Quando criança avistava o som dos atabaques
E aquele som me encantava
Murmurava um amor, uma esperança dentro de mim
De que algum dia aprenderia a tocar
Por Elder Omo Oyá e Omolu, enviado para o Portal Geledés
E assim dito certo, fui escolhido para ser
E para ser o professor de atabaque
Sou filho dos olhos de oxumaré
Sou braço direito de meu pai ogum
Observo o som dos atabaques
A força dos orixás em minha vida
Sou grato por está onde estou
Sou grato por ser esplendido
Sou luz, mas também sou flor
Sou a raiz dos orixás
E eles tocam o meu coração
Me nomearam ''a voz que chamam os deuses''
Mas porque será?
Sou grato aos orixás
Isso eu tenho plena certeza
Canto, canto e recanto
Não me canso de cantar e nem de falar
Nasci para ser o baluarte
O exemplo de minha mãe
A mais pura luz da casa de oxumaré
E deixo aqui o dom aos meus filhos
Para que um dia eles possam desfrutar
Do que realmente ensinei
Aos meus queridos filhos (as)
Longe do ayé
Mas perto de todos no orun
Somos ancestrais
E vivo espiritualmente para vocês
Entre a alegria e a dor
Enfim, sou mistério e amor
ELDER PEREIRA RIBEIRO Pesquisador das Relações de Gênero e Raciais, Área de Concentração: História, Religião e Ancestralidades: Educação nos Terreiros de Candomblé, Cultura e Sexualidade no Contexto Religioso, Ativista e Militante Social, Membro Religioso da FENACAB (Federação Nacional de Culto Afro Brasileiro).