Menos cesárea, mais parto normal! Começaram a valer novas regras para diminuir o número de cesarianas no Brasil

A partir desta segunda (6), entram em vigor uma série de medidas para diminuir o número de cesáreas realizadas por meio de plano de saúde.

Por  Ione Aguiar Do Brasil Post 

Com a nova resolução normativa da ANS (agência que regula os planos de saúde), os planos de saúde serão obrigados a divulgar os percentuais de cesáreas e partos normais por médico e por maternidade sempre que solicitados.

Os médicos também serão obrigados a registrar todas as informações do pré-natal no Cartão da Gestante, o que permite que qualquer profissional de saúde tenha conhecimento do histórico da paciente. Isso facilita o atendimento por múltiplas equipes.

Da mesma maneira, todos os dados do parto deverão ser registrados em um partograma, o que é importante para casos em que há troca de médicos durante o trabalho de parto.

Para terem o reembolso dos planos de saúde, as gestantes que optarem por cesarianas mesmo sem indicação médica terão de assinar um termo de consentimento declarando ciência dos riscos que envolvem o procedimento.

Passo importante

Hoje, o número de cesáreas na rede suplementar é alarmante. Quase 85% dos nascimentos acontecem por meio de cirurgia — o índice recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é de, no máximo, 15%.

Isso porque, as cesáreas aumentam em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o bebê, e triplicam o risco de morte da mãe.

Este vergonhoso índice é impulsionado pelo modelo adotado na rede suplementar, em que toda a gestação é centrada em um único profissional.

Com isso, o parto normal se torna “inconveniente” para o médico, já que sua ocorrência é imprevisível e pode ultrapassar as doze horas de duração.

O partograma e o Cartão da Gestante facilitam o atendimento por múltiplas equipes, estimulando o aumento dos partos normais.

“Isso tem uma grande vantagem: o médico que está no plantão não pode sair [até acabar o plantão]. Se ele começa a acompanhar um trabalho de parto e, quando terminar o plantão, a parturiente não deu a luz, ele vai embora. E aí outro médico assume o caso. Essa é uma das razões que faz o serviço público ter menor incidência de cesárea, porque o modelo não é centrado no médico pré-natalista”, explicou o obstetra Jorge Kuhn ao Brasil Post.

As medidas anunciadas pela ANS são bem-vindas porque proporcionam às gestantes maior acesso às informações sobre os riscos envolvidos em um parto cirúrgico. Assim, elas podem realizar uma escolha consciente.

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