O Núcleo de Dramaturgia da Escola Livre de Teatro de Santo André realiza, desde o começo do ano, uma pesquisa sobre textos performativos, tendo como base os estudos de Leda Maria Martins, Paul Zumthor, Jacques Rancière, David Kopenawa e Amadou Hampâté Bâ. A partir destes materiais, propomos realizar apresentações de textos performáticos curtos, criados, desenvolvidos, dirigidos e encenados pelos/pelas aprendizes do Núcleo, tendo como base central a figura de Rosa Maria Egipcíaca de Santa Cruz, primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil, intitulado: “Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas”, publicado no século XVIII.
Como parte do projeto Dramaturgias 2, do Sesc Ipiranga, do dia 5 a 26 de novembro a unidade abriga a Mostra do Núcleo de Dramaturgia da Escola Livre de Teatro de Santo André, orientada pela artista Dione Carlos (foto).
Encenadas por aprendizes da icônica escola pública prestes a completar 30 anos, as criações programadas para hoje são: ‘Sete feras na coleira’, de Joy Salu; ‘Rosa Maria Egipcíaca de Vera Cruz’, de Machado; e ‘Será que ele vem?’, de Ametonyo Silva. Os textos performáticos curtos foram concebidos a partir da figura de Rosa Maria Egipcíaca de Santa Cruz (1719-1778), autora africana de ‘Sagrada teologia do amor divino das almas peregrinas’, livro publicado no século XVIII e considerado o mais antigo escrito por uma mulher negra na história do Brasil.
26/11
ROSA, IGUAL NOME DE FLOR – de Dimitri Luppi Slavov
Do pouco que sabemos da história de vida de Rosa Egipcíaca um fato me chamou a atenção: quem foi Rosa antes de ser sequestrada e vendida como escravizada para o Brasil? Essa lacuna temporal que compreende desde o seu nascimento até aproximadamente seus 06 anos de idade, foi o papel em branco onde foi escrita essa tentativa de se elaborar uma cena – talvez poética – sobre a primeira parte da vida de Rosa.
PERJÚRIO – de Arthur Murtinho
Em 1763, Santa Rosa Egipcíaca é levada para o Tribunal da Inquisição em Lisboa. Aguardamos a sentença. Os juízes chegam em seu veredito final, no entanto algo permanece no ar.
OS SONS QUE OS SINOS NÃO ENTOAM – de Daiany Pontes
Todos os dias Rosa coloca-se a tecer um grande tecido branco. Enquanto tece é atravessada pelo movimento da agulha, do sino e de tudo que a cerca, pois tudo que a cerca é memórias-movimentos. O passado faz prólogo para o presente. O presente é o passado que se faz presente. O amanhã é a ponte que tece prólogo-presente-amanhã. O amanhã é agora, são raízes.
ROSA: O INÍCIO DO FIM – de Adriana Miranda
O arrebatamento dá início ao fim dos tempos na terra, e a escolha de quem não participará do trágico fim do mundo será feita em um jogo, onde o prêmio será o descanso eterno ao lado de deus em um bom e velho samba.
OBS: Neste dia haverá a participação do Núcleo de Musicalização da artista Valquíria Rosa: Musicalização a partir das culturas originárias do Brasil.
Local: Teatro
Retirada de ingressos 1 hora antes da bilheteria da unidade.