Desde os oito anos de idade, Mel Duarte já dava os primeiros passos através da rima para a sua arte. Interessada por poesia sem ter o melhor acesso à ela, não foi até os 18 anos que realmente passou a compartilhar suas escritas com o mundo, quando conheceu os movimentos de sarau na cidade de São Paulo, onde cresceu e vive até hoje.
no Pioneiro
Em 2016, aos 27 anos, expandiu sua arte e apresentou sua poesia na abertura da Flip(Festa Literária Internacional de Paraty), sendo este o primeiro evento internacional ao qual participou. E esse não foi o único ponto positivo do ano para Mel Duarte! Em 31 de março, ela lançou o seu segundo livro, “Negra Nua Crua”, que está se espalhando pelo Brasil com as rimas empoderadoras da moça.
O trabalho foi publicado pela Editora Ijumaa, uma nova referência para a publicação de escritores negros. Na própria página da editora, que é formada por três mulheres negras, elas deixam claro que o objetivo de seu trabalho é “o de posicionar o indivíduo negro como narrador de sua própria história na contemporaneidade”. O trabalho de Mel foi o primeiro livro a ser publicado através da editora.
Para ela, a parte mais importante de sua arte é abranger o público jovem em seu alcance e trabalhando em medidas socioeducativas. “Eu gosto muito de trabalhar dessa forma e tento dar acesso pra essa galera, da mesma forma que eu gostaria de ter tido quando era mais nova”, disse em conversa com o iG.
Exatamente por isso, Mel conta que prefere não participar de muitos movimentos ou coletivos. “Tem muita ruptura e muito radicalismo nesses espaços. Eu quero usar a minha arte para trazer questionamentos.” No entanto, não significa que não auxilie em seus próprios movimentos. Ela é voz ativa no coletivo “Slam das Minas“, originado em Brasília e expandido para São Paulo, que tem a intenção de criar um espaço auto-organizado para que mulheres se sintam mais a vontade para apresentar suas poesias e suas rimas.
Os eventos auto-organizados acontecem todo terceiro domingo do mês, geralmente também com pocket shows de mulheres rappers. Mesmo sem ter um local fixo, a última edição reuniu 170 minas dispostas a apresentar sua arte. Elas também se apresentam regularmente nos eventos do “Slam da Ponta“, batalha de rimas popular entre os participantes do movimento em São Paulo, que tem eventos mensais organizados toda primeira sexta-feira de cada mês.
Mel também participa do projeto “Poetas Ambulantes“, que leva as rimas e os saraus ao transporte público, seja em linhas de ônibus, trens ou metrôs. “Nós acreditamos que a poesia pode estar em todos os lugares.” Dessa forma, a agenda dela está sempre repleta de arte falada e escrita, e isso está sendo muito positivo. “Não só pela Flip, mas por estar me apresentando em muitos espaços, este ano foi um processo de caminhada longo, mas muito positivo para mim”, disse.
Tratando de temas importantes na atualidade, ela aborda o machismo, racismo e preconceito no geral que sobrevive de forma tanto explícita quanto enrustida em meio a nossa sociedade. Em sua página no Facebook, “Mel Duarte poesia”, é possível acompanhar sua agenda de eventos e adquirir seu livro na loja virtual de sua editora.