Em muitos locais as cerimônias de abertura de Ęfę incluem elaborados programas de máscaras. Uma delas é a de Ogbagba, que, segundo se diz, representa Exú/Elegba, o divino mediador, cuja vestimenta se reporta aos reinos da cultura e da natureza – tecidos e folhas. Em algumas instâncias, Ogbagba assume duas formas. Sua aparição inicial é como a de “um jovem rapaz com gorro branco e saia de ráfia”, quando as pessoas cantam: “Chega Exu, com folhas claras” (Beier, 1958: 9). Mais tarde, Ogbagba aparece como um adulto, usando folhas de bananeira e tornozeleiras de ferro. A combinação do gorro branco e da saia de ráfia, a transformação de jovem em adulto, os trajes de folhas, que serão jogadas no monturo, na periferia da localidade, apreendem a liminaridade e a imprevisibilidade de Exú/Élégba.
Outro tipo de máscara é a de Arabi Ajigbalę, “Aquele-que-Varre-toda-Manhã”,completamente coberto de fibra de ráfia e panos, com tornozeleiras de ferro.(…) Em Ketu, esta máscara evoca Ogum, deus do ferro. Ogum, que limpa o mato para que se chegue aos santuários dos outros deuses, que abre os caminhos para os viventes, ostenta, em seu traje, folhas de palmeira conhecidas como mariwo.
Estas várias máscaras introdutórias compartilham inúmeros elementos visuais e simbólicos. Suas aparições são breves, pois saem tão rapidamente quanto entraram. Seus papéis (abrir, limpar, varrer) e seu imaginário (cachimbos, folhas de palmeira, fogo) aludem a duas das principais divindades iorubá, Ogum e Exú/Elegba, que no contexto dos sacrifícios e cerimônias são invocados sempre em primeiro lugar para “abrir os caminhos”. São as ligações espirituais entre os homens e as demais divindades.
Medeiam a transição entre a atividade cotidiana,ordinária, que existe no mundo, e a atividade espiritual, a que invoca as divindades e os antepassados moradores no reino do além e os trazem ao mundo. Do mesmo modo as máscaras introdutórias trazem o festival para o mundo. Ao agir assim, elas entram no reino das “proprietárias do mundo”, as mães. É nesta altura do processo que ocorre a materialização da Grande Mãe – rapidamente, disfarçadamente, mas dramaticamente. Sua aparição assinala sua aprovação do que aconteceu anteriormente e sanciona os espetáculos rituais que seguirão.