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    Karen Luise (Foto: Arquivo Pessoal)

    Mulheres negras: Um duplo desafio para o sistema de Justiça

    Maia Chaka, primeira árbitra negra da NFL (Foto: Denis Poroy/AAF/Getty Images)

    No mês das mulheres, NFL anuncia a contratação da primeira árbitra negra da sua história

    Arte: Rafael Werkema/CFESS

    Lideranças femininas falam sobre seus desafios no simpósio Mulheres, Poder e Sociedade

    Foto: Divulgação

    Lançamenro pesquisa viver em SP no Dia da Mulher

    (Ilustração: LINOCA SOUZA)

    Abismo feminino

    Adobe

    Por dia cinco mulheres foram vítimas de feminicídio em 2020, aponta estudo

    Ronda Maria da Penha, em Salvador, auxilia mulheres vítimas de violência — Foto: Alberto Maraux/ SSP-BA

    Mais de 180 mulheres foram mortas na BA em 2020: ‘É preciso entendimento social para mudar esses dados’, diz pesquisadora

    Reprodução/Facebook

    Março por Marielle: Instituto lança Agenda Colaborativa com ações que denunciam 3 anos de impunidade

    Carteira de trabalho Foto: Agência O Globo/Jornal Extra

    Mulheres negras trabalham mais que os homens em funções não remuneradas em AL, diz IBGE

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      (Foto: Rui Zilnet)

      Direitos Humanos para quem?

      Reunião da Secretaria da Juventude Carioca, criada pelo prefeito Eduardo Paes (DEM) - PerifaConnection

      Se não investir nos jovens, Rio pode criar população improdutiva no futuro

      Reprodução/Small Axe

      ‘Small Axe’ traz resiliência a histórias de racismo que poderiam ser apenas tristes

      Miriam Leitão (Imagem retirada do site Congresso em Foco)

      Um ano depois, a dúvida é sobre nós

      Goleiro Aranha, em sua segunda passagem pela Ponte Preta Imagem: Ale Cabral/AGIF

      Aranha reclama de racismo no futebol: ‘Era trocado pelo concorrente branco’

      Parem de nos matar (Portal Geledés)

      Pela afirmação da vida, pela liberdade e contra a brutalidade policial

      Foto: Pedro Kirilos/Riotur

      O Rio de janeiro continua… segregacionista

      Ashanti: nossa pretinha/Malê Mirim

      Literatura infantil para incentivar a autoestima em crianças negras

      Imagem: Frazer Harrison/Getty Images

      Globo de Ouro 2021: atores lamentam ausência de negros entre jurados

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      Ivanir Dos Santos (Foto: Arquivo Pessoal)

      Ivanir dos Santos: Ainda há esperança em prol da tolerância

      Bandeira do orgulho trans hasteada em São Francisco, nos Estados Unidos. Foto: Flickr (CC)/torbakhopper

      Brasil segue no topo de ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo

      Maíra Vida: Advogada, Professora, Conselheira Estadual da OAB BA e Presidenta da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa (Foto: Angelino de Jesus)

      Do crente ao ateu, não faltam explicações para o racismo religioso no Brasil

      Foto: Deldebbio

      Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

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        (Foto por: Anna Maria Moura/ Coletivo Quariteré)

        Biblioteca comunitária dedicada à cultura africana e afro-brasileira é inaugurada em Cuiabá

        Divulgação

        Camila Pitanga estreia “Matriarquia em Processo” com primeira apresentação transmitida online direto de sua casa

        (Foto: Daryan Dornelles / Divulgação)

        Elza Soares lança single inédito, ‘Nós’, para homenagear as mulheres

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        Grandes cordelistas têm encontros marcados com os novos tempos, de 6 de março a 24 de abril

        Espetáculo Negra Palavra | Solano Trindade (Foto: Mariama Prieto)

        Identidades negra e indígena são tema do Palco Virtual de cênicas com leituras e espetáculos em construção de teatro e dança

        Beth Belisário (Foto: Divulgação)

        Beth Belisário, do bloco Ilú Obá de Min, abre série especial da coluna Um Certo Alguém em sinergia com a Ocupação Chiquinha Gonzaga

        Imagem 1 – Tear e poesia do fotógrafo Fernando Solidade

        Festival de Imagens Periféricas apresenta a multiplicidade cultural de São Paulo através da fotografia

        As mulheres usam a mandioca tradicionalmente para cozinhar e sabem prepará-la de várias maneiras.(Foto: TANIA LIEUW-A-SOE/CEDIDAS)

        As mulheres que cultivam mandioca no Suriname para vendê-la nos Países Baixos

        A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus durante noite de autógrafos do lançamento de seu livro "Quarto de Despejo", em uma livraria na rua Marconi, em São Paulo (SP). (São Paulo (SP), 09.09.1960. (Foto: Acervo UH/Folhapress)

        Carolina Maria de Jesus ganha título de Doutora Honoris Causa da UFRJ

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              Meghan Markle é negra?

