A médica Priscila Hile, de 37 anos, na última quarta-feira, ao conversar com o filho de 9 anos sobre o seu dia na escola, levou um susto ao se deparar com um enunciado escrito pelo menino em seu caderno de História do 4º ano do Ensino Fundamental.
Por Pedro Willmersdorf Do Extra
“Se você fosse um escravo, que tipo de trabalho você gostaria de fazer: no engenho ou doméstico?”, dizia a pergunta. A criança, negra assim como Priscila, respondeu de forma direta: “Nenhum”.
— Hoje, estou triste e revoltada. No dia, fiquei sem jeito e confusa. Meu marido, que é branco, e eu conversamos com ele. Explicamos que ele não precisa nem mesmo imaginar ser um escravo, pois a escravidão acabou e mostramos que a pergunta é absurda — conta Priscila, que pretende ir ao colégio particular do filho, localizado na Tijuca, Zona Norte do Rio, na segunda-feira.
Em seu Facebook, Priscila compartilhou sua indignação e recebeu o apoio de amigos e familiares: “Estou assustada com o dever de casa (de História) do meu filho! Não acho que uma pergunta dessa deveria ser feita, principalmente a uma criança de 9 anos. O coitado ainda escreveu “nenhum”. Trata-se de um passado triste, criminoso e que não merece recordações ou simulações”.