‘Mona Lisa africana’ é vendida por mais de R$ 5 milhões, em Londres

A obra apelidada de “Mona Lisa africana”, que se tornou ícone na Nigéria, foi vendida em um leilão em Londres por 1,2 milhão de libras esterlinas (R$ 5,3 milhões), valor quatro vezes maior que o estimado.

no O Globo 

Quadro foi negociado por valor quatro vezes maior que o estimado – BEN STANSALL / AFP

O quadro, um retrato da princesa Ife Adetutu Ademiluyi, conhecida como Tutu, foi pintado em 1974 pelo artista nigeriano Ben Enwonwu e estava orçado em algo entre 200 mil e 300 mil libras (R$ 894 mil e R$ 1,3 milhão). O montante final marcou um recorde para trabalhos do pintor.

“O retrato de Tutu é um ícone nacional na Nigéria e tem grande significado cultural. Estou contente que isto tenha provocado tanto interesse e estabelecido um novo recorde para o artista”, comentou Giles Peppiatt, diretor de arte moderna africana da casa Bonhams.

Perdido de vista após ter sido exposto pela última vez em 1975, o retrato de Tutu foi encontrado em um apartamento de Londres e acabou negociado nesta quarta-feira.

“Eu a considero a Mona Lisa africana”, disse à agência France Presse o escritor nigeriano Ben Okri, premiado com o Booker Prize. “Há 40 anos é uma pintura lendária, todo mundo falava dela e se perguntava ‘onde está Tutu’?”.

O artista “não representou simplesmente a jovem, representou toda a tradição (nigeriana). É um símbolo de esperança e de regeneração na Nigéria, ou seja, o símbolo da (ave) fênix renascendo de suas próprias cinzas”, acrescentou Okri.

Ben Enwonwu pintou três versões diferentes de Tutu. Os três quadros estavam desaparecidos, até que Giles Peppiatt encontrou um deles na casa de particulares que o haviam contatado em função do sucesso das vendas de arte nigeriana.

“Entrei naquele apartamento londrino e o vi pendurado na parede. Era a última coisa que esperava encontrar ali”, comentou Peppiatt à AFP.

Os quadros de Tutu se tornaram símbolos de paz após a guerra civil na Nigéria no fim dos anos 1960.

“A modelo é iorubá, e Ben Enwonwu era igbo, portanto pertenciam a diferentes etnias. Foi um símbolo importante de reconciliação (no país)”, explicou à AFP Eliza Sawyer, especialista no departamento de arte africana da Bonhams.

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