Uma mulher que se recusou a mudar de nome desafiou o bullying e conquistou o título de doutora.
Por Rozina Sini, da BBC
Marijuana Pepsi Vandyck diz que passou a vida sendo ridicularizada por causa do nome diferente. E, em vez de mudá-lo, conta que decidiu se orgulhar do nome que recebeu e que não deixou que isso se tornasse uma barreira.
Ela, que hoje tem 46 anos, usou a própria experiência para pesquisar nomes de pessoas negras e como eles afetam a educação das crianças nos Estados Unidos.
Marijuana Pepsi se lembra de quando ainda era criança e teve a primeira conversa com a mãe sobre por que ela recebeu o nome diferente. “Minha mãe me disse: seu nome a levará longe.”
“Na época, eu pensei, ‘fala sério’, mas eu conheço minha mãe, ela é esperta, ela é genial e eu confiei que ela realmente acreditava nisso.”
Marijuana tinha 9 anos quando percebeu que tinha um nome que não é convencional. Na escola em Wisconsin, nos Estados Unidos, ela diz que não foram apenas as outras crianças que fizeram comentários, mas também os professores. “Diga seu nome a eles, querida”, eles diziam.
“Marijuana já é incomum, aí você adiciona Pepsi a ela e os comentários não param”, disse à BBC.
Além de ser um nome latino, Marijuana é usado como gíria paa designar popularmente maconha nos Estados Unidos e Pepsi é uma alusão ao famoso refrigerante.
“Eles pediam para me chamar de Mary, e no começo estava tudo bem, até eu ganhar um concurso de soletração na escola. Eu cheguei em casa com meu certificado, e minha mãe ficou muito brava quando viu meu nome escrito como Mary.”
“Ela me disse para nunca mais deixar que eles me chamassem de Mary. E ela foi à escola e exigiu que eles mudassem o nome.”
Mas no ensino médio as perguntas sobre o nome incomum se transformaram em comentários ofensivos. “Quando eu estava na quarta série, era uma coisa diferente, mas no ensino médio se tornou bullying mesmo.”
“Eu tive que aguentar muito, até que um dia eu decidi que eu não ia mais suportar”, diz ela sobre o bullying.
Marijuana diz que a família dela deu apoio para ela lidar com os comentários e mudar de atitude.
No mês passado, ela completou o doutorado em liderança no ensino superior da Universidade Cardeal Stritch, em Wisconsin, após apresentar a dissertação Nomes negros em salas de aula brancas – comportamentos de professores e percepções dos alunos.,
“Mesmo tendo problemas com meu nome, nunca tinha pensado muito sobre como isso poderia afetar os outros”, diz ela.
No primeiro dia do semestre, enquanto trabalhava como professora, ela lembra de ver uma colega reclamar ao diretor depois de ver uma lista com os nomes dos alunos que ela ensinaria naquele ano.
“Eu perguntei aos outros o que estava acontecendo e eles disseram ‘Marijuana, são os nomes, ela pode dizer pelos nomes que terá alunos negros’. Eu achei isso ridículo e pensei ‘eu vou escrever sobre isso’.”
Hoje Marijuana é casada e mora com o marido e o filho em Illinois, onde trabalha em um programa para ajudar estudantes universitários.
“Somos humanos, quando ouvimos um nome pela primeira vez, formamos opiniões e julgamentos. É a próxima coisa que alguém faz que faz a diferença.”