Marcha nacional pede o fim do genocídio dos negros no Brasil

Organizações também exigem a desmilitarização da polícia e o fim do encarceramento em massa. Segundo integrante do Kilombagem, o perfil das vítimas de assassinato é reflexo da desigualdade racial no país.

Pobre, jovem e negro. Esse é o perfil comum das vítimas de homicídio no Brasil. Com o objetivo de cobrar políticas públicas para essa população específica, acontece nesta quinta-feira (22) em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, a Marcha Nacional contra o Genocídio do Povo Negro.

Para Katiara Alves de Oliveira, integrante do coletivo Kilombagem, e uma das organizadoras da marcha, o perfil das vítimas de assassinato é reflexo da desigualdade racial no país.

“Toda sociedade precisa entender que o racismo no Brasil, apesar de toda a sutileza, há espaços e política que ele não é sutil, ele é escancarado. Em relação à segurança pública, a polícia, e suas várias instituições deixam bem nítidas o alvo. É Pobre, preto e favelado.”

Para Katiara, isso ocorre porque o histórico da escravidão ainda está na mentalidade de muitas instituições no país. Segundo ela, o racismo também está expresso na falta de acesso às políticas públicas.

“As mulheres negras morrem seis vezes mais de morte materna que mulheres brancas. E aí tem outras questões de políticas universais, como educação. Tudo quanto é política universal, o acesso do negro é menor ou ele é qualitativamente inferior.”

Puxada pela Campanha “Reaja ou será morto, reaja ou será morta”, a Marcha tem como reivindicações o fim do genocídio da população negra e periférica; a desmilitarização da polícia; o fim do encarceramento em massa; e o combate à redução da maioridade penal.

De 2002 a 2010, o país registrou 418.414 vítimas de violência letal. 65,1% delas (272.422 pessoas) eram negras, segundo o “Mapa da Violência”, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).

De São Paulo, da Radioagência NP, Leonardo Ferreira.

Fonte: Radioagência NP

+ sobre o tema

Para prefeito de Londres, desigualdade é problema de QI

"Se falamos de desigualdade temos que considerar que 16%...

Toda pupila é branca

Em 2013, a Lei da Abolição completou 125...

Secretário anuncia proposta de plano nacional com cotas para negros

  O secretário-executivo da Secretaria de Políticas de...

Ingrid Guimarães é acusada de racismo após declaração polêmica

Ingrid Guimarães, intérprete de Marlene em “Chapa Quente”, foi...

para lembrar

Por um pacto em defesa da juventude preta, pobre e periférica

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2022 foram...

Universidade Federal do Amazonas cancela cotas na pós

Ufma alega falta de regulamentação e amparo legal para...

Advogado de atletas vê racismo no aumento de idade mínima para jogar na NBA

Em reunião na última quinta-feira, um advogado representando o...

Presidente nega que ações afirmativas realcem diferenças raciais no país

Por: Francisco Vieira   O presidente Luiz Inácio Lula...
spot_imgspot_img

‘Piada’ de ministro do STJ prova como racismo está enraizado no Judiciário

Ontem, o ministro do STJ João Otávio de Noronha, em tom de "piada", proferiu uma fala preconceituosa sobre baianos durante uma sessão de julgamento. A suposta...

Identitarismo, feminismos negros e política global

Já faz algum tempo que o identitarismo não sabe o que é baixa temporada; sempre que cutucado, mostra fôlego para elevar o debate aos trending topics da política...

Gilberto Gil, o filho do tempo

Michel Nascimento, meu amigo-irmão que esteve em Salvador neste ano pela milésima vez, na véspera da minha viagem, me disse que uma das coisas...
-+=