Luiza Bairros fala na ONU sobre o combate ao Racismo

Proferido nesta quinta-feira (15) na 17ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, Suíça, o discurso da Ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, destacou compromisso do governo brasileiro com a afirmação racial, reconheceu relevância do movimento negro para os avanços do combate ao racismo e homenageou Abdias Nascimento.

O instrumento das cotas e o Programa Bolsa-Prêmio de Vocação para a Diplomacia foram ações afirmativas citadas pela ministra para caracterizar o compromisso do Governo do Brasil com a igualdade racial. O discurso, proferido no Painel sobre boas práticas no combate ao racismo, revelou momentos importantes da trajetória recente para a afirmação da questão racial no país, destacando o papel do movimento negro.

A ministra iniciou o discurso agradecendo o convite do Alto Comissariado para sua participação na 17ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos, justamente em 2011 – Ano Internacional dos

Afrodescendentes, após dez anos da 3ª Conferência Mundial contra o Racismo. Outra ressalva introdutória destacou o desempenho dos movimentos sociais negros para que os temas do racismo e da promoção da igualdade racial se consolidassem como questões nacionais.

Abdias Nascimento

“Ao longo do século XX, a pauta de demandas de diferentes organizações políticas e culturais formou a base sobre a qual, mais tarde, se construiriam as primeiras respostas do Estado brasileiro no âmbito da igualdade racial”, disse para, em seguida, registrar o falecimento recente do militante Abdias Nascimento, cuja trajetória como escritor, jornalista, artista plástico, dramaturgo, deputado federal e senador, o tornou um ícone dos avanços obtidos pela população negra brasileira.

O Alto Comissariado da ONU conheceu momentos significativos da trajetória recente para a afirmação da questão racial no Brasil. Desde a definição do racismo como crime inafiançável e imprescritível, e o reconhecimento do direito à terra dos Quilombos (Constituição de 1988), passando pela Marcha Zumbi contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, realizada pelo movimento negro em 1995, e a participação do governo brasileiro e da sociedade civil na 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, em 2001, até a criação da Seppir.

Retrospecto

O retrospecto dos marcos histórico revelou ainda que, nos últimos dez anos, o Brasil avançou no debate e no enfrentamento aos efeitos do racismo na vida das pessoas negras, as quais, de acordo com o Censo Demográfico de 2010, representam 50,6% da população total.

O Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), e as Conferências correlatas, nas quais 60% dos delegados são de organizações da sociedade civil e 40% representam órgãos governamentais, também foram citados entre os mecanismos ligados ao princípio democrático.

Segundo a ministra, são estes mecanismos, instituídos e coordenados pela Seppir, que têm contribuído, de um lado, para ampliar a repercussão do debate sobre a questão racial na esfera pública, de outro lado, para assegurar a permanência do compromisso governamental com a igualdade racial. Como resultados desse processo, ela citou a adoção de ações afirmativas, a implementação de programas como o Universidade para Todos (Prouni), a instituição da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e a execução do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e da Cultura Afro-brasileira e Africana, taduzido na Lei 10.639/2003.

Fonte: Seppir

+ sobre o tema

Brasil vai ao banco dos réus em corte internacional por crimes da ditadura

Corte de Direitos Humano julgará desaparecimentos durante Guerrilha do...

Presidente Dilma reativa perfil em rede social com entrevista para Dilma Bolada

A presidente Dilma Rousseff colocou em prática, nesta sexta-feira,...

Jorge Furtado: a antiga imprensa, enfim, assume partido

  Finalmente a antiga imprensa brasileira assumiu que virou um...

para lembrar

Criméia Almeida: ‘Quem já luta há mais de 30 anos, não vai desistir agora’

por Conceição Lemes Desta vez, a Justiça agiu rápido....

Curso apresenta formação sobre política de drogas

Encontro ocorre em meio aos ataques na região da...

Empresários da mídia alternativa podem criar entidade nacional

Fonte: Carta Maior - Por Maurício Thuswohl  ...
spot_imgspot_img

Evento de Geledés em NY avança em propostas para justiça reparatória

Nesta quarta-feira, 4, Geledés - Instituto da Mulher Negra promoveu na sede da Comunidade Bahá'í Internacional, em Nova York, o evento “Perspectivas Afrodescendentes sobre...

Ministra defende mudanças duradouras para pessoas com deficiência

Nesta terça-feira (3), Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, se reuniu com a Comissão...

Posicionamento de Geledés- Instituto da Mulher Negra para a 66ª Reunião da Mesa Diretiva da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e...

Santiago - Chile, dezembro de 2024. Em Defesa do Empoderamento e da Emancipação das Mulheres Afrodescendentes na Revisão de Pequim+30 Vivemos um momento sociopolítico crítico, marcado...
-+=