Jaguariúna – Ecos da consciência negra

Se há um ato público, advindo dos gabinetes governamentais, desta feita tendo o timbre do governo do Estado de São Paulo, diria sem medo de errar de que se trata do dia dedicado a: “Consciência Negra”.

Cujas festividades geralmente acontecem no raiar do cada dia 20 de cada florescente mês de novembro. E em Jaguariúna não fica indiferente a tão importante data, daí prestar relevantes homenagens ao guerreiro zumbi e aos seus irmãos de infortúnio que tanto sofreram num passado distante ao serem transportados em navios negros, acorrentados até os cabelos em direção aos nossos portos, vindos das colônias portuguesas, plantadas na tórrida África. Quando então, uma mãe aflita, um pai desconsolado ou uma esposa apaixonada ficaram na boca de um solitário cais a chorar, sem que ninguém contudo os consolasse a acenarem lenços brancos sem a mínima chance de qualquer retorno na terra amada.

Por esta razão, a Municipalidade jaguariunense e um grupo de pessoas da alta expressão se unem em esforço concentrado com a finalidade prestar a esses irmãos escravizados toda a sorte de homenagens. Assim, no aflorar de cada dia 20 de novembro, a cidade Estrela da Mogiana, os saúdam com shows especiais de renomados artistas, conferências elucidativas, atos religiosos, danças folclóricas. Todos esses movimentos afro-brasileiros no decorrer do tempo sempre contaram com a efetiva colaboração de nossas autoridades civis e eclesiásticas e de uma parcela bem intencionada de lideres da sofrida classe, entre os quais destacamos: Rita Ribeiro, Maria de Lourdes e outros tantos colaborados anônimos.

Tais homenagens se fundamentam num profundo ato de reconhecimento ao líder zumbi, guerreiro do Quilombo dos Palmares, que foi assassinado em 1665, defendendo até a morte o direito de liberdade e de igualdade de seus irmãos escravizados, humilhados e preteridos no século XVII. Da morte de Zumbi até a promulgação da Lei Áurea, se passaram mais de 223 anos, visto que essa benfazeja Lei, só foi assinada em 13 de maio de 1888, por um ato de justiça e clemência da bondosa Princesa Izabel. Prova maior não há por parte de um Deus eterno que não faz distinção entre o conflito de raça e cor, entre o pobre e o rico e entre os princípios de credos religiosos ou quaisquer correntes filosóficas, porque na realidade, fomos todos regenerados pelo sangue do Cordeiro de Deus e criados a imagem e semelhança de Deus. O temor de Deus é o começo da sabedoria. Sábios são aqueles que o adoram porque sua glória subsiste eternamente.

Fonte: Gazeta Regional

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