              16/12/2017
              em Questão Racial
              6 min.

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              Ao tornar-se noiva do príncipe Harry, Meghan Markle reacendeu o debate sobre identidade racial – cujo conceito é diferente nos EUA e no Brasil. Entenda!

              Por Júlia Warken, do MdeMulher 

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              Meghan Markle: desde que noivou com o príncipe Harry, ela está no centro do debate racial (Reprodução e Christopher Furlong/Staff/Getty Images)

              Desde que o príncipe Harry e a atriz americana Meghan Markle oficializaram o noivado, em 27 de novembro, os dois são o assunto do momento ao redor do mundo. Isso porque a chegada de Meghan à família real representa uma quebra de paradigmas. Além de ser estrangeira e divorciada, ela também traz miscigenação racial à realeza.

              Enquanto muita gente comemora a novidade, outros destilam racismo e também há quem não compreenda como uma mulher de traços finos e pele clara pode ser considerada negra. Filha de mãe negra e pai branco, na verdade Meghan se identifica como birracial, mas poderia se declarar negra se assim preferisse. Barack Obama, por exemplo, é filho de mãe branca e pai negro, mas se declara negro e não birracial.

              A questão da identidade racial é algo que dá pano para manga e cujo conceito é diferente nos Estados Unidos e no Brasil. Isso acontece, pois esses dois países implementaram políticas de racismo estrutural muito distintas no período pós-abolição da escravatura.

              Enquanto os EUA adotaram a segregação prevista por lei, aqui no Brasil criou-se uma política pró-miscigenação – cujo intuito era “embranquecer” o país. E isso muda tudo quando o assunto é autodeclaração racial e também impacta na maneira como os mestiços são lidos pela sociedade.

              Para entender melhor esse assunto tão rico e significativo, conversamos com a pesquisadora Daniela Gomes, que é especialista no assunto. Jornalista, militante do movimento negro e mestra em Estudos Culturais, há quatro anos ela mora nos Estados Unidos, onde faz doutorado em Estudos Africanos e da Diáspora Africana, pela Universidade do Texas.

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              Nos EUA, Meghan é lida como negra, mas no Brasil provavelmente não seria – e a explicação para isso tem tudo a ver com história (El País/Reprodução)

              Nos EUA: segregação racial e a “regra da uma única gota”

              “Nos Estados Unidos, desde a época da escravidão já haviam leis de não-miscigenação, mas os estupros de mulheres indígenas e africanas fez com que houvesse miscigenação, mesmo que os casamentos interraciais fossem ilegais”, diz Daniela. Aqui no Brasil essa proibição nunca existiu.

              Tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, o volume de escravos foi muito grande e ambas as nações estipularam políticas racistas após a abolição da escravatura. Acontece que essas políticas eram extremamente diferentes entre si.

              Nos EUA, o governo optou por segregar negros e brancos, através de uma série de leis. Dessa forma, haviam espaços muito bem delimitados para separar os brancos das raças consideradas inferiores – em especial negros e indígenas.

              Aí criou-se a “regra da uma única gota”, que estipulava que apenas brancos sem qualquer outro tipo de ascendência poderiam frequentar os espaços destinados aos brancos. Ou seja, se a sua aparência (fenótipo) fosse caucasiana, mas algum dos seus ascendentes fosse negro, você seria considerada negra mesmo assim.

              “Uma pessoa negra – mesmo que fosse socialmente lida como branca – se fosse pega se passando por branca poderia ser presa e morta”. As leis de segregação não existem mais, só que isso ainda está muito presente na cultura americana. Por isso, Meghan Markle – cuja mãe é negra – é lida como negra nos EUA.

              Daniela explica que esse conceito da uma única gota ainda é forte nos Estados Unidos, mas as coisas estão mudando. “Aqui nos EUA a ideia de caldeirão cultural e de multiculturalismo ainda não é tão forte como no Brasil, mas isso já tem se tornado um pensamento na nação”. Com isso, cada vez mais americanos têm se declarado multirraciais ou birraciais.

