Jen Anderson Shattuck é uma mãe estadunidense que foi pega de surpresa pelo machismo na última semana.
Por Ana Júlia Gennari, do HuffPost Brasil
Seu filho, Roo, de 3 anos e meio, é uma criança como outra qualquer. Uma criança que gosta de brincar com caminhõezinhos, com quebra-cabeças e que gosta de vestir saias de tule.
Quando questionado sobre o gosto pelo tule, o garoto responde que as saias fazem com que ele se sinta bonito e corajoso e que não há regras sobre “isso ser só para garotas e aquilo ser só para garotos”.
As imposições dos papéis de gênero ainda não chegaram a Roo — e Jen faz um ótimo trabalho tentando o manter longe delas.
Tudo corria bem, até que a mãe e o filho sofreram ataques verbais de um desconhecido na última semana.
Jen publicou o relato em seu perfil de Facebook na quarta-feira (24), que acabou viralizando com mais 43 mil compartilhamentos em apoio à mãe.
“Meu filho já usou sua saia na igreja, na padaria, no trem e brincando na caixa de areia. Na nossa parte do mundo, não é uma questão. á fizeram perguntas bem-intencionadas, nós respondemos, ficou tudo bem. TINHA ficado tudo bem, até ontem.”
Na publicação, Jen conta que o homem abordou os dois na rua de maneira agressiva. Ele invadiu um espaço que não era de sua competência e parecia já observá-los há algum tempo. “Eu só estou curioso. Por que você continua fazendo isso com o seu filho?”, questionou o rapaz.
Em seguida, ele falou diretamente ao garoto, que se assustou: “Ela não deveria continuar fazendo isso com você. Você é um menino, ela é uma mãe malvada. Isso é abuso’.”
Jen dissertou sobre o assunto, indigada:
“Ele não estava curioso. Ele não queria respostas. Ele queria que nós soubéssemos que o que meu filho estava fazendo – o que EU estava deixando o meu filho fazer – era errado.
Ele tirou fotos de nós, embora eu tenha pedido que ele não tirasse. Ele me ameaçou: ‘Agora todo mundo vai saber, você vai ver’.”Este ataque demonstra como quebrar com as duras e tão arraigadas imposições estabelecidas aos gêneros incomoda tanto que chega a provocar a ira das pessoas.
Contudo Jen não se deixou abalar e escreveu que não será intimidada pelo ódio alheio, em contrapartida ela diz que vai “gritar o amor pelas esquinas”:
“Eu chamei a polícia. Eles vieram, fizeram seu relatório, elogiaram a saia do meu filho. Ainda assim, meu filho não se sente seguro hoje. Ele quer saber ‘O homem vai voltar? O homem mau? Ele vai falar coisas feias da minha saia de novo? Ele vai tirar mais fotos da gente?’.
Eu não posso dizer para o filho que o homem não virá, mas posso dizer isso: não serei intimidada. Não me farão vulnerável ou covarde. Não deixarei que um estranho raivoso diga ao meu filho o que ele pode ou não vestir.
O mundo pode não amar o meu filho pelo que ele é, mas eu amo. Eu fui colocada nesta terra para garantir que ele saiba disso.
Vou gritar o meu amor pelas esquinas.
Vou defender, gritando, o direito dele de andar na rua em paz, usando a roupa que quiser.
Vou mostrar para ele, do jeito que puder, que valorizo a pessoa que ele é, que confio na visão que ele tem para si e que apoio suas escolhas – não importa o que ninguém diga, não importam quem ou o quanto tentem pará-lo.
Nossa família tem um lema:
Nós amamos.
Nós somos gentis.
Nós somos determinados e persistentes.
Nós somos belos e corajosos.
Nós sabemos quem somos.Estranhos raivosos não mudarão quem somos.
O mundo não mudará quem somos – nós mudaremos o mundo.”A publicação de Jen fez com que as pessoas se compadecessem com a causa e criou-se um movimento de apoio nas redes com a hashtag #tutusforRoo.
Diversos homens — e algumas mães de outros meninos — publicaram fotos vestindo saias de tule ou de outros modelos, com o intuito de quebrar com a ideia de que existem roupas “de menino” e “de menina”: