Má distribuição de internet pode criar novos tipos de desigualdade, diz Unicef

Enquanto jovens da África são os menos conectados, com cerca de 3 em cada 5 crianças offline, apenas um em cada 25 jovens na Europa está na mesma situação.

Por Ana Beatriz Rosa, do HuffPost Brasil

REPRODUÇÃO/UNICEF

Em novo relatório publicado no último domingo (10), a Unicef defende que as novas tecnologias são fator decisivo para incluir crianças marginalizadas da sociedade, seja por conta da cor da pele, do país de origem, da faixa salarial familiar ou do acesso à educação. No entanto, o acesso a principal delas, a internet, ainda é muito limitado e concentrado.

No mundo, um em cada três jovens de até 18 anos não tem acesso online, o que totaliza 346 milhões de pessoas totalmente desconectadas.

Enquanto isso, o relatório aponta que os jovens compõem o grupo etário mais conectado do planeta, com 71% do público com acesso à internet, contra apenas 48% da população total do mundo.

De acordo com a Unicef, as concentrações, principalmente regionais, atrapalham essa democratização do acesso à internet. Enquanto jovens da África são os menos conectados, com cerca de três em cada cinco crianças offline, apenas um em cada 25 jovens na Europa está na mesma situação.

O estudo Children in a Digital World (Crianças em um Mundo Digital) alerta para o fato de que essa má distribuição da tecnologia pode criar novos tipos de desigualdade e impedir que as crianças atinjam o seu potencial real.

Para a Unicef, os Estados precisam agir e acompanhar essas transformações rapidamente, caso não queiram deixar estas crianças ainda mais vulneráveis e mais suscetíveis à exploração, abuso e até mesmo o tráfico de pessoas.

As tecnologias de comunicação, assim como a urbanização e a globalização, transformaram o mundo. E isso trouxe impactos ao modo como a infância é vivida, argumenta o relatório.

Apesar de tornaram mais fácil compartilhar conhecimentos, essas ferramentas também facilitaram a produção, distribuição e consumo de materiais pornográficos. De acordo com a organização, mais de 90% dos sites de conteúdo pedófilo estão hospedados em países como Canadá, Estados Unidos, França, Holanda e Rússia. Ainda, as redes permitiram novos canais para o tráfico de crianças e novos meios de ocultar transações ilegais das autoridades policiais, explica o estudo.

“A internet foi concebida para adultos, mas é cada vez mais usada por crianças, adolescentes e jovens – e a tecnologia digital afeta cada vez mais a vida e o futuro deles. Sendo assim, as políticas, práticas e produtos digitais devem refletir melhor as necessidades, as perspectivas e as vozes das crianças e dos adolescentes”, defende o diretor executivo da Unicef, Anthony Lake.

Em busca de combater estes problemas, a organização publicou uma série de estratégias e políticas em benefício dos jovens. A principal delas está em proteger a privacidade de crianças e adolescentes online.

Outra medida é educar e conscientizar a juventude para os tipos de conteúdo online.

Acesso aqui o estudo completo.

 

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