Luedji Luna firma parcerias com escritoras e poetas negras em álbum imerso em referências aquáticas

FONTEPor Mauro Ferreira, G1
Foto: Helen Salomão / Divulgação

Caracterizado como disco fluido, imerso em referências aquáticas, como indica a capa que expõe foto tirada por Peu Fernandes na Bahia, o segundo álbum de Luedji Luna constrói narrativa criada com o objetivo de dar autonomia à mulher preta para que ela expresse os próprios sentimentos e desejos em sociedade ainda pautada pelo machismo.

Para fortalecer esse conceito, a cantora e compositora baiana firma parcerias com escritoras e poetas negras na criação e gravação desse álbum intitulado Bom mesmo é estar debaixo d’água e programado para chegar ao mercado fonográfico na quarta-feira, 14 de outubro, com a missão de manter o status alcançado por Luedji Gomes Santa Rita com o primeiro álbum, Um corpo no mundo, apresentado em 2017.

Anunciado em setembro com a edição do single com a música-título Bom mesmo é estar debaixo d’água, o segundo álbum da artista embute trecho de poema da escritora mineira Conceição Evaristo em Ain’t got no, uma das duas músicas em que Luedji é somente intérprete (a outra é Origami).

Com Cidinha da Silva, escritora também mineira, a artista abre parceria em Lençóis, música gravada com a participação da poeta brasiliense Tatiana Nascimento. Recado é composição de Luedji com a poeta baiana Dejanira Rainha Santos Melo.

Já a música Erro refaz a conexão da artista com a cantora e compositora brasiliense (de criação baiana) Marissol Mwaba, presente no álbum anterior de Luedji como autora da faixa Notícias de Salvador.

Capa do álbum ‘Bom mesmo é estar debaixo d’água’, de Luedji Luna — Foto: Peu Fernandes

A intenção de Luedji Luna foi misturar jazz com ritmos africanos ao longo das 12 músicas do disco, formatado entre a África – mais precisamente no Quênia – e o Brasil, com produção musical assinada pelo guitarrista queniano Kato Change com a própria Luedji Luna.

As cordas e os sopros foram arranjados e inseridos no disco em estúdio da cidade de São Paulo (SP) sem perder de vista a África e a água, elemento ligado a Oxum, orixá africano associado ao amor e à maternidade (Luedji deu à luz em julho o primeiro filho, Dayo).

Tendo como mote e norte a África contemporânea, o álbum Bom mesmo é estar debaixo d’água foi gravado com músicos do Quênia, de Burundi e de Madagascar. Além das composições já citadas, o repertório apresenta músicas como Chororô e Tirania.

A partir deste segundo disco, Luedji Luna fez filme dirigido por Joyce Prado, cineasta responsável pela direção do clipe de Banho de folhas (Luedji Luna, 2017), música que impulsionou o primeiro álbum da cantora e compositora baiana.

 Mauro Ferreira

Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em ‘O Globo’ e ‘Bizz’. Faz um guia para todas as tribos

Fonte: Por Mauro Ferreira, G1

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