Moradores das favelas sonham com casa e negócio próprios em 2020, mas sem otimismo por segurança

Estudo do Data Favela mostra que moradores desses conglomerados estão otimistas de que realizarão, por conta própria, os principais sonhos pessoais e profissionais. Mas creem que os votos coletivos, como o de menos violência, não se concretizarão

por Beatriz Jucá no El País

Imagem da comunidade da Chatuba, no Rio de Janeiro, em julho deste ano.RICARDO MORAES (REUTERS)

Enquanto o país tenta lidar com a crise econômica, nas favelas brasileiras, onde a crise sempre existiu, é o otimismo que prevalece para o ano que começa: oito de cada dez moradores acreditam que a vida em 2020 será melhor, seja com respeito às finanças, à saúde ou às relações familiares. Mas a sorte não depende de Governos para 64% deles: ela virá, principalmente, do esforço próprio. Tornar-se um empreendedor é a principal expectativa profissional, ao lado da conquista da casa própria no âmbito pessoal. Os dados fazem parte da maior pesquisa desenvolvida até hoje no Brasil sobre favelas, onde moram 13,6 milhões de brasileiros —pouco mais de 6% da população do país. E os números mostram que se a esperança de realização dos desejos pessoais e profissionais é alta, a de conquistar um sonho coletivo para a comunidade, como mais segurança para os moradores, é baixa. Apenas 28% das pessoas têm certeza que os sonhos para a comunidade serão alcançados.

O levantamento foi realizado em dezembro deste ano em mais de 60 favelas de todos os Estados do país pelos institutos Data Favela e Locomotiva, em parceria com a Central Única das Favelas (CUFA) e a Comunidade Door. Moradores das próprias comunidades foram treinados para a realização da pesquisa, contribuindo com a elaboração das perguntas, a coleta de informações por meio de 2.006 entrevistas e a interpretação dos dados. “A favela continua otimista com relação ao futuro, como já apontavam pesquisas anteriores. Isso tem a ver com o fato de que a crise é regra na favela, não exceção. O otimismo tem muito mais a ver com a confiança no seu esforço do que com uma solução mágica vinda de fora”, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. Mas se, em 2013, 94% dos moradores davam nota de 8 a 10 para sua felicidade, neste ano de 2019 o percentual caiu para 74%.

Leia na Integra no El País

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