Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, o que vai e o que fica!

A questão aflitiva é que mulheres, negros, grupos étnicos não-hegemônicos, adolescentes marginalizados, pessoas em situação de vulnerabilidade nunca tiveram lugar garantido no panteão dos ministérios que importam. É como se estivessem mesmo assentadas no ar, no vento

Por Cidinha da Silva Do Portal Fórum

Eis que na dança política de acomodação da base aliada, sujeitos políticos depauperados no campo da conquista de direitos, de um modo geral, perderam suas cadeiras. Como na brincadeira infantil, quem vai ao ar perde o lugar, quem vai ao vento, perde o assento.

A questão aflitiva é que mulheres, negros, grupos étnicos não-hegemônicos, adolescentes marginalizados, pessoas em situação de vulnerabilidade nunca tiveram lugar garantido no panteão dos ministérios que importam. É como se estivessem mesmo assentadas no ar, no vento. Por isso foi possível propor um genérico qualquer para aglutinar os sem-cadeira, o natimorto Ministério da Cidadania.

Na disputa política, entretanto, a lucidez de alguém deve ter lembrado que nos nomes das antigas secretarias com status de ministério estava explícita a promoção de políticas para as mulheres, para a igualdade racial e para salvaguardar os direitos humanos. Por conseguinte, três temas tão grandiosos não poderiam ser diluídos no evasivo Ministério da Cidadania, nome que teria cabido como luva nos governos Sarney, Collor, FHC.

Alguém deve ter lembrado também que os nomes antigos eram símbolos plenos de lutas políticas travadas pela visibilidade e empoderamento dos sujeitos e suas histórias. Premidos pela sensatez, os luminares optaram pelo mal menor, ou seja, consignaram o artifício semântico de juntar os nomes antigos num único ministério, para demarcar a sobrevivência temática dos pequenos no jogo dos grandes. Assim, a solução foi dar a cada ente um terço de um assento na dança das cadeiras.

Por meio de mal disfarçada estratégia de marketing, o Governo manteve a simbologia política dos nomes das extintas secretarias no novo ministério; disfarçou o esvaziamento de poder das três pastas que, sem sombra de dúvidas, individualmente eram mais fortes. De quebra, a fusão camuflou a esqualidez orçamentária que as três secretarias enfrentavam e que permaneceu no Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Foram três coelhos numa cadeirada só.

 

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