Manifesto ‘pela dignidade da gente preta e periférica’ é lançado em São Paulo

“A cidade de São Paulo é também território da barbárie negra e periférica, marcada por chacinas cotidianas e ações escandalosamente violentas”, afirma documento assinado por mais de 700 lideranças.

Foto: Gabriel Brito/Correio da Cidadania

no Correio Nagô

 

“Pela dignidade da gente preta e periférica que constrói e vive a cidade de São Paulo”, esse é o nome do manifesto lançado por mais de 700 pessoas que alçam o educador e militante do movimento negro Douglas Belchior a condição de candidato a vereador pela cidade de São Paulo.

Diversos seguimentos da sociedade civil organizada, intelectuais, artistas, advogados, médicos, poetas, professores, jornalistas, lideranças políticas e ativistas independentes, subscrevem o documento. Dentre estes, vale destacar o poeta Sérgio Vaz, a urbanista Ermínia Maricato, a filósofa e feminista negra, Djamila Ribeiro, a fundadora do Geledés, Sueli Carneiro, o presidente do Instituto Luiz Gama, Silvio Almeida, a jornalista e escritora, Bianca Santana, a advogada e coordenadora da Uneafro-Brasil, Rosângela Martins, ?o coordenador do MST, João Paulo Rodrigues, o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, ?além do deputado federal e candidato à vice-prefeito de SP pelo PSOL, Ivan Valente.

A classe artística negra e alternativa também assina o documento, entre estes, o rapper Gog, o ator Érico Brás, os poetas Ana Fonseca, Akins Kintê, Allan da Rosa e Ruivo Lopes, entre tantos outros.

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O texto parte da ideia de que os resultados do recrudescimento da cena política do país não representam novidade aos guetos da cidade: “A gente preta e periférica da cidade de São Paulo sempre esteve em crise, sempre precisou valer-se da disposição para o trabalho, de seu olhar singular para a vida, bem como de sua criatividade para conseguir sobreviver às dificuldades do dia a dia”, afirma o documento.

O protagonismo negro e periférico na construção da Constituição de 1988 é exaltado, “Todavia, essa gente foi a que menos se beneficiou dos avanços legais ali garantidos. Sequer o direito à vida dos jovens pretos e periféricos o Estado brasileiro foi capaz de garantir (…) A cidade de São Paulo, maior metrópole do país, é também território da barbárie negra e periférica, marcada por chacinas cotidianas e ações escandalosamente violentas como nos casos dos assassinatos das crianças Ítalo e Waldick, 10 e 11 anos de idade, mortos pela PM e GCM”, afirma o texto.

Sobre o momento político por qual passa o país, o manifesto é categórico em afirmar a necessidade de mudanças também na atuação das esquerdas: É preciso enfrentar o retrocesso golpista e seguir rumo às reformas estruturais de interesse popular. Para isso, há uma latente necessidade de renovação política na forma, no conteúdo, na origem e na ideia de território. A periferia tornou-se o centro da resistência política. Negras, negros, mulheres, LGBTs e jovens são o fôlego para a reorganização da esquerda brasileira”.

Por fim, o documento afirma a relevância de uma possível eleição de Douglas Belchior. “Os espaços do parlamento são majoritariamente ocupados por uma escória política conservadora, reacionária, fascista, machista, homofóbica e racista. Uma candidatura como a de Douglas Belchior a vereador de São Paulo, a maior e mais rica cidade da América Latina, tem muito a contribuir na luta por direitos.”

Para Douglas Belchior, o que está no manifesto é representação do momento e dos desafios políticos que vivemos: “Há uma percepção coletiva da necessidade de renovação na forma e no conteúdo da atuação política das esquerdas. A direita histórica, racista e fascista está determinada a retirar os poucos direitos do povo. Trata-se de uma questão mais ampla e complexa e que deve combinar atuação na rua e nas instituições. E o parlamento tem sido lugar de graves derrotas. Sabemos que as eleições para a câmara e o senado federal começa agora, nas eleições municipais. Precisamos reagir!”.

Para acessar o manifesto completo: ACESSE MANIFESTO ON LINE

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