Representantes de diversas entidades do Movimento Negro baiano foram enfáticos aos afirmar que a fusão das secretarias da Mulher, Igualdade Racial e Direitos Humanos que agora estão reunidas no Ministério da Mulher, Igualdade Racial e Direitos Humanos, representa um retrocesso na “luta histórica dos movimentos sociais”.
Por Luiz Fernando Lima, do A Tarde
A junção dos três ministérios fez parte da reforma administrativa anunciada nesta sexta-feira, 2, pela presidente Dilma Rousseff. Ao todo, foram extintos ou fundidos 8 ministérios, saindo dos 39 para 31 pastas no Governo Federal.
Mesmo ficando sob o comando da então ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Nilma Lino Gomes, e tendo o ex-pró-reitor da Universidade Federal do Reconcâvo, o baiano Ronaldo Barros como secretário nacional de Igualdade Racial, o novo desenho administrativo não agradou aos militantes baianos.
Um ato de repúdio à mudança foi realizado na Senzala do Barro Preto, sede do Bloco Afro Ilê Aiyê, no Curuzu. O local foi o mesmo onde as entidades declararam apoio à então candidata Dilma Rousseff em 2014.
Indignação
A socióloga Vilma Reis, diz que os três ministérios são essenciais. “Não tem como reduzir o papel de nenhuma destas três pastas. São estratégicas como qualquer outro ministério. Nós (movimento negro) estamos falando de 52% da população brasileira. Não pode pegar três questões estratégicas e colocar numa única pasta. Não tem quem dê fôlego. Não se consegue definir uma escala de prioridade.
O vereador de Salvador, Sílvio Humberto (PSB), afirma que a fusão representa o retorno para a agenda defendida antes do governo Lula.
“Se tinhamos alguma ideia de que havíamos chegado num ponto de acomodação, agora, mais do que nunca é preciso sair. Porque o racismo não tira férias. E se ele não tira férias, cabe a todos nós usarmos a capacidade de mobilização para ter força política e assegurar as mudanças”.
Posse
Nilma Lino toma posse no ministério na próxima terça-feira. Ronaldo Barros também assume as funções na secretária nacional no mesmo dia.
Em nota, a Seppir informa que só haverá pronunciamento oficial após a posse e reorganização, mas assegura que “todas as políticas de promoção da igualdade racial, promoção dos direitos humanos e das mulheres serão mantidas”.