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              Filha de mãe negra e pai branco, Meghan se declara birracial, mas poderia se declarar negra se quisesse (Chris Jackson/Staff/Getty Images)

              No Brasil: “importação” de europeus e a política de embranquecimento da população

              “Com o fim da escravidão, Brasil e Estados Unidos tomaram rumos bem diferentes. Aqui no Brasil, a miscigenação foi usada como forma de tentar acabar com a negritude no país. Fomos o último país a abolir a escravatura e a população negra era maioria naquela época. Aí o Brasil passou a importar europeus e asiáticos. O governo e os intelectuais da época acreditavam que em 100 anos não existiriam mais negros no Brasil, pois a miscigenação faria a negritude acabar”, explica Daniela.

              É por isso que, aqui no Brasil, uma pessoa como Meghan não é lida como negra e acaba sendo chamada de “morena”. “O Oracy Nogueira, na década de 1950, chamou isso de ‘preconceito de marca vs. preconceito de origem’”.

              Aos poucos, essa noção de identidade racial calcada no ideal de embranquecimento está se modificando no Brasil. Daniela explica que, nos anos 1970, o censo brasileiro detectou cerca de 150 matizes de cor segundo a autodeclaração dos indivíduos. “Caramelo, bombom, chocolate etc. Essas matizes eram utilizadas, pois as pessoas não queria se afirmar como negras”.

              Hoje em dia, os cidadãos precisam escolher entre preto, pardo, branco, amarelo e vermelho. Com isso, pessoas que se autodeclaram pretas e pardas são consideradas negras e, atualmente, estima-se que 54% da população brasileira seja composta por negros. Além desses novos critérios do IBGE, muita gente também passou a se sentir à vontade para declarar-se negro por conta do fortalecimento do movimento negro, que trabalha em prol da valorização da raça africana.

              Outro ponto muito significativo desse movimento de miscigenação como ferramenta de embranquecimento é o fato de que, com ele, criou-se no Brasil o mito da democracia racial. Isso porque, como a miscigenação tornou-se marca registrada do povo brasileiro, foi disseminada a noção de que não há racismo no Brasil – já que somos todos frutos de uma mistura de raças. Isso, de fato, não deixa de ser verdade, mas o racismo segue sendo muito presente na nossa sociedade, pois é o fenótipo (aparência) que cria privilégios e não necessariamente o genótipo (o conjunto de genes).

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              (Medioimages/Photodisc/Thinkstock)

              O peso do colorismo

              Para Daniela, quando uma pessoa negra de pele clara assume a sua negritude, isso é uma vitória histórica, pois significa que essa pessoa se nega a pensar que sua raça foi “purificada” no processo de miscigenação. Só que isso também abre uma outra discussão muito importante: dentro da população negra quem tem pele escura ainda sofre mais preconceito do que quem tem pele clara. O nome disso é colorismo.

              “A gente vai ter aquelas pessoas que mesmo tendo mãe negra, pai negro ou avós negros, ela não vai ter fenótipo negro. Ela vai ser lida na sociedade como uma pessoa branca e não vai enfrentar agressões racistas. Então essa pessoa pode se considerar negra? Essa é a pergunta que o movimento negro tem feito”.

              Nessa polêmica também existe outro fator determinante: o do direito às chamadas ações afirmativas em prol da população negra – como as cotas em universidades, por exemplo. “Muitas pessoas que não são negras nem tem traços de negritude tem se declarado negras para conseguir acesso às ações afirmativas. Essas pessoas tem usado a justificativa de que têm um ancestral negro. O que a gente tem tentado mostrar é que esse é um mau uso das ações afirmativas, porque se você tem traços caucasianos, ainda que a sua mãe, a sua avó ou bisavó seja negra, no dia a dia você é lido como branco e não vai sofrer os impactos do racismo”.

              Quando o assunto é raça e miscigenação ainda não existem respostas fáceis. Isso porque, infelizmente, a discriminação segue sendo muito grande – mesmo quando se dá de maneira velada. Não é vitimismo e não é algo inventado pelos movimentos sociais. E é por isso que revisitar o contexto histórico e ver como ele reverbera nos dias de hoje é algo importantíssimo para que a gente reflita sobre o racismo e trabalhe para combatê-lo.

