Jornalista foi expulso de cinema por seguranças do Mooca Plaza Shopping. Polícia disse que não faria nada

O delegado geral Marcos Carneiro Lima determinou que a Polícia Civil investigue se o jornalista José Rodolfo Pereira, 26 anos, foi vítima de racismo ao ser expulso de uma sala de cinema no Mooca Plaza Shopping, Zona Leste, no sábado.

José foi surpreendido por um funcionário do cinema alegando ter recebido uma denúncia de que o jornalista estava se masturbando na sessão. Minutos depois, o gerente voltou a procurá-lo e comunicou que ele não poderia mais ficar ali.

Segundo os funcionários, a queixa foi feita por uma mulher que estava ao lado de José. O jornalista conta que a água e a pipoca dela caíram e ele colocou de volta no lugar. “E foi só. Nem olhei para o rosto dela”, diz José.

O shopping não permitiu que José argumentasse. Ninguém levou em consideração o fato de a calça dele estar no lugar e nenhuma testemunha do possível ato obsceno ter sido chamada. Também não informaram o nome da mulher que supostamente fez a denúncia ou chamaram a polícia para formalizar a acusação.

O jornalista conta que a indignação foi tanta que ele preferiu ir embora para evitar mais constrangimento. O dinheiro do ingresso foi devolvido. Negro, o rapaz encontra na cor de sua pele a única justificativa para o que aconteceu. “Eu nunca coloquei isso à frente de qualquer coisa na minha vida, mas está claro que fui vítima de preconceito. Um racismo velado”, disse.

No caminho de casa, José foi até o 26º DP (Sacomã), onde foi informado que não poderia registrar o caso sem fornecer o nome dos seguranças que o expulsaram. No 18º DP (Alto da Mooca), ele fez um boletim de ocorrência de natureza não criminal e foi orientado a procurar um advogado.

Para Hédio Silva Júnior, ex-secretário estadual de Justiça, José foi vítima do shopping e da polícia, que não deu atenção para o caso. “Não precisa dizer que ele foi expulso porque é negro. Isso é óbvio”, opina.

Ao ser informado pelo DIÁRIO sobre o ocorrido, o delegado geral admitiu a falha da polícia e determinou instauração de inquérito policial. “Nossa obrigação é investigar. Foi uma atitude lamentável”, disse.

A reportagem procurou os responsáveis pelo Mooca Plaza Shopping durante toda a tarde de ontem e foi informada de que o expediente administrativo funciona só de segunda a sexta.

 

 

 

Fonte: Rede Bom Dia

+ sobre o tema

“A impunidade incentiva práticas racistas”, diz a primeira desembargadora negra do TJDFT

“Não se é negro impunemente”. Esta frase foi repetida...

Rapaz diz que ator Luís Salém o discriminou: ‘Você é preto e feio’

Por: Ana Carolina Torres     Um homem diz ter sido alvo...

Impeachment: o que pensa a juventude negra?

Entre as contradições de 13 anos de governo petista,...

para lembrar

‘Ser ator negro é difícil’ diz Taiguara sobre a TV brasileira

Taiguara Nazareth, 35, ator que atuou na minissérie...

Denúncia é peça-chave contra crimes de racismo

Até novembro de 2016, Minas Gerais anotou 301 processos...

“Prendam os suspeitos de sempre”

Conrad Zdierak, à esquerda, usava máscara de um afro-americano...
spot_imgspot_img

Elites que se tornaram uma caricatura

Em salões decorados com obras que ninguém sabe explicar e restaurantes onde o nome do chef vale mais que o sabor da comida servida, uma parte da elite...

Festa de São Jorge é a utopia de um Rio respeitoso e seguro

Poucas celebrações são mais reveladoras da (idealizada) alma carioca e, ao mesmo tempo, do fosso de brutalidade em que nos metemos. Todo 23 de...

Belém e favela do Moinho, faces da gentrificação

O que uma região central de São Paulo, cruzada por linhas de trem, a favela do Moinho, tem a ver com a periferia de Belém, sede...
-+=