Lanchonete é condenada a indenizar cliente em R$ 8.175 por racismo

Homem contou que foi ao estabelecimento com um colega e um dos funcionários disse: “O macaquinho também vai comer?”

Por Fausto Macedo e Julia Affonso Do politica

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou uma lanchonete de Campinas, interior do Estado, a indenizar um cliente em R$ 8.175, por danos morais. Ele contou que foi ao local com um amigo para comprar um lanche em dezembro de 2009 e sofreu ofensas racistas.

O nome da lanchonete não foi divulgado. As informações são do site do Tribunal de Justiça de São Paulo.

“Como ficou comprovado que houve ofensa, a Justiça se mostrou eficaz no combate a este tipo de ofensa”, afirmou o advogado Fernando Haas, que defendeu o cliente da lanchonete. Segundo Haas, era a primeira vez que o homem entrava no estabelecimento.

VEJA A ÍNTEGRA DA DECISÃO DA JUSTIÇA

Em depoimento à Justiça, o amigo afirmou que “pediu dois lanches, um pra ele e outro para o autor (cliente), e quando viu que o réu estava fazendo só um, chamou-lhe a atenção dizendo que eram dois, quando então o funcionário se virou e perguntou: ‘o macaquinho vai comer também?’”.

“O depoente estranhou aquela frase mas achou que o funcionário já conhecesse o autor. Acredita que o funcionário falou com o autor para ofendê-lo, tanto que estava fazendo um só lanche”, afirmou a testemunha.

A relatora do recurso, desembargadora Rosangela Telles, entendeu que não há qualquer situação que justifique esse tipo de agressão. A magistrada explicou que a indenização deve reparar a ofensa, mas não pode servir como enriquecimento ilícito à parte.

“Registre-se que a simples agressão verbal em local público já é capaz de ferir, por si só, a honra subjetiva da vítima. O dano moral, neste caso, compreende a dor, a humilhação e o vexame suportados pelo autor, notadamente no que diz respeito a sua autoestima e consideração social”, disse a desembargadora.”A lanchonete é um estabelecimento pequeno, familiar, o que restou demonstrado pela oitiva de testemunhas, não sendo adequado elevar o valor da condenação.”

A reportagem não conseguiu localizar o advogado do funcionário da lanchonete.

+ sobre o tema

Contra preconceito, jovens de Cascavel apagam pichações xenofóbicas da cidade

Contra preconceito, jovens de Cascavel apagam pichações xenofóbicas da...

Medidas de combate ao terrorismo alimentam racismo e xenofobia, alerta especialista da ONU

Os governos devem fazer mais para combater o racismo,...

para lembrar

spot_imgspot_img

Quando Tony Tornado cerra o punho e levanta o braço, a luta dos afrodescendentes se fortalece

Tony Tornado adentrou o palco do Festival Negritudes e, antes de dizer qualquer palavra, ao lado do filho, Lincoln, ergueu o punho direito. O...

‘Redução de homicídios no Brasil não elimina racismo estrutural’, afirma coordenador de Fórum de Segurança

Entre 2013 e 2023, o Brasil teve uma queda de 20,3% no número de homicídios, de acordo com o Atlas da Violência, produzido pelo Fórum...

‘Não aguentava mais a escola’, diz mãe de aluna internada após racismo

A mãe da aluna de 15 anos que foi encontrada desacordada no Colégio Mackenzie (SP), contou ao UOL que a filha segue internada em um hospital psiquiátrico...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.