Minha mãe e Luíza Brunet – As Marias

(belas não recatadas e não do lar)

Por Eloa Kátia Coelho Enviado para o Portal Geledés

Luíza Brunet foi corajosa ou simplesmente foi mulher do seu tempo?
Minha mãe também foi corajosa criou 5 filhos, foi mulher do seu tempo!
Por muito tempo tive sentimento profundo de abandono materno.
Até que entendi que ela era vítima de uma sociedade estruturada no patriarcado, no machismo e na lavagem de honra…

Nossa! Que bom que na vida tem este tempo: – Até que…
Por que vítima não pode ser tratada como culpada em hipótese alguma.
Mas infelizmente hoje os tempos são outros, será?
Acho que sim, vejamos…

O tempo foi meu amigo e até que senti e entendi que a coragem dela, minha mãe, estava em trabalhar para garantir as condições favoráveis em ter 5 filhos somente a estudar e estudar e estudar…

Ela colocou comida na mesa e livros na mochila!
Ficaria triste se Luíza Brunet não fosse à mulher do seu tempo…
Porque coragem a gente sabe que ela tem…

E muita, aliás, vem de uma família de muita coragem e muita labuta…
Sabe o que é ser pobre e mesmo rica não negou suas origens e nem escondeu a sua 1ª profissão de babá (doméstica).

Minha mãe não foi babá e nem doméstica era Cozinheira Internacional de forno e fogão, ganhava muito R$…

Se fosse bem administrado seríamos ricos e muito.

Era muito requisitada pelos melhores restaurantes da cidade.

Cozinhar era sua terapia, sua vida e o fazia muito bem.

Mas o que aproxima estas duas mulheres, afinal você deve estar a perguntar?
A relação com que os homens as tratam, as coisificam, ou tão pior como as maltratam ou desfilam como troféu…

Meu pai casou com minha mãe porque ela era linda e muito linda mesmo…
Sei que também gostava dela, mas isto não foi o limite/suficiente para, por vezes, aliás, muitas vezes, desrespeitá-la, inclusive, publicamente.

O preço de sua beleza, baseado no machismo estruturado dava a ele, infelizmente, o direito de ficar incomodado com qualquer olhar que aparecia, afinal ela era bela e beleza é vista por diversos olhos e contemplada por diferentes pessoas, né Luíza?

E isto ao julgamento dele era motivo de violência psicológica, hostil e abusiva pelo fato dela ser bela e ter autonomia econômica.

Ela tinha o que muitas mulheres não tinham a tal da autonomia econômica assim como a Luíza e tantas Marias; Estranhamente esta autonomia econômica ela investiu diretamente, em nós, seus filhos e não nela, por quê?

Ela estava sob o invólucro e/ou envoltório da cultura do seu tempo.
Oprimida colocou sua válvula de escape no trabalho e virou workaholic.
De verdade mesmo convivíamos com ela aos sábados a tarde e domingo o dia inteiro.
Acredito que então o que sobrou, a ela foi se agarrar na maternidade e virar a supermãe.
Muito super mãe…

Ele a queria e a tratava como dono, ele a coisificou no seu tempo.
Este é o patriarcado, o machismo, o princípio da violência doméstica, de relações abusivas e de agressões físicas, Luíza que o diga assim como tantas Marias que estão por aí!
Linda e muito lindas… E daí?

Ele a queria e a tratava como dono, ele a coisificou no seu tempo.
Este é o patriarcado, o machismo, o princípio da violência doméstica, de relações abusivas e de agressões físicas, Luíza que o diga assim como tantas Marias que estão por aí!
Linda e muito lindas… E daí?

Sem voz e sem falas, elas se esquecem da vida colorida e perdem suas próprias identidades.
Na maioria das vezes viram co-dependentes do seu agressor, muito parecido com a síndrome de Estocolmo; Esta opressão desencadeia baixa estima, inseguranças, fobias, transtornos afetivos, transtornos psíquicos assim como altos índices alarmantes de suicídios.

Sem voz e sem falas, elas se esquecem da vida colorida e perdem suas próprias identidades.
Na maioria das vezes viram co-dependentes do seu agressor, muito parecido com a síndrome de Estocolmo; Esta opressão desencadeia baixa estima, inseguranças, fobias, transtornos afetivos, transtornos psíquicos assim como altos índices alarmantes de suicídios.

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