Nós, Mulheres Negras, reunidas na Frente de Mulheres Negras do Distrito Federal, vimos a público repudiar todos os artifícios e manobras que ponham em risco a democracia em nosso país.
Enviado para o Portal Geledés
Entendemos que o resultado das eleições que elegeu a Presidenta Dilma Rousseff tem que ser respeitado, uma vez que representou o voto da maioria das brasileiras e brasileiros, e que qualquer movimentação que se faça para destítui-la do exercício deste direito afronta a Constituição Federal, o que precisa ser impedido e repelido com vigor.
Repudiamos a forma machista, sexista e misógina com que a Presidenta da República, Sra. Dilma Rousseff, desde eleição e reeleição tem sido tratada pelo parlamento brasileiro, pela mídia e parte do judiciário brasileiro.
Afirmamos que essa crise é forjada pela elite branca, que cada dia acumula mais lucro, seja através das especulações e visa privatização de todas as riquezas produzidas pelo conjunto da população brasileira.
No entanto, nos posicionamos também contrárias à política econômica, social e ambiental que têm sido implementadas no atual governo, que vitimiza e precariza a vida das mulheres negras e de nossas filhas e filhos, sejam urbanos e rurais:
– Que promove a remoção racista de nossas comunidades para atendimento de grupos de empresários, atingindo fundamentalmente, as mulheres negras, imensa maioria das chefes de familias;
– Que na incapacidade de gestar uma política de segurança publica impõem nas comunidades, juntamente com os governadores a força nacional de segurança que produz a extrema insegurança, o encarceramento desenfreado, a violência e assassinatos para a população negra;
– que mata as mulheres negras ao dificultar o acesso aos serviços de saúde e pela negligência racista no atendimento;
– que autoriza que nossos saberes/conhecimentos tradicionais sejam apropriados por industrias de cosméticos, moda e farmacêutica;
– que silencia mediante o quadro de violência racial, sexista e patriarcal, em que a violência doméstica e o feminicídio atinge nossos corpos;
– que investe pouco nos fins dos critérios racistas e sexistas no mercado de trabalho;
– entre inúmeras outras questões de gestão estatal a serem abordadas.
Lutamos também, contra o esfacelamento dos direitos das mulheres, dos negros, dos LGBTs, dos índios, que, em um misto de cinismo, reacionarismo e de pretensão de controle sobre as mentes e vidas da população, têm sido constante e extensivamente Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Estamos nas ruas em luta, reivindicando a cidadania das mulheres negras, secularmente invisibilizadas, defendemos o Estado Democrático de Direito, princípio basilar da democracia e seguimos em Marcha Contra o Racismo, à Violência e pelo Bem Viver.