Lanceiros Negros

 

O dia 14 de novembro de 2005 marcou os 161 anos do episódio conhecido por Traição de Porongos, que foi o massacre sofrido pelos Lanceiros Negros na Revolução Farroupilha.
Os negros (escravos) eram recrutados junto aos estanceiros (seus donos), e lutavam em troca da liberdade ao final da guerra. Ficaram conhecidos por Lanceiros Negros, por causa da bravura e dos grandes serviços prestados ao exército, formando uma “tropa de choque” farroupilha.
No final da guerra, os farrapos e os imperiais se preparavam para assinar o tratado de paz (tratado do Poncho Verde), mas discordavam num ponto: a libertação dos Lanceiros Negros. Os imperiais queriam que eles voltassem à condição original de escravos.
Nesse contexto, os líderes farrapos não encontraram outra saída para a paz, senão trair os negros que arriscaram a vida pela causa abolicionista. Os farroupilhas desarmaram as tropas de Lanceiros Negros, e os imperiais atacaram-nos de surpresa, acabando com o empecilho para a paz.
Esse fato é relatado em documentos, mas não aparece nos livros de escola. E se pouco já se fala dos negros na guerra e de seu heroísmo, em quase nada se toca no assunto da ignóbil traição sofrida por eles.
FarraposAinda hoje, há tradicionalistas que contestam o acontecido, vociferando aos quatro ventos que os historiadores são contra a cultura gaúcha e que querem macular os heróis farrapos. Mas eles só querem, isto sim, que a verdade venha à tona, para que se possa conhecer melhor o nosso passado e a nossa história.
Para atenuar um pouco da culpa e fazer uma simbólica homenagem à esses heróis anônimos da Revolução Farroupilha, uma pequena área do parque Redenção (em Poa) foi denominada de Espaço Lanceiros Negros, por proposta do vereador e historiador Raul Carrion (PC do B).
Isso foi um triste episódio da história gaúcha e um desonroso final para uma revolução que tanto nos enche de orgulho. Que não sirva esta nossa façanha de modelo a nenhuma terra.

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