Mirian França é uma mulher negra cientista, que dedica-se a salvar vidas

O militante brasileiro dos Direitos Humanos  da Universidade de Brasília, Ivair Alves dos Santos escreve

 por Arísia Barros em Raízes da África

Há mais de  duas semanas, Mirian França está presa numa cela com outras pessoas, com aquele cheiro insuportável das prisões. È um cheiro de sujeira, de limpeza mal feita. O local onde as pessoas são colocadas sob custódia, na cabeça da polícia deve ser um lugar feio ,sujo, mal cuidado, pois preso, mesmo na condição de suspeito, merece o pior tratamento.

No Brasil deve existir no máximo uma cinco mulheres negras que conseguiram, nesse momento, estar fazendo o curso de doutorado em Farmácia, em uma das mais tradicionais e prestigiosas universidades públicas do país. Mirian França é uma delas. Uma cientista, é sempre bom lembrar

Magra de constituição muito frágil, se alimentando mal, esta cientista negra acredita na justiça, mas está vivendo o maior pesadelo de sua vida. Em uma cela, num lugar onde ninguém a conhece, e com saudades da família e dos amigos do Rio de Janeiro.

Ela sofre em silêncio, chora escondida, pensa nos livros de, microbiologia, bioquímica, de farmácia e nos artigos que estavam no computador para serem lido depois. Pensa no laboratório nos testes em microbiologia que deveria estar fazendo. E pensa que se tivesse um computador poderia ser mais fácil, mas agora ela não tem nada, nem o respeito à sua dignidade como ser humano.

Ela faz parte da equipe do Laboratório de Inflamação da UFRJ, que está trabalhando “concentrado no estudo do papel de mediadores solúveis e células da imunidade inata em processos inflamatórios, alérgicos e infecciosos, e no desenvolvimento tumoral. Estes estudos permitirão o claro posicionamento destes componentes durante estes processos e indicarão novas oportunidades terapêuticas”.

Mirian França é uma mulher negra cientista, que dedica-se a salvar vidas, a criar processos terapêuticos que diminuam a dor e o sofrimento das pessoas, doentes e com tumores. E ela está presa numa cela imunda, fedorenta, onde a polícia cearense não consegue reconhecer a linda e heroica trajetória de uma mulher negra, pobre que viveu 9 anos nos alojamentos da Universidade e agora tornou-se uma cientista negra brasileira.

Esta semana teremos que nos mobilizar, junto aos advogados negros, ao movimentos de mulheres negras, ao movimento negro do Ceará, aos ativistas dos direitos humanos e mobilizar Brasília para que também se manifeste. As Secretarias da Mulher e Direitos Humanos da Presidência da República precisam se manifestar.

Fonte: https://ivairs.wordpress.com/2015/01/11/domingo-da-cientista-negra-mirian-franca-na-prisao-do-ceara/

+ sobre o tema

Pedagogia de afirmação indígena: percorrendo o território Mura

O território Mura que percorro com a pedagogia da...

Aluna ganha prêmio ao investigar racismo na história dos dicionários

Os dicionários nem sempre são ferramentas imparciais e isentas,...

Peres Jepchirchir quebra recorde mundial de maratona

A queniana Peres Jepchirchir quebrou, neste domingo, o recorde...

Apenas 22% do público-alvo se vacinou contra a gripe

Dados do Ministério da Saúde mostram que apenas 22%...

para lembrar

Jovem preta é afastada de bebê após nascimento em maternidade de Florianópolis

Manifestantes fizeram um ato na tarde desta sexta-feira (30),...

Pelourinho recebe Festival de Afoxés em homenagem a mulher negra

Um desfile de cores e ritmos marcou a noite...

Mãe denuncia agressão de segurança contra filho em shopping

A farmacêutica química Josi Sousa usou o perfil dela...
spot_imgspot_img

Peres Jepchirchir quebra recorde mundial de maratona

A queniana Peres Jepchirchir quebrou, neste domingo, o recorde mundial feminino da maratona ao vencer a prova em Londres com o tempo de 2h16m16s....

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a advogada Vera Lúcia Santana Araújo, 64 anos, é...

Ela me largou

Dia de feira. Feita a pesquisa simbólica de preços, compraria nas bancas costumeiras. Escolhi as raríssimas que tinham mulheres negras trabalhando, depois as de...
-+=