Marieta Severo diz que País vive retrocesso e defende estado laico

Hoje, Marieta Severo é muito lembrada pela querida Dona Nenê, de “A Grande Família”, personagem que interpretou durante 14 anos.

Do Brasil Post

Mas a atriz começou na profissão em 1965, durante um período de grande agitação no meio cultural. Protagonizou “Roda Viva”, peça escrita pelo ex-marido Chico Buarque que veio a se tornar um emblema da resistência à ditadura nos anos 60. Viveu no exílio ao lado do marido. Já na década de 90, viveu Carlota Joaquina no filme que reinaugurou o cinema nacional, no chamado movimento de retomada.

Em entrevista ao jornal O Globo, Marieta disse que enxerga hoje um retrocesso em relação à época em que iniciou sua carreira.

“Sou contra a redução da maioridade penal e contra muita coisa que está em evidência e que, para a minha geração, é chocante. Há um retrocesso que nunca imaginei. Eu sou da década de 1960, do feminismo, da liberdade sexual, das igualdades todas”. 

“Quando você tem essas conquistas, a tendência é achar que elas estão conquistadas dali para a frente. Quando volta esse moralismo, e esse mundo religioso começa a ditar as regras, é muito assustador.”

Ao falar sobre a personagem Fanny, dona de agência de modelos que interpretará na próxima novela das 23, Marieta refletiu sobre a crise ética que vivemos no País hoje.

“Ela é amoral, quer dinheiro, poder, não tem limite. Quando você toca nessas questões, quer criticar, dizer: aí gente, tem isso. Porque hoje se está com a mania de cobrir todos os sóis com as peneiras. Temos um conservadorismo no ar”, comentou. “Quando você tem um Congresso votando uma lei de maioridade penal, é o quê? É um conservadorismo político apoiando um conservadorismo social, de ideias, de princípios, de valores.”

A atriz disse ser completamente contra a redução da maioridade penal, e a favor do estado laico. Também comentou os avanços e desafios do feminismo:

Há espaços da mulher que foram conquistados e são sólidos. Mas há outros em que a gente não consegue ir adiante, como o aborto, que é um direito. E por quê? Por causa desse conservadorismo religioso com representação política. Não tenho nada contra religião. Sou a favor de todas, mas não exerço nenhuma. Só não quero uma religião legislando a minha vida.

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