Jovem se torna a 1ª finalista brasileira em concurso mundial de design da Adobe: ‘Mulher, negra e representando o Brasil’

Enviado por / FontePor Bárbara Marques*, G1

Jéssica Cruz, de 22 anos, é pioneira na disputa final da categoria Photoshop. Com conquista, designer de Sumaré é a primeira do país a concorrer a troféu na área em 12 anos de competição.

Aos 22 anos e com a simplicidade como principal característica, Jéssica da Cruz, moradora de Sumaré (SP), se tornou a primeira brasileira a ser finalista na Olimpíada de Jovens Criativos da Adobe. A chegada da jovem à final da categoria Photoshop é pioneira entre homens e mulheres do Brasil desde que a competição mundial teve início, há 12 anos.

A final do concurso acontece em novembro, em uma cerimônia realizada pela internet em razão da pandemia da Covid-19. Antes de chegar à etapa mundial da disputa, a estudante de Design Gráfico se consagrou campeã da seletiva nacional.

“Eu fico muito feliz por ser mulher, negra e estar representando o Brasil mundialmente. É um jeito de mostrar para a sociedade que é possível, com este perfil, eu estar nesta posição”, diz Jéssica.

O concurso testa a habilidade em design de jovens entre 16 e 22 anos. Prestes a completar 23, Jéssica conseguiu conquistar uma vaga na final do concurso com um “carrossel”, ou seja, uma sequência de imagens feitas em uma mesma publicação no Instagram. Veja abaixo.

Como parte do concurso deste ano, em um laboratório em São Paulo (SP), Jéssica e os concorrentes tiveram de fazer artes para as redes sociais de uma Organização Não Governamental (ONG) que cuida de animais abandonados na capital, com um banco de imagens não profissional.

Todo o material foi doado para a ONG “Acãochego”, que usou as artes para fazer a divulgação do trabalho voluntário.

Primeiros passos

Atualmente, Jéssica está na reta final de um curso de Design Gráfico em Campinas. Antes de ingressar neste estudo, em 2018, a jovem completou a formação de quatro anos como Técnica de Informática.

Quando saiu da capacitação, a estudante de design entendeu que queria trabalhar com o computador, mas não com programação. A oportunidade veio quando dois amigos a convidaram para ser funcionária na empresa deles.

“Fiquei em treinamento por dois meses, só recebendo como feedback que a arte havia sido reprovada”, conta Jéssica aos risos.

Apesar do desconhecimento inicial sobre design, a jovem conta que foi nesta experiência que aprendeu a fazer artes e editar vídeos. Com isso, decidiu se profissionalizar.

“Nem sabia que a área [do design] existia e acabei me apaixonando”, diz .

A designer Jéssica Cruz, de Sumaré (SP) com a certificação internacional da Adobe — Foto: Ester Vieira/Epic School


Simplicidade que basta

Desde que entrou no mundo do design, a simplicidade é, para Jéssica, uma espécie de assinatura profissional. A jovem defende que o que precisa prevalecer em uma arte é a boa estética e uma frase que chame a atenção do cliente.

Foi essa a estratégia que a levou para a final do concurso mundial de design e, na última disputa, vai continuar sendo sua aposta.

A simplicidade prevalece também nos planos futuros para a vida dela, pelo menos neste momento. Apesar de estar em uma competição internacional, Jéssica não pensa, atualmente, em se mudar do país.

“Eu estou vivendo um sonho que nem sempre sonhei, porque eu sequer conhecia essa área [do design]. Sair do Brasil não é meu sonho. Até o momento, atender os meus clientes basta”, diz.

Recado para jovens

Para participar da competição internacional, Jéssica teve de receber a certificação de proficiência nas ferramentas da Adobe. Para isso, a jovem fez uma prova para comprovar seus conhecimentos teóricos e práticos, na qual obteve nota 921. A máxima é 1 mil.

A diretora da escola de design onde Jéssica estuda explica que a certificação internacional funciona como um passaporte, pois abre portas para oportunidades de trabalho fora do país, já que o jovem pode trabalhar do quarto de casa – basta a internet e um computador.

“A computação gráfica não é para rico. Tecnologia é para todo mundo. É uma possibilidade de atingir o mundo estando no quarto de casa”, pondera Ester Vieira.

E a expectativa?

A final online, que ocorre em novembro, contará com uma prova feita na capital no dia 18. Os três primeiros colocados no campeonato recebem troféus, medalhas, certificados e prêmios em dinheiro, que vão de US$ 1,5 mil a US$ 7 mil.

Apesar dos prêmios materiais, Jéssica pondera que a iniciativa, que nasceu justamente tendo como base temas sociais e ambientais para ajudar Ongs, envolve outras conquistas.

“Tenho fé e muito desejo de vencer, mas eu já estou vivendo uma experiência, então, considero que já venci. E eu fico muito feliz, porque vejo que essa é a área do futuro”, diz Jéssica.

*sob a orientação de Bárbara Brambila.

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