Apoiador de Bolsonaro também foi demitido de escritório de advocacia em que trabalhava. Em protesto na manhã desta terça, alunos pediram a expulsão dele.
Por Marina Pinhoni, do G1
A Universidade Presbiteriana Mackenzie suspendeu nesta terça-feira (3) o estudante do curso de direito da instituição em São Paulo que aparece em vídeo afirmando que a “negraiada vai morrer”. Ele também foi demitido do escritório de advocacia que trabalhava como estagiário (leia mais abaixo).
O vídeo, que viralizou nas redes sociais, mostra o eleitor do presidente Jair Bolsonaro (PSL) indo votar no domingo em Londrina, no Paraná. Ele afirma: “indo votar a ao som de Zezé, armado com faca, pistola, o diabo, louco para ver um vadio, vagabundo com camiseta vermelha e já matar logo. Tá vendo essa negraiada? Vai morrer! Vai morrer! É capitão, caralho”.
Após a repercussão do caso, a faculdade afirmou que “tais opiniões e atitudes são veementemente repudiadas”. Veja a íntegra da nota divulgada no início da tarde:
“A Universidade Presbiteriana Mackenzie tomou conhecimento de vídeos produzidos por um discente, fora do ambiente da Universidade, e divulgados nas redes sociais, onde ele faz discurso incitando a violência, com ameaças, e manifestação racista.
Tais opiniões e atitudes são veementemente repudiadas por nossa Instituição que, de imediato, instaurou processo disciplinar, aplicando preventivamente a suspensão do discente das atividades acadêmicas. Iniciou, paralelamente, sindicância para apuração e aplicação das sanções cabíveis, conforme dispõe o Código de Decoro Acadêmico da Universidade.”
Por meio de nota, o Ministério Público de São Paulo informou que a Promotoria de Direitos Humanos “requisitou a instauração de inquérito policial e também representou junto à comissão de ética da OAB, para apuração da conduta do estudante”.
Protesto contra o racismo
Durante a manhã desta terça, dezenas de estudantes do Mackenzie protestaram contra o conteúdo do vídeo e pediram a expulsão do estudante, além de medidas de segurança por parte da universidade.
Segundo uma integrante do Coletivo Negro Afromack, que não quis se identificar por questões de segurança, os alunos estão muito preocupados com as declarações porque o rapaz aparece em outro vídeo com uma arma na mão.
“A gente está correndo risco de vida. A gente não pode ir para a faculdade com medo de morrer. A gente pede que ele seja expulso, porque mesmo suspenso ele poderia entrar na faculdade. Não dá para conviver com uma pessoa que fez isso. E ele não pode ser um advogado”, afirmou a estudante ao G1.
“Os próprios colegas do Direito que souberam do vídeo tomaram providências de acionar as instituições. Como tinha uma conotação racial, nós do coletivo tomamos frente do que estava acontecendo. Somos minoria da minoria dentro do Mackenzie e o que a gente pede é que os outros alunos que repudiam o ato se juntem com a gente para que isso não ocorra mais”, disse. Outro ato foi convocado para 19h desta terça.
Demissão
Ao saber do episódio, o escritório de advocacia em que o rapaz trabalhava desde julho como estagiário anunciou sua demissão.
Em sua página oficial no Facebook, a empresa publicou uma nota de repúdio na noite desta segunda-feira (29). Veja abaixo:
NOTA DE REPÚDIO
O DDSA tomou conhecimento, na tarde de hoje, de vídeo que circula nas redes sociais com declarações efetuadas por acadêmico de Direito que fazia estágio no escritório e imediatamente o desligou de seus quadros.
O escritório repudia veementemente qualquer manifestação que viole direitos e garantias estabelecidos pela Constituição Federal.