A trajetória artística de Juliana Alves começou ainda na infância. Aos 4 anos de idade, já fazia aulas de dança e entrou para o teatro aos 10. A artista integrou o balé do Faustão no início dos anos 2000 e em 2003 fez sua estreia nas novelas como Selma em Chocolate com Pimenta, que está sendo reprisada no Vale a Pena Ver de Novo. Depois de 20 anos, ela contabiliza 12 novelas, 11 séries e especiais, 8 filmes e um espetáculo musical. Atualmente, a atriz está no ar como a modelista Wanda Pacheco em Amor Perfeito, a dona da loja A Brasileira Elegante que vende produtos “ousados” para a mentalidade interiorana da época.
“Para contar essa história, eu me inspiro em mulheres que influenciam mulheres, que fortalecem e encorajam outras mulheres a vivenciarem coisas que elas acham que podem ser inadequadas, que elas não se permitem vivenciar”, contou em entrevista à Marie Claire.
“Para contar essa história, eu me inspiro em mulheres que influenciam mulheres, que fortalecem e encorajam outras mulheres a vivenciarem coisas que elas acham que podem ser inadequadas, que elas não se permitem vivenciar”, contou em entrevista à Marie Claire.
“Quando uma novela de época deixa de silenciar, ela dá visibilidade à essas histórias, essas pessoas de formas tão diversas e com tanta importância, ela influencia o nosso olhar sobre a nossa realidade e nos inspira a promovermos cada vez mais ações para melhorar as condições de vida das pessoas negras no Brasil”
Com esses dois projetos no ar na TV Globo, Juliana testemunhou o crescimento da diversidade nos elencos das novelas e o impacto da representatividade na TV aberta nas últimas duas décadas. “É inegável que as telenovelas têm uma influência muito grande no imaginário popular e nas possibilidades que as pessoas enxergam, de vivências, de transformações, na divisão de trabalho e nos caminhos que a gente escolhe para as nossas relações”, analisou.
“As novelas de época antigamente, há 20 anos atrás, elas invisibilizavam de alguma maneira as pessoas negras. Primeiro porque não tinham intérpretes negros sendo convidados a realizar determinados personagens e segundo que essa história de vida dessas pessoas negras, elas estavam na periferia. Elas estavam como algo que não era relevante, apenas dentro de um contexto geral”, pontuou.
Com 20 anos entre ambas as novelas, Juliana considera a trama escrita por Duca Rachid e Júlio Fischer um marco na TV por trazer “uma quantidade muito maior de pessoas negras sendo representadas” e por contar “histórias diversas”: “Quando você traz pessoas negras, diretores, autores negros, para essa criação a narrativa ela fica muito mais real e representativa de uma realidade. Essa novela está cumprindo um papel importante de representar o Brasil e honrar toda essa riqueza que a gente tem”.
Histórias positivas na TV e nos streamings
Além da novela da TV Globo, Juliana Alves lança ainda este ano a superprodução O Sequestro do Voo 375, para o Star+, baseado em uma história real, e o último filme da quadrilogia Um Ano Inesquecível, que adapta o livro de Babi Dewet, Bruna Vieira, Paula Pimenta e Thalita Rebouças para o Prime Video. No longa Primavera, que é dirigido por Bruno Garotti e Jamile Marinho, e será lançado no dia 26 de junho, a artista poderá contar “uma história brasileira que nos orgulha muito”.
“É a primeira vez que eu tenho uma família bem estruturada, uma família feliz, apesar dos problemas que vão ser apresentados no no filme”, comemorou. “Isso me orgulhou muito que, ao longo da minha carreira eu não tive tantas oportunidades de ter uma família bem estruturada. As famílias negras, muitas vezes, não são muito bem representadas ou antes não se trazia essa possibilidade. Foi a primeira vez que eu tive essa alegria de ser uma mãe, da maneira que eu fui”.
Voz ativa nas redes sociais
Com mais de 3 milhões de seguidores somente no Instagram, o trabalho artístico de Juliana desperta a curiosidade do público e permite que sua voz ativa na luta antirracista fure a bolha e atinja um amplo número de pessoas: “Eu sempre tive a minha carreira como um instrumento também de transformação social, nunca vi a minha carreira descolada disso”.
“Quando eu participo de um programa de televisão e eu quero que honrem o meu esforço, eu quero que honrem a minha trajetória e tudo que eu trouxe de proposta artística, sempre isso passa por uma construção de projeto coletivo, de mudança de Brasil, de inspiração, de autoestima coletiva”, afirmou. “Me vejo muito mais inspirada a continuar com uma voz ativa, que muitas vezes é uma voz que vai representar outras pessoas que não conquistaram ainda essa escuta”.