Por: Leno F. Silva
Não sei quantos motoristas de ônibus existem na cidade de São Paulo, mas ontem conheci um animado condutor que, certamente, está de bem com a vida e com a sua profissão. Dirigindo com muita atenção, ele é extrovertido, educado e interage com a maioria dos usuários que adentra o “seu” coletivo.
Cada um que sobe recebe bom dia, boa tarde ou boa noite. Atento aos personagens anônimos, ele interage, faz uma graça, cantarola anções de sua autoria inspiradas nas inúmeras situações que ocorrem durante o trajeto. Toda pergunta é respondida com atenção, delicadeza e, dependendo do caso, também recebe uma dose de bom humor.
Segundo o cobrador, o motorista é muito conhecido e já foi matéria de televisão. Uma senhora agradecida pelas gentilezas do profissional do volante, ao descer, ofereceu uma caixinha de R$ 5,00 para um café ou sorvete. Ele, sorridente, agradeceu a gorjeta e disse que não poderia receber, porque já é remunerado pelo trabalho que desempenha, e o faz com dedicação e muita responsabilidade.
A elegante senhorinha desceu sorridente e o cantor-motorista correspondeu da mesma forma. Os demais passageiros presenciaram a cena e elogiaram a sua postura e o seu profissionalismo.
É provável que com aquele estado de graça as viagens conduzidas por ele fiquem menos pesadas para todos os que adentram o “seu” veículo de transporte público. Nas minhas andanças de “busão” ainda não tinha me deparado com uma pessoa tão original desempenhando com alegria uma atividade que, para muitos, é terrível, cansativa e chata.
Sorte dos passageiros que utilizarem o ônibus desse artista profissional. As viagens com ele são, certamente, exemplares e revelam que é possível desempenhar com leveza essa função exaustiva, e cada vez mais demorada em decorrência dos constantes congestionamentos na cidade de São Paulo. Por aqui, fico. Até a próxima.
