Moradores da Maré querem desculpas do governo pela operação policial

Moradores do Complexo da Maré querem um pedido oficial de desculpas do governo do estado do Rio e da Secretaria Estadual de Segurança Pública pela operação policial que deixou nove mortos, incluindo um sargento da Polícia Militar, na comunidade; eles anunciaram uma manifestação para a próxima terça-feira, a partir das 17h, que fechará trecho da Avenida Brasil – principal via de ligação entre o centro e as zonas norte e oeste

 

Os moradores do Complexo da Maré querem um pedido oficial de desculpas do governo do estado do Rio e da Secretaria Estadual de Segurança Pública pela operação policial que deixou nove mortos, incluindo um sargento da Polícia Militar, na comunidade. Hoje (26), grupo de moradores fez ato em frente à secretaria em protesto contra a ação e para denunciar excessos por parte dos policiais.

Os moradores anunciaram uma manifestação para a próxima terça-feira (2), a partir das 17h, que fechará trecho da Avenida Brasil – principal via de ligação entre o centro e as zonas norte e oeste. O objetivo é chamar a atenção para o transtorno que as operações policiais causam na vida dos moradores da Maré.

O clima de tensão na favela Nova Holanda, na Maré, começou no fim da tarde de segunda-feira (24) depois que a Polícia Militar entrou na comunidade em busca de homens que aproveitaram uma manifestação para promover um arrastão, roubar mercadorias de lojas e assaltar motoristas que passavam pela Avenida Brasil. Houve confrontos com traficantes de drogas.

Segundo o diretor da organização não governamental Observatório de Favelas, Jaílson de Souza, que atua na Maré, os moradores de comunidades pobres do Rio têm sido vítimas de uma política que funciona na “lógica da guerra”. Na avaliação dele, o Estado precisa ser “pacificado”, por meio da desmilitarização da Polícia Militar e “do combate às armas em vez de o combate às drogas”.

“O governo estadual foi eleito com a estratégia de polícia de pacificação”, disse Jaílson. “São nove mortes em um país onde não existe a pena de morte”, completou.

De acordo com Shirley Resende, da organização não governamental Redes de Desenvolvimento da Maré, que mora na comunidade, a ação da polícia foi irresponsável e em represália à morte de um policial. “A polícia ameaçou moradores, invadiu casas, usou bombas de efeito moral, gás de pimenta e matou com bala na cabeça”, disse a pesquisadora.

Jaílson lembrou que a Maré, com aproximadamente 140 mil pessoas, é densamente povoada. Segundo ele, o risco de uma bala atingir um morador é grande e, por outro lado, um policial militar, que é obrigado a trabalhar obedecendo a regras dentro dessa linha de atuação, também está em risco. “Uma mudança paradigmática da política é necessária”, disse.

O governo do estado, por meio da Secretaria de Segurança, disse que as mortes estão sendo investigadas pela Polícia Civil e que os locais dos crimes foram preservados.

Tiros atingiram transformadores de energia e a comunidade ficou sem luz desde a noite de segunda-feira até a manhã de hoje (26), quando a energia foi restabelecida. Nos dias da operação, poucos alunos compareceram às aulas nas escolas estaduais e municipais.

Quem vai protestar contra o assassinato de inocentes na Favela da Maré?

Fonte: Agência Brasil

+ sobre o tema

Mulher que ofendeu professoras responde por racismo e injúria racial em MG

Inquérito da Polícia Civil concluiu que houve a prática...

Ebook – Violência Racial

               ...

Médica sofre racismo por usar dreads

Sugerido por Fernando J. Ofensiva Negritude - Facebook, no GGN   Boa...

para lembrar

OAB homenageará inocente mantido preso por três anos sem julgamento

Por CombateRacismoAmbiental Revista Consultor Jurídico - O Conselho Federal da Ordem dos...

E os “brancos” do candomblé’?

A intolerância religiosa, nos últimos vinte anos, aparece como...

Judiciário precisa frear racismo nas abordagens policiais

Uma decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte...
spot_imgspot_img

X se assemelha a cidade sem lei

Faz poucos dias, o IBGE apresentou ao país as projeções atualizadas da população. Território inteiro, grandes regiões, todas as 27 unidades da Federação, 100% dos 5.570...

‘Gay não opina aqui’: estudante de 14 anos denuncia que sofreu injúria racial e homofobia de colegas de escola na Zona Sul do Rio

Um estudante de 14 anos foi alvo de injúria racial e homofobia por parte de colegas de turma do Colégio pH, no campus de...

Abordagens por reconhecimento facial têm 10% de falsos positivos, diz PM na Alerj

As abordagens conduzidas pela Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) com o uso do sistema de reconhecimento por biometria facial tiveram uma taxa de falsos...
-+=