               

               

               

              Tags: identidade racialMeghan MarkleQuestão Racial
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              • No próximo dia 07 de março, às 19h, Camila Pitanga (@caiapitanga) estreia “Matriarquia em Processo”, espetáculo solocom transmissão online dentro da plataforma“ #emcasacomosesc”, do Sesc São Paulo (@sescsp). Criado por Camila, pela preparadora vocal Lucia Gayotto, pela dramaturga e roteirista Dione Carlose pela diretora Cristina Moura, Matriarquia é um encontro de mulheres e é deste encontro – ou “sistema social liderado por mulheres” – que o trabalho surge. “Matriarquia é sobre o encontro dessas mulheres, é sobre o meu encontro com minhas vivências e percepções, bem como minha experiência neste mundo que atravessa uma pandemia”, explica Camila.
              • A seção Coletiva Negras que Movem (@negrasquemovem), integrada à área colaborativa “Guest Post”, volta em 2021 com artigos de integrantes do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco, do Fundo Baobá (@fundobaoba). Confira um trecho do artigo da Clara Marinho Pereira"No contexto da pandemia provocada pelo novo coronavírus, o conjunto desses desafios tem se agravado, renovando em bases ainda mais complexas o desafio de lutar por um padrão civilizatório em que a interseccionalidade seja vista como ponto de partida incontornável da ação estatal e social, e não como mero recorte." Leia o artigo completo em: www.geledes.org.br
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              • Março por Marielle: Instituto lança Agenda Colaborativa com ações que denunciam 3 anos de impunidade O Instituto Marielle Franco (@institutomariellefranco), criado pela família da vereadora, abriu um chamado para ONG’s,  coletivos, associações, sindicatos e indivíduos que queiram participar da Agenda Colaborativa de  Ações. A atividade faz parte da programação do #MarçoPorMarielleEAnderson – movimento  criado pelo Instituto para lembrar o crime ocorrido em 14 de março de 2018.   📷Reprodução/Facebook
              • #Repost @amnboficial • • • • • • Março chegou! E com ele, o nosso Março de Lutas! O Março de Lutas é uma agenda coletiva para reafirmar a resistência negra no Brasil. O objetivo é que as mulheres negras brasileiras protagonizem uma chamada para compartilhar práticas, experiências e viabilizar denúncias que fortaleçam o enfrentamento ao racismo, ao patriarcado, sexismo e LBTfobia que impactam a vida das pessoas negras, especialmente as mulheres. #MarçodeLutas é a forma de celebrar o legado dos homens e mulheres negras que morreram lutando pela humanidade, cidadania e direitos reconhecidos e assegurados para a população negra. É uma ação que vai reafirmar a denúncia contra as violações de direitos humanos protagonizadas pelo Estado brasileiro, bem como, visa reforçar os debates sobre a importância da vida das mulheres negras no que diz respeito ao enfrentamento a violência doméstica, o feminicídio, o racismo religioso e a violência política política intensificadas pelo contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil. Acesse o nosso site: amnb.org.br/marcodelutas
              • A coluna Um Certo Alguém, do site do Itaú Cultural (@itaucultural) , abre o mês de março com uma série de cinco edições que tem como convidadas artistas que narram textos da dramaturga Maria Shu na Ocupação Chiquinha Gonzaga, em cartaz na organização. No dia 4, quinta-feira, a estreia acontece com a participação de Beth Belisário, presidente do Bloco Afro Ilú Obá de Min, sediado na capital paulista, fundado por ela e a também percussionista Adriana Aragão.
              • #Repost @midianinja • • • • • @portalgeledes e @midianinja divulgam Retratos da Pandemia Série traz histórias de como os moradores das periferias estão enfrentando a batalha contra a covid-19. São relatos que capturam a humanização do cuidado, a solidariedade e a organização nas comunidades em prol dos mais afetados pela doença infecciosa. Video: @mariasylvia.oliveira #retratosdapandemia
              • Para abrir o mês de março, a coluna Nossas Histórias vem com a assinatura da historiadora Ivangilda Bispo dos Santos, que nos convida a pensar sobre as resistências de intelectuais negros à colonização portuguesa em Moçambique. Confira um trecho do artigo do artigo"Reações ao mito da democracia racial no contexto moçambicano (Sec.XX)"."Entre os combatentes ao mito da democracia racial, podemos mencionar, além de Eduardo Mondlane, o gôes Aquino de Bragança e os angolanos Mário Pinto de Andrade e Agostinho Neto. Interessante notar que todas as pessoas africanas mencionadas acima eram consideradas pelo governo colonial “assimiladas” à cultura portuguesa. No entanto, tal enquadramento não lhes garantia a igualdade de oportunidades e de tratamento, fator poderoso para a contestação da situação colonial e da discriminação racial vigente". Acesse o material na íntegra em: A Coluna Nossas Histórias é parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs, o Geledés e o Acervo Cultune #Moçambique #ResistênciaIntelectualNegra #ColonizaçãoPortuguesaEmÁfrica #Antirracismo #HistoriadorasNegras #NossasHistórias.
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              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

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