A judoca Sarah Loko passou por uma situação constrangedora no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, na última segunda-feira. Francesa de cidadania belga, a atleta negra alega que foi vítima de preconceito racial por parte de uma funcionária da companhia aérea LAN, responsável por checar os passaportes na hora do embarque do voo 8096, previsto para 17h40.
no ESPN
Em viagem pela América no Sul desde a última semana para disputar competições classificatórias para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto, Sarah já passou pelo Peru, onde conquistou a medalha de prata na categoria de 63kg, e precisou fazer uma conexão na capital paulista para embarcar rumo a Buenos Aires, na Argentina.
Foi então que, na fila para entrar no avião, a judoca precisou responder a várias perguntas feitas pela funcionária e esperar que todos embarcassem para então poder passar. Segundo Sarah, a mulher que a ‘interrogou’ duvidou que ela estivesse mesmo viajando para competir, mas não fez o mesmo com os atletas da equipe da Grã-Bretanha, que embarcaram sem problemas.
“Eu era uma das primeiras da fila e estava usando a jaqueta da seleção. E então ela começou a falar comigo e fez várias perguntas: perguntou de onde eu era e disse que havia um problema com meu passaporte. Eu disse que era impossível porque ele era novo, de dois meses atrás. Depois, questionou se eu estava mesmo competindo e pediu pra ver minha passagem de volta para a Bélgica”, contou ao ESPN.com.br.
“Então, ela me fez esperar que todos entrassem para depois me deixar passar, como uma criminosa. Eu já estava perdendo a paciência e ninguém fez nada. Disse que ela não tinha o direito de fazer aquilo só por causa da minha cor e que ela nem da polícia era. Ela me ignorou, continuou fazendo perguntas e pediu o convite que eu tinha recebido para a competição Aí questionei o porquê de ela não fazer o mesmo com a seleção da Grã-Bretanha, que estava ali também”, continuou.
Sarah Loko afirmou que era a única negra no avião e que, portanto, o entrave não foi aleatório. “Falei que ela não podia fazer aqui porque eu era negra, mas pareceu que eu estava falando com a parede. Ela continuou mexendo no computador, sem expressão alguma no rosto, me ignorando. Fui a última a entrar. Ainda estou chocada com o que aconteceu. Tenho 29 anos, viajo pelo mundo e nunca tinha visto isso. Se eu não tiver uma retaliação, vou para a Justiça”, completou.
Procurada pelo ESPN.com.br, a companhia aérea TAM respondeu por meio de sua assessoria de imprensa após apurar o caso.
“A TAM informa que em nenhum momento agiu de forma discriminatória. A companhia reforça ainda que valoriza e respeita a diversidade entre as pessoas independentemente de idade, gênero, orientação sexual, religião e etnia. A TAM esclarece que seguiu a legislação vigente e os procedimentos de segurança previstos para o setor aéreo, realizando a verificação dos documentos de todos os passageiros do voo”.
A judoca nasceu na França, mas depois de uma lesão acabou perdendo espaço e conseguiu cidadania belga. Agora, busca uma vaga para defender a Bélgica nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro – ficoufora da Olimpíada de Londres, em 2012. Depois de competir em Buenos Aires, a atleta seguirá para o Chile. Campeã da Copa do Mundo no Cairo, em 2010, em Praga, em 2011, Sarah Loko está, atualmente, no 92º lugar no ranking internacional de judô.