Alunas da UFRGS criam coletivo que reforça a presença da mulher negra na dança

‘Coletivo Corpo Negra’ reuniu e fortaleceu bailarinas negras dentro do curso. Iniciativa estende atividades para escolas.

Por Carol Anchieta, RBS TV, G1

Reprodução/Facebook

Alunas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se reuniram em um coletivo que reforça a presença da mulher negra na dança. A iniciativa estende atividades para escolas da Região Metropolitana de Porto Alegre.

A ideia nasceu em 2016, quando elas perceberam o aumento de mulheres negras nas aulas da universidade.

“O coletivo me fez crescer em várias coisas, até na questão de me colocar mais, de pensar politicamente qual é o lugar do meu corpo na sociedade, o que isso significa e o quanto eu preciso estar com elas, o quanto elas me fortalecem”, diz a bailarina e estudante do curso Natália Proença Dornelles.

“É muito bom quando tu chega num espaço e vê que tem pessoas iguais a ti. Tu te sente acolhido e tu vê: ‘Poxa, não estou sozinha!'”, acrescenta Mariana Duarte, também bailarina e estudante.

 

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Foto de camarim para recordar momentos especiais com a coreografia “Deus é Mulher” ♥️. 2018 foi um ano muito importante e de grande movimentações. Foi quando o Coletivo iniciou seu processo como Projeto de Extensão do Curso de Licenciatura em Dança da UFRGS. Mais um grande passo para seguirmos construindo um espaço de fortalecimento das artistas negras do curso. Neste ano nos apresentamos em vários eventos com o trabalho intitulado “Deus é mulher”. A música que escolhemos para ele foi “Mulher do Fim do Mundo” e é de uma grande referência de mulher preta e brasileira: Elza Soares. O que não imaginávamos é que no ano seguinte teríamos o prazer de conhecê-la pessoalmente, quando Elza recebeu o título de Doutora Honoris Causa na UFRGS, em 26 de maio de 2019. Na nossa criação “Deus é mulher”, levamos para o palco questionamentos a cerca da invisibilidade da mulher negra na cena de dança da cidade de Porto Alegre. Através desse processo criativo e com indicação direta do júri especializado, o Coletivo Corpo Negra foi indicado ao Prêmio Açorianos de Dança 2018, na categoria Destaque em Dança Contemporânea “pela qualidade artística ao trazer para a cena contemporânea as questões éticas e de gênero com protagonismo feminino”. Sem dúvidas “Deus é mulher” é uma coreografia que nos trouxe experiências potentes e, por isso, tão amada por toda nós!

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Mesmo que ainda não tenham o diploma, todas já pensam em continuar com o projeto fora da universidade.

“Eu acho que esse é o intuito do coletivo, a gente ser referência para essas pessoas que estão fora, no momento em que a gente está aqui, que a gente tá lutando, que a gente está buscando dizer que esse espaço é nosso sim, de mulheres pretas que vieram da Restinga [bairro da Zona Sul de Porto Alegre], que vieram de Esteio, que vieram de Novo Hamburgo, de lugares periféricos”, destaca Natália.

A professora de dança Barbara Santos de Oliveira destaca a importância de as alunas levarem a representatividade e as atividades para escolas, para trabalhar o tema desde a infância.

“Na escola onde eu trabalho, a gente tem o projeto que chama ‘Práticas pedagógicas para uma educação antirracista’, onde o coletivo está atuando em parceria e oferece aulas de dança afro e aulas onde a representatividade com bailarinas clássicas negras, para que as crianças negras e as crianças brancas saibam que isso é muito importante desde criança.”

Além disso, as bailarinas também fazem um trabalho de contação de histórias para as crianças. Assim, elas trabalham o ano inteiro temas que normalmente aparecem nas escolas em datas como o Dia da Consciência Negra e o Dia da Abolição da Escravatura.

“Toda criança que é negra, ela quer ver uma heroína, um herói que se pareça com ela, e a gente consegue tirar fotos lindas e que são totalmente espontâneas de uma criança valorizando a outra, de uma forma que ela nunca tinha percebido”, comenta a coordenadora do projeto, professora Lucide Saltier.

“Eu acho que isso é muito bom, porque a gente começa a criar cidadãos mais respeitosos”, resume a também professora Liziandra Bica da Silva.

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