Lubaina Himid vence o prémio Turner com homenagem à cultura africana

Lubaina Himid tornou-se, aos 63 anos, na primeira mulher negra a conquistar o prémio Turner, o galardão de arte contemporânea mais prestigiado do Reino Unido, por uma obra que homenageia a cultura africana.

Do RTP

Lubaina Himid, que nasceu em Zanzibar e vive em Preston, no norte de Inglaterra, foi distinguida com o prémio Turner na terça-feira por três exposições realizadas em Bristol, Nottingham e Oxford, nas quais – como é habitual na sua obra – exulta a criatividade da arte africana.

A lista de nomeados incluía o britânico-jamaicano Hurvin Anderson, de 52 anos, a alemã Andrea Buttner, de 45, bem como a palestiniana-irlandesa Rosalind Nashashibi, de 43, todos autores de trabalhos com alto teor político e que “refletem temas muito relevantes da atualidade”, como o racismo ou a pobreza, como destacou o DJ Goldie na cerimónia de entrega do prémio Turner, que teve lugar na cidade de Hull, eleita capital da cultura de 2017 no Reino Unido.

O prémio Turner, fundado em 1984 e que desde 1991 reconhecia apenas criadores com menos de 50 anos para fomentar talentos emergentes, decorreu este ano sem limite de idade, após mudanças no regulamento.

Himid, uma figura-chave no chamado “movimento negro” das artes, confessou-se “surpreendida” pelo galardão, dado que a sua colorida e reivindicativa obra passou, em diversas ocasiões, ao lado da crítica.

A artista, que leciona na Universidade de Lancashire, afirmou que vai utilizar o dinheiro do prémio (25.000 libras ou 28.300 euros) para ajudar os companheiros que precisem e, talvez, comprar “um par de sapatos novos”.

Himid afirmou sentir que ganhou o prémio Turner “em nome de muitas pessoas”, tanto pelas que a apoiaram ao longo dos anos como por “todas as mulheres negras que foram nomeadas e não ganharam”.

Alex Farquharson, diretor da Tate Britain Gallery, de Londres, que presidiu ao júri, elogiou a artista pela “generosa e exuberante abordagem das artes plásticas, que combina a sátira com um sentido de teatralidade”, sublinhando que o júri ficou impressionado “com a vitalidade da obra” e a “seriedade dos assuntos que trata, que são muito relevantes hoje em dia”.

Estes temas, que Himid aborda em gravuras, óleos e coloridas montagens em diferentes formatos, são, entre outros, “o legado do colonialismo e as diferentes formas que o racismo assume”, realçou o mesmo responsável.

Maria Balshaw, diretora do grupo Tate, que concede o galardão, destacou que todos os candidatos de 2017 refletem “o melhor da arte contemporânea britânica”, com uma mescla de “idade, género, raça e etnia”, assim como de meios artísticos, “desde a escultura à pintura ou à cerâmica”.

Balshaw explicou que se decidiu eliminar o limite de idade dos candidatos ao prémio para reconhecer que um artista “pode chegar ao ponto alto da sua carreira a qualquer momento”.

O prémio Turner, que também entrega 5.000 libras (5.600 euros) a cada finalista, é atribuído anualmente a um artista nascido ou que viva ou trabalhe no Reino Unido por uma exposição que tenha feito no ano anterior em qualquer parte do mundo.

As obras dos quatro finalistas do Prémio Turner, que foram expostas em 26 de setembro, vão ficar patentes ao público até 07 de janeiro na galeria Feren, da cidade de Hull. Até ao momento, a mostra recebeu mais de 90 mil visitas.

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