Medo de ‘rolezinho’ é reação de brancos, diz ministra. Governo de SP autoriza “uso progressivo da força”

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), diz que shopping não é lugar de manifestação. “Esse negócio de ‘rolezinho’ é um abuso. Precisamos ter civilidade nas relações, ou a vida fica insuportável. (…)  Levei meus netos ao Morumbi Shopping domingo”, conta o senador. “Imagine como eu e outros avós reagiríamos caso um bando de cavalões cismasse em dar um ‘rolê’ por lá.”

UOL/Raíz Africana

Foto: Salete Maso

Apartheid no shopping A ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros (PT), acusa a polícia e os frequentadores de shoppings de discriminar jovens negros nos “rolezinhos”. “As manifestações são pacíficas. Os problemas são derivados da reação de pessoas brancas que frequentam esses lugares e se assustam com a presença dos jovens.” Para ela, a liminar que autorizou os shoppings a barrar clientes “consagra a segregação racial” e dá respaldo ao que a PM “faz cotidianamente”: associar negros ao crime.

Incômodo A ministra diz que parte da elite brasileira se incomoda ao encontrar jovens negros no shopping. “Uma parcela da sociedade não quer a presença deles em determinados lugares.”

Conselheira Luiza Bairros integrou o grupo seleto de três ministros convocados para aconselhar Dilma Rousseff sobre os “rolês” na terça-feira. Também participaram José Eduardo Cardozo (Justiça) e Marta Suplicy (Cultura).

Abusados O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), diz que shopping não é lugar de manifestação. “Esse negócio de ‘rolezinho’ é um abuso. Precisamos ter civilidade nas relações, ou a vida fica insuportável.”

Cavalões ”Levei meus netos ao Morumbi Shopping domingo”, conta o senador. “Imagine como eu e outros avós reagiríamos caso um bando de cavalões cismasse em dar um ‘rolê’ por lá.”

Bárbaros O tucano se diz incomodado com o tom do debate sobre o fenômeno. “Ir ao shopping barbarizar não é um ato de esquerda. Tem gente saudosa de uma revolução que não fez e não fará.”

Pagantes Para o líder do PSDB, a defesa dos “rolês” é causa de “bacaninhas e politicamente corretos”. Ele acrescenta que os lojistas “pagam caro” pelo ponto e podem ser prejudicados durante a correria dos jovens.

Doutrina O governo paulista recomendou que a PM evite “excessos”, mas autorizou que siga a doutrina que prevê o “uso progressivo da força” para conter tumultos.

Efeito moral Na prática, isso significa que não está descartado o uso de bombas de efeito moral em áreas externas de centros comerciais.

Elite branca O ex-governador Cláudio Lembo (PSD) critica a reação aos “rolês”. “Isso não é problema de polícia. Os jovens não estão fazendo nada de errado”, diz.

Constituição Lembo afirma que o shopping é um espaço de acesso público e que sua administração não pode escolher quem entra. “Está na Constituição.”

Beijoqueiros O ex-governador se divertiu ontem com o jovem que disse à Folha ter beijado 16 meninas num “rolê”. “Isso passa. E os jovens vão continuar a ir ao shopping para beijar.”

 

 

 

Fonte: Combate ao Racismo Ambiental

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