De acordo com o Conselho Tutelar, a situação foi um ‘mal-entendido’ entre a escola e a os pais da criança. O órgão vai enviar relatório sobre o ocorrido para o Ministério Público, que irá apurar o caso.
Por Lucas Marreiros, Do G1

A menina de 10 anos que foi impedida de entrar na Escola Municipal Parque Itararé por usar uma única trança colorida no cabelo voltou a assistir aula nesta quinta-feira (30). De acordo com o Conselho Tutelar, a situação foi um ‘mal-entendido’ entre a escola e os pais da criança e um relatório sobre o ocorrido será enviado para o Ministério Público, que irá apurar o caso.
A conselheira tutelar Maria Gorete Cardoso, após conversar com os pais da aluna, a professora, a diretora e a vice-diretora da escola, concluiu que houve um desentendimento entre as partes e que a situação deve ser resolvida de forma que a criança não seja prejudicada.
Conforme o relato da diretora ao conselho, dias antes, outra aluna tinha ido a escola usando tranças coloridas e foi levada à diretoria por conta disso.
“Ela foi totalmente descaracterizada, com o cabelo muito vermelho e adereços chamativos. A escola chamou os pais dessa aluna e conversou, explicou para prezar a caracterização da farda, os pais entenderam e foi resolvido o problema”, completou.

De acordo com a conselheira, quando a menina foi para a escola com uma trança colorida, a outra aluna começou a pedir justificativa e criou-se um conflito em sala de aula fazendo com que as duas fossem levadas à direção para que a situação fosse esclarecida.
“Foi dito à aluna que a outra estava usando só uma cor, não era como o dela. A diretora deixou claro que em nenhum momento impediu a criança de entrar na escola por causa do dreads”, informou a conselheira.
A mãe da criança, Alexandra Almeida, procurou o conselho para que acompanhasse a situação. “A mãe entendeu que estavam com racismo com a filha dela. Ela tem razão de se ofender, é mãe e isso não pode acontecer porque já temos uma lei contra o racismo, é uma luta constante”, contou Maria Gorete.

A mãe da menina registrou boletim de ocorrência relatando o caso na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e aluna não estava assistindo aula até que o conselho averiguasse a situação. “Liguei para a mãe e pedi que ela voltasse para a escola, porque eu já conversei com a diretora”, disse a conselheira.
O tio da menina, Welington Silva, afirmou que preocupação da família agora é o estado emocional dela. “Vamos pedir que uma equipe de profissionais oriente a criança, para que ela volte pra escola bem tranquila. Nós da família estamos conversando com ela, e a gente espera que o conselho tenha conversado com a direção”, disse.
“Não queremos ver ela chegar em casa chorando outra vez”, desabafou o tio.
Wellington relatou que depois que o caso ganhou conhecimento público, a criança foi alvo de ‘comentário absurdos’ e que o objetivo da família é defendê-la de qualquer forma de preconceito.
“A gente não está nesta luta por conta de dinheiro. Nós estamos porque somos cidadãos e minha sobrinha é uma ótima aluna, uma ótima pessoa e por isso estamos dispostos a lutar por ela e ensinar ela a se defender de que quem insultá-la com algum tipo de preconceito durante toda sua vida”, finalizou.