Julgamento de neonazista expõe “ponto cego” da ultradireita alemã

Uma neonazista começou a ser julgada na segunda-feira por vários homicídios racistas que escandalizaram a Alemanha e expuseram a incapacidade ou relutância das oridades em reconhecer crimes da ultradireita.

A descoberta casual do grupo Subterrâneo Nacional Socialista (NSU), que passou mais de uma década sem ser detectado, obrigou a Alemanha a admitir que seus grupos neonazistas são mais ativistas e perigosos do que se pensava anteriormente.

Beate Zschaepe, de 38 anos, é acusada de cumplicidade na morte a tiros de oito turcos, um grego e uma policial alemã em cidades de toda a Alemanha, entre 2000 e 2007, além de dois atentados a bomba contra bairros de imigrantes em Colônia e 15 roubos a banco. Seus dois supostos cúmplices homens cometeram suicídio em 2011.

A ré compareceu ao tribunal com terno preto, blusa branca, brincos grandes e os cabelos compridos lustrosos -uma imagem bem diferente das grosseiras fotos policiais estampadas na imprensa alemã nos últimos meses.

Quatro outros réus são acusados de auxiliarem o NSU, um deles foi ao tribunal escondendo-se sob um capuz.

O caso agitou um país que acreditava ter aprendido com as lições do passado, e reabriu o debate sobre a necessidade de combater o racismo e a ultradireita.

“Com suas dimensões históricas, sociais e políticas, o julgamento do NSU é um dos mais significativos na história alemã do pós-guerra”, disseram em nota os advogados da família da primeira vítima, o florista Enver Simsek.

Em frente ao tribunal, que estava vigiado por cerca de 500 policiais, manifestantes de origem turca e ativistas contra o racismo exibiam cartazes, como o que dizia: “Zschaepe, filha de Hitler, você vai pagar por seus crimes.”

A existência do NSU foi revelada em novembro de 2011, quando os dois parceiros de Zachaepe cometeram suicídio após um frustrado roubo a banco.

Eles incendiaram o trailer, e nos destroços a polícia achou a arma usada nos dez homicídios e um grotesco DVD reivindicando sua autoria. Nesse vídeo, os cadáveres eram mostrados junto com uma Pantera Cor-de-Rosa que avisava o número de mortos.

Após os suicídios, Zschaepe teria supostamente incendiado um apartamento que ela dividia com os cúmplices em Zwickau, no leste da Alemanha. Quatro dias depois, entregou-se à polícia em Jena, a sua cidade, dizendo: “Sou quem vocês procuravam.”

 

Leia Também:

RS é o segundo Estado que mais baixa conteúdos neonazistas na internet – por Marcelo Gonzatto

Merkel: Cumplicidade do povo alemão levou ao nazismo 

 
 
 
 
Tese de doutorado revela práticas nazistas no Brasil 
 

 

Fonte: Terra

+ sobre o tema

Cine debate sobre o filme “Além do Espelho” conta com a presença da diretora Ana Flauzina

Reprodução/ Alma Preta A discussão sobre o filme também terá...

UEFA pedirá a capitães europeus para usar braçadeiras antiracismo

Por Brian Homewood GENEBRA, 22 Out (Reuters) -...

Indignado, Juan exige providência contra racismo

Zagueiro brasileiro da Roma foi alvo de cânticos preconceituosos...

Comercial d’O Boticário com família negra sofre ataques racistas

Uma campanha publicitária da franquia de cosméticos e perfumes...

para lembrar

Militarizada, GCM paulistana age como PM e mata criança de 11 anos

No último domingo (26) o menino Waldik, de 11...

Negros na Itália

- Negros na Itália - Os negros na Itália...

Advogados de Rafael Braga afirmam que juiz nega direito à ampla defesa do ex-catador

Magistrado Ricardo Coronha afirmou ser “impertinente” pedido de acesso aos...
spot_imgspot_img

Violência política mais que dobra na eleição de 2024

Foi surpreendente a votação obtida em São Paulo por um candidato a prefeito que explicitou a violência física em debates televisionados. Provocações que resultaram...

Carandiru impune é zombaria à Justiça

É um acinte contra qualquer noção de justiça que 74 agentes policiais condenados pelo massacre do Carandiru caminharão livres a partir de hoje. Justamente na efeméride de...

Doutorando negro da USP denuncia racismo em ponto do ônibus da universidade; testemunhas gravaram gesto racista

Um aluno de doutorado da Universidade de São Paulo (USP) denunciou ter sofrido racismo em um ponto de ônibus no Conjunto Residencial Universitário (CRUSP), na Cidade...
-+=