala ‘poxa, mas você é tão forte, você pode influenciar tanta gente’, e é claro que sim! Mas ainda sou uma menina negra da Zona Norte do Rio, então é essa a realidade que eu trago”, completa.

Menina. Negra. Zona Norte. São as suas características que Iza quer ressaltar por onde quer que passe. E seu objetivo é que muitas outras mulheres, negros e pessoas que se identificam com ela estejam ao seu lado.

“Preciso falar dessas questões porque não estou na frente das câmeras e falando com várias mídias diferentes só para entreter, para divertir… Isso também é bacana, mas tenho uma missão. Tem várias ‘minas’ negras que queriam estar no meu lugar e carrego elas junto comigo. Também tem a questão da representatividade: é preciso que as pessoas se enxerguem na TV, nas novelas, na música, nos brinquedos que compram”, opina.

“A gente passa por muitas coisas na adolescência e infância que são amenizadas quando a gente vê alguém igual a gente na TV. Isso porque penso na menina negra que eu era e em como foi importante ouvir coisas que falo hoje. Se escutasse na TV alguém falando que cabelo crespo é lindo, talvez não alisasse o meu até os 20 anos”.

Mas, para Iza, a realidade vem mudando de acordo com o tempo. “Me sinto cada vez mais representada. Estamos vivendo um momento muito especial, caminhando, engatinhando. Ainda falta muito, mas é um momento de conscientização. Tem várias empresas que se aproveitam disso pra ganhar dinheiro, isso sempre aconteceu, mas ainda que isso seja nocivo por um lado, é importante por outro”, desabafa.

“Me ver em um comercial de um produto para cachos, para cabelo crespo são coisas muito importantes. A gente tem atrizes e cantoras negras, mas acho que ainda falta muito negro em cargos de importância por trás das câmeras, como diretores, assistentes de diretores, diretor chefe… Não só no meio musical, né? Tem várias outras áreas que faltam, por isso estamos engatinhando”.

Iza: ‘Sou uma menina negra da Zona Norte’ (Foto: Divulgação/Pedrita Junckes)

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