Liniker celebra sucesso de novo disco, que tem com faixas de 7 minutos: ‘Estão respeitando o tempo da música’

Enviado por / FonteO Globo, por Silvio Essinger

Com seis milhões de reproduções só nas primeiras 24 horas de lançado, ‘Caju’ não surpreende a cantora, que investiu em algumas faixas com mais de sete minutos de duração: ‘Esse disco tem me dado esse bem-estar de ser quem sou’

Lançado na última segunda-feira, “Caju”, o segundo álbum da cantora Liniker, não demorou a surpreender: em menos de 24 horas, tinha alcançado seis milhões de reproduções (na quinta-feira, chegaria a dez milhões). Emplacou quatro canções no top 200 do Spotify Brasil e, no iTunes, atingiu o top 1 na quinta como o álbum mais comprado na plataforma no Brasil (e 11º lugar na… Rússia!). A faixa-título também alcançou o primeiro lugar na parada do iTunes nacional.

— Estou muito realizada, é a primeira vez que alcanço o Top 1. As pessoas estão respeitando o trabalho, respeitando o tempo da música, ouvindo o trabalho inteiro. A gente sabe o quanto isso é raro atualmente e eu não poderia estar mais feliz — festejou Liniker, que vê “Caju”, como “uma fotografia dos meus 29 anos, o retorno de Saturno a esse lugar em que já sou um pouco mais adulta, ali chegando ali nos 30”. — Já tive muitas experiências, vou ter outras, mas acho que “Caju” tem me dado esse bem-estar de ser quem sou, confortável sob a minha própria pele.

“Caju” é, em suas palavras, “um disco solar, quente, pop, longo, de muita tinta e de minutagem extensas”. O título se refere ao seu alter ego, o personagem para quem ela escreve uma carta, falando de memórias bonitas e da possibilidade de um dia eterno de sol. Uma carta que ela lê, sobre uma delicada base de piano elétrico, na última faixa do álbum, “Take your time e relaxe”.

— O “Caju” aparece por entendimento psiquiátrico, de análise das minhas questões, das minhas sessões de terapia, que já frequento há oito anos. Esse tempo sendo analisada me deu um chão diferente daquele de onde vim — acredita. — E esse entendimento foi me trazendo uma autoestima, um lugar muito seguro para querer defender novos ideais, mesmo ainda falando sobre o afeto como ideal primordial da minha vida.

Capa do álbum ‘Caju’, de Liniker — Foto: Caroline Lima / Divulgação

Para quem nasceu em uma família humilde de Araraquara (SP), em meio a uma realidade “onde não podia ter um analista”, ela diz tentar aproveitar “essas novas coisas que a mobilidade social trouxe”.

— Sou muito grata por esses anos de análise porque ela resolveu não questões pessoais, mas questões profissionais, questões mesmo de mudança de padrão de vida. E tem uma questão espiritual também muito forte na minha nova vida, que é o candomblé, a religião que foi uma escolha mesmo de vida — conta. — Quando comecei, eu era muito jovem, não tinha tido contato nenhum com mídia ou com fama, foi tudo de supetão. Agora, quase dez anos depois do meu aparecimento na vida das pessoas e na indústria, vou começar a falar de mim por outra perspectiva.

Com pelo menos três faixas que ultrapassam os sete minutos de duração (“porque tem coisas que eu preciso de mais de dois minutos e meio para falar”), “Caju” nasceu, segundo Liniker, “da certeza de que eu precisava me colocar em primeiro plano e dizer coisas que às vezes não iam caber no tempo da indústria, mas que precisavam caber no meu tempo artístico”.

Uma das faixas, o samba “Febre”, chega a “Caju” já tendo sido gravada por Thiaguinho, ídolo de Liniker desde a infância:

— Procurei ele para gravar no meu álbum, ele ouviu a música e falou: “Acho que tenho que lançar essa música, ela é muito boa para mim”. Foi um choque, porque Thiaguinho é um dos maiores artistas do Brasil e, ao mesmo tempo, me tratou com toda generosidade.

Os feats, para Liniker, são as cores que colorem o álbum. E há muitas: a estrela do brega Priscila Senna (“Pote de ouro”), Pabllo Vittar e Lulu Santos (no embalo da discothèque em “Deixa estar”), a cantora baiana Melly (no R&B “Papo de edredom”), BaianaSystem (na latina “Negona dos olhos terríveis”), Anavitória e o pianista de jazz Amaro Freitas (na orquestral “Ao teu lado”) e a dupla de produtores Tropkillaz (na house music “So special”).

— Desde o dia 1 do processo criativo, eu disse que “Caju” era um disco de cinema, um filme, uma obra repleta de imagens. E, quando eu entendi esse conceito, fui pensar em quais eram, dentro do meu repertório imagético, as pessoas que eu gosto de ouvir, quais eram as tintas, os lápis de cor que eu gostaria de ter nesse filme — explica.

O trabalho agora será acomodar o disco em seu novo show, que, segundo ela, “vai durar umas três horas ”.

— Obviamente, não tem como eu não passar pelas outras músicas e não tem como eu não querer fazer “Caju” na íntegra — diz Liniker, prometendo em breve anunciar uma turnê.

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