Policiais militares suspeitos de ter executado dois homens que já haviam sido rendidos foram liberados menos de 24 horas depois de ter ido para a cadeia.
Por meio de fotos, a Polícia Civil descobriu que os PMs armaram um falso tiroteio e ainda mentiram em depoimento.
A juíza Ariadne Vilela Lopes acolheu um pedido do Ministério Público (MP). Na decisão, ela afirma que os fatos elencados pelo MP cumpriram seu dever legal.
A juíza cita, ainda, o excludente de ilicitude – um artigo do código penal que exclui a culpa em caso de exercício regular da profissão ou legítima defesa. O que, segundo a Polícia Civil, não foi o caso.
A suspeita é de que os policiais Bernanrdo Costa de Azevedo, Marlon Henrique Souza, Anderson Ricardo da Silva, Thiago Lira da Rocha e Jonathan da Silva tenham matado dois traficantes por vingança no Andaraí, Zona Norte do Rio.
Os mortos foram identificados como Carlos Alberto Vital e Anderson da Silva. Os PMs relataram à Polícia Civil, em primeiro depoimento, que estavam em uma área de mata quando foram foram surpreendidos e atacados por cinco bandidos.
Os militares admitiram ter disparado mais de 60 vezes usando fuzis.
Na delegacia, os policiais afirmaram, também, que dois homens foram presos, um menor apreendido e outros dois homens acaram feridos e levados a um hospital.
No entanto, o pedido de prisão dos PMs traz outras versão.
O documento diz que fotos comprovam que os traficantes que acabaram mortos estavam algemados e usando as mesmas roupas com as quais seus corpos foram encontrados.
Para a Polícia Civil, não restam dúvidas de que os policiais algemaram os homens e que as mortes não ocorreram em confronto ou em legítima defesa.
O RJ1 apurou que os PMs levaram os bandidos para uma cabana em um local de mata fechada. Lá, atiraram para o alto, simulando um confronto.
Ainda de acordo com a apuração do RJ1, os PMs disseram que dois bandidos seriam assassinados. Por fim, eles ainda teriam obrigados três suspeitos a carregarem os corpos dos comparsas mortos.
Os PMs ficaram presos por menos de 24 horas no Batalhão Especial Prisional (BEP), em Niterói, Região Metropolitana do Rio.
Por meio de nota, o MP afirmou entender que os indícios aos quais teve acesso eram frágeis – por isso pediu a liberdade provisória dos policiais.
A PM afirmou que colabora com as investigações da Polícia Civil, que há uma investigação interna por meio de um Inquérito Policial Militar sobre o caso e que os policiais estão afastados das ruas.